https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311102
Marina Hübner Freitas dos Santos Silva Machado1, Aryane Ferraz Cardoso Pacheco1
1Universidade Iguaçu
Introdução: A diabete
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311103
A importância do diagnóstico diferencial diante da proteinúria na gestação: um relato de caso de síndrome nefrótica
Catharina Maria Facciolli Blum1, Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa1, Paula Faria Campos1, Lorena da Silva Rosa1, Carolina Genaro Pultrin1, Enzio Galvão Diniz Torreão Braz1
1Hospital Materno Infantil de Brasília
Introdução: A síndrome nefrótica (SN) é classicamente definida por proteinúria severa, hipoalbuminemia, hiperlipidemia e edema. Na gestação ocorre o aumento fisiológico da taxa de filtração glomerular e da proteinúria, que é considerada anormal quando ultrapassa 0,3 g/dia. Embora dados sobre a prevalência da SN na gestação sejam escassos, é comum a associação entre pré-eclâmpsia (PE) e proteinúria nefrótica. Diante de quadros clínicos de proteinúria, edema e hipertensão, é desafiador fazer o diagnóstico diferencial entre PE isolada, SN nefrogênica e SN com PE sobreposta. O diagnóstico preciso e tempestivo é fundamental, pois o manejo e o prognóstico materno-fetal são distintos. Relato de caso: W.C.S., 23 anos, primigesta, 21 semanas e 5 dias, previamente hígida, deu entrada na maternidade com queixa de edema de membros inferiores (MMII) há um mês, evoluindo com anasarca e pico hipertensivo há um semana. Exame físico: estado geral regular, hipocorada e com discreto edema palpebral. Abdome globoso, gravídico, com sinais de ascite. Edema de MMII 4+/4+, simétrico. Pressão arterial de 130×88 mmHg. Exames laboratoriais mostraram: hipoalbuminemia severa (1,4 g/dL), proteinúria nefrótica (relação proteína/creatinina urinária =11,4) e hipertrigliceridemia (577 mg/dL). Durante a internação, a paciente foi acompanhada pela nefrologia e foram investigadas causas da SN. Foi excluído inicialmente lúpus eritematoso sistêmico pela ausência de critérios diagnósticos. Hepatites B e C foram excluídas, por sorologia, assim como malformações nos rins e vias urinárias, por ecografia. O tratamento proposto foi prednisona 1 mg/kg/dia, anticoagulação profilática com enoxaparina, furosemida e medidas de suporte clínico. A paciente teve evolução clínica favorável, apresentando normotensão e ausência de disfunção renal, de modo que se optou por não realizar a biópsia renal e manter a abordagem conservadora. Durante o acompanhamento ambulatorial, com 29 semanas, detectou-se crescimento intrauterino restrito estágio 1 pelo protocolo de Barcelona. Foi realizado controle ecográfico semanal e foi indicada a interrupção da gestação com 37 semanas. O parto cesáreo ocorreu sem intercorrências, e paciente e recém-nascido receberam alta hospitalar em boas condições. Conclusão: Este relato contribui para reforçar a importância do tratamento individualizado e do acompanhamento multidisciplinar, resultando em um bom desfecho materno-fetal. Dada a precocidade da detecção das alterações clínicas e laboratoriais, sem etiologia definida, optou-se por corticoterapia, com controle e mitigação da patologia materna. Não há evidências na literatura sobre vantagens da realização de biópsia renal em todos os casos. Sangramento e hematoma renal são possíveis complicações, devendo-se avaliar os riscos e benefícios desse procedimento. Por fim, é de suma importância monitorizar o crescimento fetal, bem como alterações na dopplerfluxometria, a fim de indicar a interrupção da gestação no momento mais oportuno.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311104
A malária durante a gravidez
Davi Rogienfisz Mendes1, Raíssa Maria Duarte Moreira1, Ana Luiza Vargas Espadim1
1Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos
Introdução: A malária é uma doença febril infectoparasitária causada pelo protozoário do gênero Plasmodium. Sabe-se, atualmente, que em regiões em que a malária é endêmica, a sua infecção em mulheres grávidas tende a ser a principal causa de mortalidade materna e anemia, além de ser responsável por outras complicações da gravidez, tais como aborto espontâneo, nascimento prematuro, baixo peso da criança ao nascer e mortalidade neonatal. Objetivo: Este trabalho objetiva revisar os dados e informações disponíveis sobre a infecção por malária na gravidez e compreender seus principais efeitos. Métodos: Para a realização deste artigo, foram utilizadas as bases de dados PubMed,
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311105
A relação entre aborto e as complicações gestacionais associadas às malformações uterinas maternas
Nathan Bardini Anhê1, Maria Cecília Gonçalves Martins1, Marina Trevizan Guerra1
1Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Introdução: As malformações uterinas congênitas são anormalidades causadas por fusão embriológica defeituosa ou falhas na recanalização dos ductos mullerianos na formação da cavidade uterina normal. Tais anormalidades podem ser associadas com desfechos gestacionais desfavoráveis na vida adulta. A interrupção da gravidez antes do período entre a 20ª e a 22ª semana gestacionais ou com peso fetal inferior a 500 g caracteriza-se como abortamento. Conforme a legislação brasileira, o aborto induzido é considerado crime, exceto quando a gravidez representa risco de vida para a gestante, estupro e feto anencéfalo. Por conta da falta de respaldo legal para o aborto, muitas mulheres procuram serviços clandestinos, em geral, sem a infraestrutura necessária para a operação e sem um profissional capacitado, o que culmina em resultados desfavoráveis, como malformações uterinas iatrogênicas e até morte. Objetivo: Determinar qual o impacto das malformações uterinas maternas no que tange às complicações gestacionais e ao aborto. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura com o uso os descritores “congenital abnormalities”, “abortion” e “uterus” na base de dados PubMed. Do total de 59 artigos encontrados, referentes aos últimos cinco anos, apenas 18 adequaram-se à proposta deste trabalho (critérios de exclusão: fuga do tema e repetições em periódicos). Resultados e conclusão: Entre os artigos selecionados, as malformações que mais sobressaíram foram: útero em T, útero bicorno, útero em chifre, síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich, útero septado e malformações arteriovenosas (MAV). Tais patologias, muitas vezes tardiamente diagnosticadas por falta da realização de exames de imagem, levaram a abortos sem causa definida principalmente durante o segundo semestre de gravidez. Em comparação com uma mulher de útero normal, foram encontrados índices até 37% maiores de aborto espontâneo, 8,9% a mais de gravidezes ectópicas, 41,8% a mais de cesáreas e 7,3% a mais de perdas recorrentes na gestação do que em pessoas com útero anatomicamente normal. As MAV podem ser causadas por dois tipos principais de etiologias, uma iatrogênica e outra durante o desenvolvimento intrauterino desses vasos, e podem causar, na idade adulta, prejuízos ao tecido uterino e até abortamentos tardios. Em relação ao útero septado, a taxa de abortamento apresentou-se 42% maior em relação às mulheres com cavidade uterina normal. Estudos apontaram, ainda, que o diagnóstico precoce seguido de tratamento adequado culminou na redução dos desfechos desfavoráveis, como abortamento e parto prematuro. Os achados mostraram que as anormalidades congênitas, como útero unicórnio, útero em T e malformações arteriovenosas (congênitas ou adquiridas) tiveram maiores índices de abortos e complicações gestacionais, mesmo em casos de reprodução assistida.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311106
