Sífilis materna e congênita em Hospital Universitário de Capital de um Estado do Nordeste brasileiro um desafio para o sistema de saúde do Brasil.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5327/JBG-2965-3711-2024135126%20

Palavras-chave:

gravidez, sífilis, infecção congênita

Resumo

Introdução: A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica causada por uma bactéria do gênero spirochaeta e da família espitoquetácea denominada Treponema pallidum, que, quando não tratada ou tratada inadequadamente poderá apresentar uma evolução crônica, a infecção pode ser assintomática e nesse caso o seu diagnóstico somente será possível através da sorologia específica. OBJETIVO: Determinar o perfil de sífilis na gestação e a taxa de sífilis congênita em grávidas admitidas na maternidade do HUPAA. MÉTODOS:  Estudo transversal, de caráter retrospectivo, descritivo, analisando 93 prontuários de gestantes portadoras de sífilis e 304 de recém-nascidos com sífilis congênita internados no setor de neonatologia do Hospital Universitário Universidade Federal de Alagoas no período de 2013 a 2016. RESULTADOS: A incidência de sífilis em gestantes que foram atendidas no HUPAA foi: 13 casos em 2013, 23 casos em 2014, 32 casos em 2015 e 25 casos em 2016; totalizando noventa e três casos no período de quatro anos de estudo. Das 93 gestantes estudadas, todas realizaram consultas de pré-natal, entretanto 40 casos tiveram o diagnóstico de sífilis fora da consulta do pré-natal, isto é, no ato da internação hospitalar, enquanto 53 realizaram o diagnóstico por ocasião da consulta pré-natal. Considerando a escolaridade 67,7% das mães com sífilis tinham baixa escolaridade, isto é, tinham cursado da 5ª à 8ª série incompleta, sendo que desse percentual 8,6% não tinham escolaridade. Analisando a sífilis congênita no Setor de Neonatologia foi observado 73 casos no ano de 2013, 109 em 2014, 72 em 2015 e 50 casos em 2016, totalizando 304 casos novos de sífilis adquirida através da transmissão vertical. Em relação ao tratamento do parceiro sexual do total das 93 grávidas com sífilis, a ausência de tratamento foi maioria com 77 casos, enquanto 16 casos receberam tratamento. CONCLUSÕES: O número de RN com sífilis congênita no presente estudo no período de quatro anos foi cerca de 3,2 vezes mais do que as gestantes com sífilis no mesmo período do presente estudo, justificado pela presença de RN na casuística que nasceram em outras maternidades da rede pública e foram encaminhadas para tratamento no Setor de Neonatologia. Chama a atenção é a taxa alarmante de crianças que nasceram com sífilis no período desse estudo (31,7/1000 nascidos vivos). As falhas determinantes para as referidas taxas elevadas de sífilis estão bem estabelecidas: diagnóstico tardio (durante admissão hospitalar), parceiro não tratado e falha no sistema de saúde (desconhecendo a situação de tratamento do parceiro das gestantes).

 

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Publicado

2025-06-10

Como Citar

Rocha, J. E. S. da ., Silva, M. C. ., Lima, T. H. B. de ., Gonçalves, M. A. C. ., Rocha, E. A. S. da ., Albuquerque, I. D. M. T. ., & Silva, R. R. . (2025). Sífilis materna e congênita em Hospital Universitário de Capital de um Estado do Nordeste brasileiro um desafio para o sistema de saúde do Brasil. Jornal Brasileiro De Ginecologia, 135. https://doi.org/10.5327/JBG-2965-3711-2024135126

Edição

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Artigos Originais