Abordagem multidisciplinar do acretismo placentário com colocação de duplo J e embolização pré-cesárea/histerectomia
Talissa Lima Tavares1, Luciana Dalva Moutinho de Moura1, Carolina Loyola Prest Ferrugini1, Cleverson Gomes do Carmo Junior1
1Universidade Federal do Espírito Santo
Introdução: A placenta acreta (AP) é uma condição patológica de placentação grave associada a parto prematuro e alto risco de hemorragia obstétrica maciça intraparto que afeta a saúde materna em todo o mundo. Na última década, estudos mostraram que o crescimento dos casos da AP é atribuído ao aumento da prevalência de parto cesáreo, e o diagnóstico pré-natal demonstrou diminuir a morbidade materna, tornando-se essencial para melhorar o manejo. Contudo, o envolvimento vesical e/ou de vasos pélvicos pode ocorrer, embora seja raro, resultando em mortalidade materna e fetal expressiva. Relato de caso: Paciente com 31 anos, G5 P5C A0, sem comorbidades, iniciou pré-natal de risco em função de quatro cesáreas prévias e, durante acompanhamento, foi diagnosticada com placenta prévia. Com 30,5 semanas, apresentou quadro de sangramento vaginal com duração inferior a 24 horas, sem outros sintomas associados, e compareceu ao pront-socorro do Hospital Universitário, onde foi internada. Evidenciaram-se por meio de ressonância magnética e ultrassonografia placenta prévia total, acrestimo placentário e suspeita de vasa prévia. Durante a internação realizaram-se dois ciclos de betametasona, e com 34,1 semanas foi indicada a interrupção por cesariana após o planejamento do manejo com uma equipe multidisciplinar. Previamente à cirurgia, um cateter duplo J foi inserido pelo urologista e logo em seguida a equipe de hemodinâmica inseriu um cateter em artérias uterinas para embolização, sem intercorrências. Procedeu-se à histerectomia total, na qual se visualizou acretismo placentário sem evidência de invasão a órgãos adjacentes, e a aderência em útero e bexigas foram desfeitas sem necessidade de embolização das artérias uterinas. Conclusão: A forte associação com cesárea e curetagem prévias ocorre pela formação de uma cicatriz que propicia a inserção inadequada da placenta. Feito o diagnóstico de acretismo placentário e possível invasão da bexiga, a conduta aplicada será a histerectomia total abdominal. É de extrema importância uma equipe multidisciplinar composta de obstetra, cirurgião vascular intervencionista, urologista e transfusionista nesses casos. As complicações incluem sangramento excessivo, coagulação intravascular disseminada, secção ou transfixação de um dos ureteres, sendo necessário segura hemostasia e drenagem da cavidade abdominal e, em alguns casos, passagem profilática de um
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311107
Acretismo placentário com invasão extensa de estruturas adjacentes: um relato de caso
Berta Vaz Andrade de Faria Pereira1, Júlia Raquel Silva do Ó2, Deon Vinicius Moreira Pimentel1, Daniela Textor1, Fabiana Chaveiro Gomes1, Marina Araújo e Rocha1
1Hospital Materno Infantil em Goiânia
2Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Introdução: O acretismo placentário (AP) é definido pela inserção anormal da placenta, à qual o vilo placentário adere profundamente, atingindo o miométrio e até órgãos adjacentes. Uma complicação importante é a hemorragia maciça pós-parto, mas ele pode cursar com ruptura uterina anteparto, falência de múltiplos órgãos e histerectomia total (HT) de emergência, evoluindo com até 10% de mortalidade materna. Relato de caso: I.M.B.S., 34 anos, G4P2CA1, foi encaminhada ao Hospital Materno Infantil em Goiânia (HMI) com hipótese diagnóstica de placenta prévia (PP) e AP, em uso de sintomáticos e hidratação venosa (HV) de manutenção. Gestação de feto único, idade gestacional de 36 semanas e 6 dias, com queixa de hematúria há dois dias confirmada no exame de sedimentos anormais da urina. Na ultrassonmografia (USG) de vias urinárias com
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311108
Adenoma hipofisário não funcionante na gravidez
Suelem Pereira da Cruz1, Samia Insaurriaga Jundi1, Gildo da Cruz Lopes1, Luciano Antonio Marcolino1, Mônica Gomes de Almeida1
1Hospital Universitário Antônio Pedro
Introdução: O adenoma hipofisário não funcionante é um tumor benigno, geralmente de crescimento lento, sem evidência de hipersecreção hormonal. Apesar de incomum, esse tipo de lesão pode surgir durante a gestação. Em geral é assintomático. Quando presentes, as manifestações clínicas mais comuns estão relacionadas ao efeito de massa causado pelo tumor, como alterações visuais e cefaleia. Relato de caso: Primigesta de 27 anos, com 30 semanas de gestação, foi encaminhada ao hospital terciário por redução da acuidade visual e cefaleia retro-orbitária iniciadas durante a gestação. Ressonância nuclear magnética de crânio revelou formação expansiva lobulada na sela túrcica, medindo 29x30x19 mm. A lesão tinha extensão suprabasilar, rechaçando o quiasma óptico e tocando a carótida intracraniana esquerda, compatível com macroadenoma hipofisário e possível sangramento. A função hipofisária era normal, e a hipótese diagnóstica era de adenoma hipofisário não secretor. A avaliação fetal revelou peso abaixo do esperado para a idade gestacional, sem outras alterações. Iniciou-se corticoterapia para a maturação pulmonar fetal. Com 31 semanas de gestação, foi realizada neurocirurgia transesfenoidal para a ressecção do tumor. A paciente foi medicada com hidrocortisona durante a indução anestésica e por 24 horas após a cirurgia, para evitar a insuficiência das glândulas suprarrenais. A cirurgia evoluiu sem intercorrências. No pós-operatório, a paciente desenvolveu diabetes insípido, que foi tratado com desmopressina por dois dias. A paciente apresentou melhora significativa da acuidade visual e da cefaleia, recebeu alta hospitalar e seguiu em acompanhamento no pré-natal e ambulatório de neuroendocrinologia. O parto ocorreu com 38 semanas e 6 dias por cesariana, sob indicação obstétrica (apresentação pélvica), com nascimento de bebê pesando 2830 g, Apgar 8 e 9 (primeiro e quinto minuto, respectivamente), sem alterações aparentes. Puerpério fisiológico. Conclusão: O tratamento de primeira linha do adenoma hipofisário não funcionante sintomático, mesmo durante a gestação, é a ressecção cirúrgica. Algumas fontes sugerem tratamento conservador, com interrupção da gestação pré-termo e abordagem posterior. Porém há risco de evolução para apoplexia hipofisária e comprometimento da gestação. Além disso, sem abordagem precoce, é possível que o tumor cresça e gere lesões irreversíveis nas estruturas adjacentes, resultando em sequelas e redução da qualidade de vida da paciente. Por outro lado, a cirurgia durante a gestação também está associada a risco de resultados perinatais adversos. A complicação cirúrgica mais comum é o diabetes insípido transitório. Raramente outras complicações como hidrocefalia, meningite, deficiências hormonais e morte podem ocorrer. No caso apresentado, o tratamento foi instituído assim que o diagnóstico foi feito, pelo grave comprometimento materno. Não houve complicações graves, com bons resultados para o binômio mãe-feto.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311109
Alterações cardíacas decorrentes de estenose mitral reumática na gestação: relato de caso
Amanda Cristina dos Santos1, Arieli Carini Michels1, Samantha Cristiane Lopes1, Luiz Eduardo Mendes Zanis1, Caroline de Oliveira Fischer Bacca1
1Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí
Introdução: As cardiopatias são as maiores causas de morte materna indireta no ciclo gravídico- puerperal, com incidência de 4,2% das gestações em todo país. Entre as cardiomiopatias, a estenose da valva mitral (EM) destaca-se pela maior incidência e está relacionada com febre reumática nos países subdesenvolvidos. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 41 anos (G4 P0 A2 C2), branca, obesa, puérpera há três dias, procura atendimento em razão de desconforto respiratório. A paciente foi acompanhada no pré-natal de alto risco por conta de hipertensão arterial crônica e por possuir histórico de acidente vascular encefálico isquêmico um ano antes. Da nona semana de gestação em diante, iniciou Metildopa 500 mg duas vezes ao dia, manutenção do AAS 100 mg uma vez ao dia e suspensão das outras medicações. A cesárea de emergência foi realizada com idade gestacional de 35 semanas, em razão da evolução de um quadro de pré-eclâmpsia sobreposta, sem intercorrências, e o recém-nascido nasceu vigoroso e sem complicações. Na admissão, a paciente encontrava-se dispneica e cianótica. Ao exame físico: saturação de 79%, pressão sistólica de 200 mmHg, pressão diastólica de 120 mmHg e ausculta pulmonar que evidenciava roncos com estertores em terço médio bilateral. A paciente evoluiu com quadro de parada cardiorrespiratória, com reversão após 10 minutos de massagem, desfibrilação e adrenalina endovenosa. Foi realizada a intubação orotraqueal. Tomografia computadorizada de tórax: consolidações extensas. Exames laboratoriais: leucócitos 26.640, proteína C reativa 118,9 mg/L e lactato 2,7 mmol/L. A paciente foi encaminhada e isolada na unidade de tratamento intensivo (UTI) em consequência da evolução para um quadro de síndrome do desconforto respiratório agudo grave e suspeita de COVID-19. Foi iniciada a antibioticoterapia empírica para infecção de foco pulmonar com Amoxicilina-Clavulanato, Azitromicina e Oseltamivir. Com a suspeita de quadro hipervolêmico pudesse ser por causa cardíaca, solicitou-se ecocardiograma transtorácico, que apresentou alterações sugestivas de EM reumática, com volume do átrio esquerdo de 53,4 ml/m2, gradiente médio átrio esquerdo/ventrículo esquerdo de 19,0 mmHg, área valvar mitral estimada pela planimetria de 0,97 cm2 e pressão arterial pulmonar estimada em 65 mmHg. Caracterizou-se assim uma cardiomiopatia reumática com envolvimento mitroaórtico, sobrecarga de átrio esquerdo, esclerose valvar aórtica com regurgitação leve, dupla disfunção mitral com estenose severa e regurgitação tricúspide com moderada hipertensão pulmonar. Retirou-se a paciente do isolamento por reação em cadeia da polimerase (PCR)/SARS-CoV-2 negativo. Após oito dias de internação na UTI, a paciente recebe alta e aguarda cirurgia para troca de valva mitral. Conclusão: A descompensação de EM reumática pode ocorrer pelas modificações fisiológicas da gestação, como aumento do débito cardíaco e diminuição da resistência vascular periférica. O diagnóstico precoce e o adequado manejo são importantes para o desfecho clínico favorável.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311110
Análise da evolução das síndromes gripais na pandemia de COVID-19
Renato Augusto Moreira de Sá1, Mariane Dias Barbeitas2, Paulo Roberto Silva Marinho2, Beatriz Ribeiro Torres Dutra2, Rodrigo Souza2, Fernanda Campos da Silva2
1Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz
2Perinatal, Rede D’Or São Luiz
Introdução: Até o final da semana epidemiológica (SE) 8 de 2021, no dia 27 de fevereiro de 2021, foram confirmados 113.784.735 casos de COVID-19 no mundo. Os Estados Unidos foram o país com o maior número de casos acumulados (28.554.465), seguidos pela Índia (11.096.731), Brasil (10.517.232), Rússia (4.187.166) e Reino Unido (4.182.772). Objetivo: Analisar a distribuição dos casos de COVID-19 em gestantes no período de um ano de pandemia. Métodos: Foram selecionadas todas as gestantes atendidas na emergência de duas maternidades localizadas na zona sul e na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, que apresentaram diagnóstico compatível com síndrome gripal (CID J11) ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG) (CID U04.9) em um período de um ano, de março de 2020 a março de 2021. Todas foram submetidas a coleta de amostra de nasofaringe para pesquisa de reação em cadeia da polimerase (PCR) para SARS-CoV-2. O período foi dividido em semanas para a análise da distribuição, considerando-se como semana 1 a primeira de março de 2020 e como semana 57 a última de março de 2021. Resultados: Foram recrutadas 640 fichas de atendimento de gestantes com síndrome gripal e/ou SRAG. Testaram positivo para COVID-19 42% (n=262 gestantes). Foram observados dois picos de casos de síndromes gripais correspondentes aos casos de COVID-19 entre as semanas 7 e 11 e entre as semanas 37 a 45. A primeira onda teve maior número de casos confirmados de COVID-19 em gestantes do que a segunda para um número semelhante de casos identificados com os CIDs J11 e U04.9. Conclusão: As duas ondas de COVID-19 na cidade do Rio de Janeiro apresentaram correspondência temporal com os casos de síndrome gripal em gestantes. A segunda onda correspondeu a um menor número de casos positivos para COVID-19 em gestantes, quando comparada à primeira. Esses resultados correspondem a achados preliminares do estudo “Rede de pesquisa em SARS-CoV-2/ COVID-19 na assistência perinatal”.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311111
Análise das taxas de cesárea em uma maternidade pública do Rio de Janeiro
Luiz Eduardo Raposo Vieira de Melo1, Luciana de Paiva Amaral1, Fernanda Campos da Silva1
1Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Introdução: As taxas de cesárea têm-se mostrado altas e em padrão crescente ao redor do mundo. Sabe-se que esse procedimento, quando não é bem indicado, pode gerar diversas complicações para a mãe e o neonato, as quais são menos associadas ao parto vaginal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que a classificação de Robson contribuiria para identificar casos mais problemáticos e definir melhor a real necessidade de cesáreas. Objetivo: Este estudo tem como objetivo analisar as taxas de cesárea em uma maternidade pública do Rio de Janeiro por meio da classificação de Robson. Métodos: O estudo realizado foi observacional, transversal e com coleta de dados de forma retrospectiva. Foram consultados os prontuários das parturientes internadas na maternidade para a aquisição das cinco parâmetros necessários à divisão nos 10 grupos de Robson. Foram calculadas as taxas e contribuições absolutas e relativas por grupo e foram interpretados os dados da maneira como propôs Robson. Resultados e conclusão: Coletaram-se dados de 379 puérperas, das quais 153 realizaram cesáreas e 226 parto vaginal. A taxa global de cesárea foi de 40,36%. Os grupos de maior contribuição relativa foram o 5 com 35,94%, seguido do 2 com 15,03% e do 1 com 13,72%. Os grupos 1, 2, 3, 7 e 10 tiveram suas taxas relativas de cesárea acima do esperado segundo o monitoramento proposto por Robson. O grupo 9 teve a taxa exatamente como a esperada. Os grupos 4, 5, 6 e 8 tiveram taxas relativas consoantes com o recomendado. Associa-se, portanto, sua contribuição com o tipo de população assistida pelo serviço, já que são recebidas muitas mulheres com cicatriz uterina por cesárea prévia (grupo 5). Apesar de apresentar taxa de cesárea menor que a nacional e em queda quando comparada aos nossos dados de 2016, a maternidade ainda apresenta um valor distante do preconizado pela OMS. Os principais grupos alvo para nos aproximar o valor do recomendado são os grupos 1, 2 e 3, que, apesar de serem considerados de baixo risco para desfecho em cesárea, ainda mantêm taxas relativas elevadas.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311112
Análise do comportamento longitudinal dos níveis séricos de citocinas angiogênicas e antiangiogênicas em gestantes com lúpus eritematoso sistêmico
Nilson Ramires de Jesus1, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus1, Marcela Ignacchiti Lacerda Avila1, Flávia Cunha dos Santos1, Evandro Mendes Klumb1
1Hospital Universitário Pedro Ernesto, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Introdução: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica autoimune cuja fisiopatologia envolve mecanismos imunológicos acompanhados da formação de autoanticorpos, alguns dos quais patogênicos. Acomete principalmente mulheres jovens e a uma gestação nesse grupo não é infrequente. A pré-eclâmpsia (PE) é uma doença placentária desencadeada nas primeiras semanas do segundo trimestre da gravidez por uma placentação anormal. Esse distúrbio do desenvolvimento placentário conduz a um desequilíbrio na produção e liberação na circulação materna de diversos fatores, entre eles citocinas angiogênicas (PlGF) e antiangiogênicas (sFlt-1), que desencadeiam inflamação e disfunção endotelial. Níveis elevados de sFlt-1 e baixos de PlGF foram observados nas pacientes com PE antes mesmo do aparecimento clínico da doença. A PE e o LES apresentam, isoladamente, importante morbimortalidade para o binômio materno-fetal, que pode ser ainda maior se essas doenças estiverem associadas. Portanto, é importante identificar precocemente, no grupo de gestantes com LES, as que vão desenvolver PE. A análise das citocinas PlGF e sFlt-1 pode auxiliar no diagnóstico precoce da PE, entretanto os estudos sobre comportamento dos níveis séricos dessas citocinas durante as gestações de pacientes com LES são escassos. Objetivo: Realizar análise do comportamento longitudinal das curvas dos níveis séricos dessas citocinas no decurso das gestações de pacientes com LES e identificar se a variável PE influencia no comportamento longitudinal dessas curvas. Pacientes e métodos: A população em estudo incluiu todas as gestantes com LES acompanhadas no pré-natal de doenças autoimunes. Amostras de soro foram colhidas ao longo da gravidez nos intervalos de idades gestacionais 16-18, 24-26, 30-32, 34-36 e 38-40 semanas e congeladas a -20º centígrados. A coorte foi dividida em dois grupos, estratificados pela presença ou não de PE. Para investigar a evolução dos níveis séricos de sFlt-1 e PlGF e da razão sFlt-1/PlGF durante as cinco visitas que ocorreram durante a gestação dos dois grupos, foram utilizados modelos mistos de regressão. Resultados: A evolução clínica da doença no decurso da gestação das 76 pacientes com LES foi considerada como em remissão em 67,1% dos casos, em atividade em 22,4% e como superposição de PE em 10,5% dos casos. As pacientes que desenvolveram PE apresentaram curvas dos níveis séricos de sFlt-1 e dos valores da razão sFlt-1/PlGF mais elevadas e dos níveis séricos de PlGF mais baixas. Essas curvas longitudinais, analisadas pelo modelo misto de regressão, sugerem padrões significativamente diferentes para os grupos com e sem PE. Conclusão: Apesar do pequeno número de casos de PE, os resultados sugerem que existem diferenças significativas entre as curvas longitudinais dos níveis séricos de sFlt-1 e PlGF das pacientes com LES que desenvolvem ou não PE. A titulagem dessas citocinas poderá ser útil no rastreio de PE nas gestantes com LES.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311113
Anemia falciforme e complicações gestacionais
Lorena da Silva Rosa1, Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa1, Paula Faria Campos1, Kelma Luana Abreu de Siqueira1, Catharina Maria Facciolli Blum1, Carolina Genaro Pultrin1
1Hospital Materno Infantil de Brasília
Introdução: Gestantes com diagnóstico de anemia falciforme têm risco aumentado de complicações obstétricas e fetais. A morbidade materna é elevada, com maior chance de eventos tromboembólicos, síndrome torácica aguda, pielonefrite, pneumonia, septicemia, disfunções renais, desordens hipertensivas gestacionais, alterações fetais, entre outras intercorrências. Na consulta inicial, tendo em vista a alta prevalência de disfunções de órgãos-alvo, é fundamental investigar, entre outros aspectos, o histórico das crises álgicas, o número de hospitalizações, a existência de outras morbidades e os antecedentes obstétricos. Essa avaliação deve ser global e inclui, normalmente, confirmação do diagnóstico de anemia falciforme com eletroforese de hemoglobina, exames para análise das funções renais, hepáticas, pulmonares e cardiovasculares — podendo a hipertensão decorrer de nefropatia e ser fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC) e pré-eclâmpsia. Sem o devido acompanhamento, 11% dos pacientes com anemia falciforme terão AVC aos 20 anos e 25% aos 40 anos. Relato de caso: Gestante, 18 anos, primigesta, 26 semanas e 3 dias, com diagnóstico de anemia falciforme desde a infância, histórico de politransfusão e múltiplas internações por síndrome torácica aguda, má adesão às orientações, uso irregular de hidroxiureia previamente à gestação e não comparecimento às consultas com hematologista, procurou a emergência obstétrica com crise álgica falcêmica. Durante a internação, apresentou picos pressóricos e congestão pulmonar. Feto apresentava restrição de crescimento, estágio 2 pelo protocolo de Barcelona, e comunicação interventricular perimembranosa tipo via de entrada, que acabou evoluindo para óbito após 19 dias de internação. A gestante apresentou picos hipertensivos refratários à medicação anti-hipertensiva no decorrer da indução do parto. Tornou-se torporosa, desorientada em tempo e espaço, hipoativa, sudoreica, taquipneica e hipertensa. Optou-se por interrupção via alta em razão da descompensação clínica, com encaminhamento à unidade de terapia intenstiva materna. Constatou-se em tomografia de crânio, acidente vascular cerebral hemorrágico com efeito de massa. Não foi recomendada pela neurocirurgia a abordagem cirúrgica pela alta probabilidade de desfecho maligno. Sugeriu-se iniciar protocolo para morte encefálica (ME). Concluiu-se o protocolo e foi constatada ME após 48 horas. Conclusão: Depreende-se do exposto que a realização de consulta pré-concepcional e o aconselhamento genético para as pacientes com diagnóstico de anemia falciforme são de imperiosa importância, assim como um pré-natal diferenciado e iniciado o mais cedo possível, a fim de se monitorarem eventuais dificuldades e riscos clínicos materno-fetais. Tendo em vista os altos índices de complicações, a gestante deve ter ciência da gravidade em potencial de ser portadora da doença e estar atenta às recomendações médicas. Os profissionais de saúde devem estar preparados para adotar condutas adequadas, que podem evitar desfechos ruins.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311114
Anemia fetal grave secundária a hemorragia feto-materna
Marilin Sens1, Otto Henrique May Feuerschuette1
1Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago
Gestante de 28 anos, G2A1, tipagem sanguínea O Rh +, sem intercorrências no pré-natal. Com 39 semanas procura o atendimento em razão de pródromos de trabalho de parto. Durante atendimento, realizou-se cardiotocografia (CTG) categoria 1, e a paciente foi liberada após exame. Retornou após 5 horas em trabalho de parto, e durante a internação foi realizado CTG com padrão sinusoidal, categoria 3. Perante a hipótese de sofrimento fetal provavelmente associado a anemia fetal, realizou-se cesariana. Recém-nascido do sexo masculino, com 3345 g, índice de Apgar de 6 ao 1º minuto e de 7 ao 5º minuto, no qual foi realizada ventilação com pressão positiva em sala de parto em função de palidez cutaneomucosa e dessaturação. Foi transferido para unidade terapia intensiva neonatal, onde permaneceu internado por quatro dias com anemia grave (hemoglobina ao nascer de 4,8 g/dL). Durane a internação, foi feita uma transfusão sanguínea. Tipagem sanguínea do RN O+, teste de Coombs direto negativo. O estudo de infecções virais (citomegalovírus e parvovírus B19) e o teste de Kleihauer-Betke na mãe foram negativos. A hemorragia feto-materna consiste na transferência de sangue fetal para a circulação materna. A grande maioria é de sangramentos de pequeno volume sem significado hemodinâmico, mas que podem levar à aloimunização. É considerada grave quando há transferência de mais de 30 ml de sangue fetal. Considerada uma situação incomum, ocorre entre 0,02 a 1,7% das gestações e gera suspeita perante um feto com franca diminuição dos movimentos e que apresenta m traçado não reativo, com presença eventual de padrão sinusoidal e desacelerações tardias. O padrão de frequência cardíaca fetal (FCF) sinusoidal está fortemente associado à anemia fetal grave de qualquer causa e pode ser uma das primeiras manifestações de hemorragia feto-materna (HFM) maciça. Em uma revisão sistêmica de 32 casos de anemia fetal grave (hemoglobina fetal ou neonatal 1,9 a 7,2 g/dL ) associada com HFM, o padrão de FCF foi relatado como sinusoidal em 17 dos 24 casos.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311115
Anencefalia: um relato de caso
Maister Henrique Lobato de Morais1, Adriane Brod Manta1, Marcia Cristina Pereira Maduell1, Valdir Rosado Martins Junior1, Aline Fritzen Binsfeld1, Bruna Schneider dos Santos1,
1Universidade Católica de Pelotas, Hospital Universitário São Francisco de Paula
Introdução: Os defeitos do tubo neural são a segunda causa mais comum de malformações congênitas. Afetam de 0,5 a duas gestações em cada mil, sendo os principais a anencefalia e a mielomeningocele. A anencefalia consiste em falha no fechamento da extremidade anterior do tubo neural e pode ser subdividida em merocrania, quando o crânio e o cérebro anterior são afetados e algumas funções vegetativas são preservadas, e holocrania, quando a falha no fechamento está na parte posterior do cérebro e ossos do crânio. Relato de caso: E.M.B., 22 anos, A+, G2Pc1, IG 39s+5d (ultrassonografia em 4 de dezembro de 2018, com 19s+5d) procurou atendimento no serviço de obstetrícia no dia 23 de abril de 2019, apresentando US obstétrica que mostrava sistema nervoso central (SNC) com ausência de calota craniana, configurando quadro de anencefalia. Foi indicado parto cesáreo. O recém-nascido faleceu dois dias após o nascimento. A paciente evoluiu de forma satisfatória, foi inibida a lactação e foi dada a alta dada para acompanhamento ambulatorial. Conclusão: A falha no fechamento do tubo neural entre a 3ª e a 4ª semanas (entre o 23º e o 26º dia do embrião) resulta na ausência total ou parcial da calota craniana (crânio e couro cabeludo) e do cérebro. Sendo assim, embora o termo “anencefalia” (do grego
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311116
Angioedema hereditário e pré-natal: profilaxia das crises: relato de caso
Júlia Camargos Silva1, Ana Clara Martins Quirino1, Isabella Gonçalves Oliveira1, Juliana Barroso Zimmermmann2, Marina Méscolin Reis de Paula1
1Faculdade de Medicina de Barbacena
2Universidade Federal de Juiz de Fora
Introdução: Angioedema é um edema localizado, não inflamatório, assimétrico, desfigurante e autolimitado da derme profunda, tecidos subcutâneos ou submucosa, decorrente da vasodilatação e do aumento da permeabilidade vascular. Pacientes com angioedema hereditário (AEH) sofrem episódios recorrentes de edema envolvendo a pele e a submucosa de vários órgãos, sem associação com urticária e prurido. Os autores relatam o caso de uma gestante com AEH tipo III submetida à cesariana, após ser realizada profilaxia prévia com inibidor de C1. Relato de caso: Gestante, 33 anos, G1P0A0, história de edema facial, desfigurante, sem urticária ou prurido, recorrente, com início após a adolescência, sem fatores desencadeantes. Negou alívio com corticoides ou anti-histamínicos. A mãe e a prima da paciente têm história clínica semelhante. No primeiro trimestre evoluiu satisfatoriamente, sem crises e com ultrassonografias morfológicas normais até o segundo trimestre. No terceiro trimestre evoluiu com crescimento intrauterino restrito (CIUR) e, com 37 semanas, o feto foi identificado com peso percentil 3 e
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311117
As principais causas obstétricas diretas de morte materna no período puerperal no Brasil
Bruna Silva de Melo1, Daniele Socorro de Brito Souza Paiva2, Amanda Maués Ramos1, Marcelle Pinho Conceição2, Victória Moreira Gomes2
1Universidade Federal do Pará
2Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
Introdução: A mortalidade materna ainda representa um problema evidente na saúde pública nos países em desenvolvimento, entre os quais se inclui o Brasil. Segundo a Organização Mundial daSaúde, a morte materna é definida como a morte de uma mulher durante a gravidez ou no período de 42 dias após o seu término. As causas de mortalidade materna são divididas em: causas obstétricas diretas, as quais resultam de complicações obstétricas na gravidez, parto ou puerpério; e causas obstétricas indiretas, que são resultantes de patologias preexistentes à gravidez ou que se desenvolveram durante o período gestacional e foram agravadas pelos seus efeitos fisiológicos. Objetivo: Descrever as cinco principais causas obstétricas diretas de morte materna no puerpério. Métodos: Esta pesquisa baseou-se no método quantitativo, com uso da análise documental mediante os dados disponibilizados pelo site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), a qual foi realizada em duas etapas: na primeira, delimitaram-se as principais causas de mortes maternas, os tipos de causas obstétricas diretas, o período do puerpério (até 42 dias) e os anos (2015-2019); na segunda etapa, observou-se a tabela e descreveram-se os dados identificados. Resultados: No período em estudo, o total de mortes maternas por causas obstétricas diretas no período puerperal foi de 3.297, das quais, em primeiro lugar, encontra-se a eclâmpsia, com o total de 444 mortes (13,4%), seguida por hipertensão gestacional com proteinúria significativa, responsável por 421 mortes (12,7%), em terceiro e quarto lugar hemorragia pós-parto, com 407 óbitos (12,4%), e embolia de origem obstétrica, com 290 mortes (8,7%), respectivamente, e infecção puerperal no quinto lugar, responsável por 283 óbitos (8,5%). Conclusão: Diante dos dados analisados, concluiu-se que a elevada taxa de mortalidade materna ainda é um desafio para o sistema de saúde brasileiro. Além disso, evidenciou-se que as principais causas são evitáveis por intermédio do fortalecimento da rede de atenção no pré-natal e pela adequada assistência realizada no período puerperal.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311118
Assistência ao trabalho de parto e parto em mulheres com nacionalidades diferentes (resultados preliminares)
Vitória Ferreira Bueno Fregolão1, Márcia Maria Auxiliadora de Aquino1, Corintio Mariani Neto1, Monique Blande Miranda1, Maria Clara Artiaga1, Mariana Guerra Carniel1
1Hospital Maternidade Leonor Mendes Barros
Introdução: As mulheres indígenas de origem andina, quando vão parir, querem respeitar a dinâmica do seu corpo e dispõem-se verticalmente, de cócoras ou ajoelhadas; elas valorizam o parto vaginal. O aspecto cultural influencia seu comportamento durante a assistência ao trabalho de parto e parto, colaborando e facilitando o andamento dessa assistência. Objetivo: Avaliar a assistência ao trabalho de parto e o parto entre mulheres bolivianas e brasileiras dos grupos 1 e 3 de Robson em uma maternidade pública e, assim, inferir sobre a influência da cultura andina em relação a esses processos. Métodos: Estudo observacional descritivo, com grupo de comparação (bolivianas e brasileiras), que avaliou por meio de prontuários a assistência ao trabalho de parto e o parto em mulheres internadas em uma maternidade pública. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dispensado, visto que o estudo ocorreu com base na coleta de dados de prontuários. Número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 39923220.3.0000.0063 . Resultados e conclusão: Foram avaliados o total de 310 prontuários, dos quais 86 relativos a mulheres bolivianas (G1) e 224 a mulheres brasileiras (G2). Em relação ao tempo decorrido do último parto, observou-se média de 4,5 anos e 5,7 anos, respectivamente, para G1 e G2. A média da idade gestacional foi de 39,3 semanas e 39,1 semanas, também em relação aos grupos. No grupo das bolivianas ocorreram 76 partos vaginais; no outro, 208. A taxa de cesárea foi de 11,6% e de 7,1%, para G1 e G2, respectivamente. O tempo do trabalho de parto em horas teve média de 1,7 X 2,4 horas para cada grupo. Quanto à presença de acompanhante, ao uso de método não farmacológico para alívio da dor e à realização de episiotomia, os percentuais foram respectivamente (G1) 75, 55,2 e 26,3%. No G2, 87,9, 67,3 e 32,2%. A frequência de rotura perineal foi de 48,2% no G1 e de 65,9% no G2. A média do peso do recém-nascido no G1 foi de 3549 g e de 3228 g no G2; e o Apgar de quinto minuto maior que 7 apresentou prevalência de 98,8% em G1 e 98,2% em G2. Quanto ao contato pele a pele, este ocorreu em 79% do G1 e 84,8% do G2. Com isso, observamos que a duração do trabalho de parto foi menor no grupo das bolivianas, assim como a frequência de realização de episiotomia. No entanto, a taxa de cesárea foi maior do grupo das bolivianas. Conclui-se que é necessário avaliar um maior número de casos, visto que o tamanho amostral calculado no projeto foi de 500.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311119
Associação da troca de luvas e complicações da ferida operatória em cesarianas eletivas de gestações de baixo risco
Lucas de Almeida Resende1, Débora da Costa Borges1, Brunella Mendonça Chinen1, Luciano Eliziário Borges Júnior1, Edward Araujo Júnior2, Alberto Borges Peixoto1
1Universidade de Uberaba
2Universidade Federal de São Paulo
Objetivo: Avaliar se a troca de luvas está associada à redução de complicações da ferida operatória de cesarianas eletivas em gestações de baixo risco. Métodos: Estudo prospectivo e observacional realizado entre julho de 2019 e agosto de 2020, no qual foram selecionadas 169 pacientes submetidas a cesarianas eletivas, divididas em dois grupos: grupo I (n=100), sem troca de luvas, e grupo II (n=94), com luvas trocadas durante a cirurgia. Para a comparação entre as médias, utilizou-se o teste de Mann-Whitney para as variáveis não paramétricas. Para teste de hipóteses e existência de associações entre as variáveis, adotou-se o teste exato de Fisher. Empregou-se regressão logística binária para determinar se o tempo cirúrgico foi previsor para complicações na ferida operatória durante o período puerperal. A curva
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311120
Associação entre ruptura prematura de membranas entre 24 e 33 + seis semanas e uso de antibióticos profiláticos nos desfechos perinatais adversos
Thaísa de Souza Lima3, Flávia Mariane Pagani1, Carolina Bianchini Borges3, Marina de Carvalho Paschoini3, Edward Araujo Júnior2, Alberto Borges Peixoto3
1Universidade de Uberaba
2Universidade Federal de São Paulo
3Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Objetivo: Avaliar a associação entre uso profilático de antibióticos e rotura prematura de membranas (RPM) e resultados perinatais adversos. Métodos: Trata-se de uma coorte retrospectiva de mulheres grávidas com rotura prematura de membranas, que fizeram ou não uso profilático de antibióticos entre 24 e 33 semanas e 6 dias. Para a análise estatística, foram utilizados teste χ2, teste
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311121
Associação entre síndrome do anticorpo antifosfolípide e infertilidade
Emanuelle Fick Bohm1, Ernesto de Paula Guedes Neto2, Stefano Ferreira Moraes1, Patrícia Setti1
1Universidade Católica de Pelotas
2Hospital Moinhos de Vento
Introdução: A síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF) é uma doença sistêmica, autoimune, caracterizada por eventos tromboembólicos, abortos recorrentes de feto morfologicamente normal, desde que excluídas as causas anatômicas, hormonais e cromossômicas (após ou na 10ª semana) e a presença de anticorpos antifosfolípides (AFLS). A SAF pode ocorrer de forma isolada ou em associação com outras doenças autoimunes. Estudos mostram que a soropositividade dos AFLS, mesmo em casos nos quais a SAF não é diagnosticada, pode comprometer a continuidade da gravidez. Contudo, essa mesma certeza não existe quando se tenta atrelar a SAF à infertilidade. Objetivo: revisar na bibliografia a associação entre SAF e infertilidade feminina. Métodos: Foi realizada uma revisão na bibliografia disponível em artigos publicados nos últimos 10 anos (2010-2020) na base de dados do PubMed, com os termos do Medical Subject Headings (MeSH) “infertility” e “antiphospholipid antibodies”. Foram encontrados 25 artigos, dos quais 11 foram excluídos por não estarem adequados ao tema. Os 14 trabalhos restantes foram incluídos, entre estudos metanalíticos e revisões na língua inglesa. Resultados e conclusão: Tem-se tentado associar a presença de AFLS à infertilidade. Cerca de 10% dos casais inférteis têm infertilidade inexplicada, e doenças autoimunes como lúpus e SAF são responsáveis por parte desses casos. Os critérios para a classificação de SAF incluem a presença de pelo menos um critério clínico e um critério laboratorial — este último a detecção de AFLS-anticoagulante lúpico (LA) e/ou anticorpo anticardiolipina (aCL) ou anticorpo antiβ2- glicoproteína I (antiβ2-GPI) no soro/plasma em duas ou mais ocasiões, separadas por pelo menos 12 semanas. Um dos artigos selecionados, que compilava 31 trabalhos, confirmou a associação entre aCL e infertilidade em 45% deles; 31% confirmaram a associação de infertilidade com LA, e três dos quatro estudos (75%) que envolviam o antiβ2-GPI mostraram associação entre esse APL e infertilidade. Outros estudos sugerem ainda que AFLS estejam associados à insuficiência ovariana precoce e à reserva ovariana diminuída, responsável por distúrbios de fertilidade. Além disso, a presença de AFLS influi na placentação, ligando-se ao trofoblasto e diminuindo sua capacidade de invasão, associado a efeitos pro-inflamatórios e recrutamento de neutrófilos, o que contribui para a insuficiência placentária que se apresenta como infertilidade (LA e aCL têm sido implicados nos efeitos protrombóticos da SAF). Sendo assim, a presença de AFLS parece ser mais comum em mulheres inférteis em relação ao grupo controle, porém, por elas serem mais frequentemente testadas, há interferência no significado clínico desse achado. Logo, os estudos acerca do assunto são inconclusivos, já que os testes são direcionados a mulheres com clínica sugestiva. Assim, tal relação segue nos campos hipotéticos, ao contrário do aborto e da trombose, que já têm explicações concretas sobre a influência dos AFLS nesses eventos.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311122
Atualizações na conduta do câncer de mama associado à gestação
Artur Bruno Silva Gomes1, Ivan Nascimento de Oliveira2, Maria Karoline Gomes3, Karolina Ramalho4, Vanessa Pizzino de Lucca Pizzino4, Elizabeth Bacha1
1Centro Universitário Tiradentes
2Faculdade Cesmac do Sertão
3Centro Universitário Cesmac
4Universidade Anhembi Morumbi
Introdução: Câncer de mama associado à gravidez (CMAG) é o diagnóstico que ocorre durante a gravidez ou no intervalo de um ano pós-parto. Os fatores de risco ainda não são bem compreendidos, pois parece haver aumento transitório do risco após o parto, que pode ser agravado pelo adiamento da gestação e a história familiar de câncer. Na terapêutica procede-se à quimioterapia do segundo mês de gravidez em diante, e as grávidas podem ser submetidas à cirurgia, mas radioterapia, terapia hormonal e anticorpos monoclonais são contraindicados. Objetivo: Atualizar as informações sobre a conduta no CMAG. Metodologia: Revisão de literatura integrativa, realizada nas bases PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), que utilizou como estratégia de busca: “pregnancy” e “breast cancer”, combinados pelo operador AND. Como critério de inclusão, selecionaram-se estudos com versão de cinco anos e sem restrição linguística, enquanto os critérios de exclusão foram artigos que não haviam sido feitos em humanos, duplicatas e relatos de caso. As pesquisas retornaram 436 resultados. Após a interpretação do títulos e resumos, chegou-se a oito trabalhos. Resultados: Avaliações clínico-patológicos de tumores mamários mostram que pacientes com CMAG possuem maior associação a tumorações receptoras de progesterona e estrogênio negativo, de modo que é pertinente ampliar a investigação de CMAG para aprimorar o tratamento. A intervenção durante a gravidez evidenciou aumento da sobrevida geral de 78,6% em comparação com 44,7% para as que não fizeram manejo do câncer. A avaliação requer ser precedida pela ultrassonografia como primeira modalidade após exame clínico para busca de nódulo, seguida de mamografia, no intuito de avaliar a extensão da doença. Tal circunstância é vital após o tratamento oncológico, pois o aleitamento é seguro, mas em razão dos procedimentos é realizado na mama contralateral. Quanto à conduta cirúrgica, não há diferença em relação às mulheres que não estão grávidas e é baseada nos critérios: aspectos do tumor, interesse da gestante, idade gestacional e
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311123
Avaliação da assistência pré-natal segundo indicadores do programa de humanização do pré-natal e nascimento
Carla Vaichulonis1, Guilherme Schroder Stepic2, Jean Carl Silva2, Rodrigo Ribeiro e Silva2, Antônia Aparecida Deluca de Oliveira1, Carla Beatriz Pimentel Cesar Hoffmann1
1Maternidade Darcy Vargas
2Universidade da Região de Joinville
Introdução: A assistência pré-natal (PN) é um dos pilares do cuidado à saúde materno-infantil, cuja relevância para a redução da morbimortalidade dessa população já se encontra estabelecida. A ausência ou inadequação da assistência durante o período PN pode trazer graves consequências para a saúde da mãe e do feto. Segundo a Organização Mundial da Saúde, calcula-se que, em 2015, 303 mil mulheres morreram de causas evitáveis inerentes à gravidez, 2,7 milhões de bebês morreram no período neonatal e 2,6 milhões de fetos eram natimortos. No Brasil, entre 1990 e 2015, houve queda na razão de mortalidade materna de 141 para 60 mortes a cada 100 mil vivos. Essa queda ocorreu em virtude de avanços significativos nas políticas de saúde, entre eles a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e das políticas de saúde materno-fetal associadas a ele. Objetivo: Avaliar a assistência PN prestada a gestantes de baixo risco usuárias do SUS da cidade de Joinville. Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal realizado de março de 2018 a fevereiro de 2019, mediante entrevista e análise do Cartão da Gestante de puérperas maiores de 18 anos, procedentes de Joinville, que realizaram o PN no SUS, sendo excluídas as puérperas desistentes. Avaliou-se a assistência PN por critérios preconizados pelo Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento. Resultados e conclusão: Foram entrevistadas 683 puérperas. Os critérios com maiores índices de adequação foram acessibilidade (99,6%), início precoce do PN (92,7%) e realização de seis ou mais consultas (87,15). Os critérios que apresentaram as menores taxas de adequação foram o conjunto de orientações (17,7%) e os exames do terceiro e primeiro trimestre (42,5% e 63,5%, respectivamente). Conclui-se que a assistência PN realizada pelo SUS da cidade de Joinville, não obstante a acessibilidade praticamente universal, o início precoce e a prevalência de puérperas com mais de seis consultas, demonstrou declínio acentuado na análise dos indicadores preconizados.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311124
Avaliação da prevalência de COVID-19 em gestantes com síndrome gripal
Renato Augusto Moreira de Sá1, Mariane Dias Barbeitas1, Sylvia Bittencourt Santos1, Bruno Wunder de Alencar1, José Maria Andrade Lopes1,Maria Elisabeth Lopes Moreira1
1Perinatal, Rede D’Or São Luiz
Introdução: A maioria das mulheres grávidas infectadas com SARS-CoV-2 será assintomática. A maior parte das mulheres sintomáticas apresenta apenas sintomas leves ou moderados de resfriado/ gripe. Os sintomas mais comuns de COVID-19 em mulheres grávidas são tosse e febre. Os menos frequentes são dispneia, mialgia, perda de paladar e diarreia. Objetivo: Avaliar a prevalência de COVID-19 em grupo de gestantes sintomáticas. Métodos: Foram selecionadas todas as gestantes atendidas na emergência de duas maternidades localizadas na zona sul e na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, que apresentaram diagnóstico compatível com síndrome gripal (CID J11) ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG) (CID U04.9) em um período de um ano, de março de 2020 a março de 2021. Todas foram submetidas a coleta de amostra de nasofaringe para pesquisa de reação em cadeia da polimerase (PCR) para SARS-CoV-2. Resultados: Foram recrutadas 640 fichas de atendimento de gestantes com síndrome gripal e/ou SRAG. Testaram positivo para COVID-19 42% (n=262 gestantes). A prevalência foi maior no grupo de gestantes da zona oeste do Rio de Janeiro (43%, n=117/408) do que no da zona sul (37%, n=85/232). Conclusão: A testagem em massa das gestantes seria a conduta ideal para conhecermos a real prevalência da COVID-19 em gestantes em nossa população. Os testes para vírus respiratórios diferentes do SARS-CoV-2 devem ser orientados pela epidemiologia atual, uma vez que, mesmo em período de pandemia, a maioria das síndromes gripais em gestantes não estão diretamente relacionadas ao SARS-CoV-2. Esses resultados correspondem a resultados preliminares do estudo “Rede de pesquisa em SARS-CoV-2/ COVID-19 na assistência perinatal”.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311125
Avaliação do conhecimento materno acerca da amamentação em maternidade pública do Piauí
Lia Cruz Vaz da Costa Damásio1, Isadora Maria de Carvalho Marques1, Marília Francisca da Silva Pereira1, Victória Maria Luz Borges1, Flávio Luis dos Santos Sousa1
1Universidade Federal do Piauí
Introdução: O ato de amamentar envolve interações entre o binômio materno-infantil, repercutindo em benefícios que ultrapassam os aspectos dietéticos e nutricionais. Contemplando uma estratégia natural de vínculo, afeto e proteção para criança, representa, também, uma estratégia econômica e eficaz de redução de morbimortalidade infantil e materna. Objetivo: Identificar o conhecimento materno, em enfermaria puerperal de maternidade estadual do Piauí, sobre o processo de amamentação, avaliando o nível socioeconômico e o suporte pré-natal recebido, a fim de estabelecer correlação entre esses fatores e o grau de instrução sobre o tema. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, analítico, transversal e prospectivo. Foi realizado na maternidade Dona Evangelina Rosa em Teresina/Piauí. Obteve-se uma amostra não probabilística, consecutiva, de todas as mulheres que tiveram parto vaginal ou cesáreo assistidos pela instituição. Foi utilizado um formulário estruturado, elaborado pelos pesquisadores, acerca de aspectos relacionados à amamentação, como orientação sobre o aleitamento materno durante o pré-natal e conhecimento atual sobre a técnica de amamentação. Os dados coletados foram inseridos em um banco de dados e analisados por meio de testes comparativos (teste
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311126
Avaliação do conhecimento sobre pré-eclâmpsia de alunos de Medicina na metodologia ativa: resultado parcial
Natália Gatti Hirata1, Thaís Alquezar Facca1, Eduardo Augusto Brosco Famá1, Gianna Mastroianni Kirsztajn2
1Universidade Municipal de São Caetano do Sul
2Universidade Federal de São Paulo
Introdução: A pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morbimortalidade materna e fetal no Brasil e no mundo. O adequado acompanhamento médico durante a gestação pode contribuir para a identificação de fatores de risco, prevenção, detecção precoce e manejo dessa desordem. O conhecimento adquirido pelo aluno de Medicina sobre pré-eclâmpsia durante a graduação pode ter influência no atendimento à gestante após a sua formação. Objetivo: Avaliar o conhecimento sobre pré-eclâmpsia de alunos do curso de Medicina com metodologia ativa. Métodos: Estudo tipo transversal quantitativo, realizado por meio da aplicação de questionários
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311127
Avaliação dos desfechos perinatais adversos relacionados a obesidade materna prévia e ganho de peso excessivo na gestação
Antonia Aparecida Deluca de Oliveira1, Rodrigo Ribeiro e Silva2, Tassiana Cristina Martins Grabovski2, Leonardo Souza de Carvalho3, Carla Christina Renzo2, Jean Carl Silva2
1Maternidade Darcy Vargas
2Universidade da Região de Joinville
3Hospital Dona Helena
Introdução: A gestação é um período de grandes transformações para as mulheres, que é dinâmico nos seus aspectos fisiológicos, metabólicos e/ou nutricionais. Nesse sentido, em razão da condição nutricional materna pré-gestacional e do ganho de peso durante a gestação, os desfechos maternos e neonatais podem ser diversos. Objetivo: Avaliar os desfechos perinatais adversos relacionados a obesidade prévia e ganho de peso excessivo materno. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, analítico e transversal, realizado no período de agosto a dezembro de 2020. A amostra foi composta de puérperas maiores de 18 anos. Os desfechos primários avaliados foram via de parto, diabetes
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311128
Avaliação longitudinal dos níveis plasmáticos de leucotrieno B4, lipoxina A4 e resolvina D1 em gestantes com fatores de risco para pré-eclâmpsia
Luiza Oliveira Perucci1, Patrícia Gonçalves Teixeira2, Eura Martins Lage2, Alexandre Simões Barbosa2, André Talvani1, Luci Maria SantAna Dusse2
1Universidade Federal de Ouro Preto
2Universidade Federal de Minas Gerais
Introdução: Sabe-se que a inflamação materna sistêmica excessiva está envolvida nas alterações fisiopatológicas da pré-eclâmpsia (PE). Os ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e ômega-6 podem ser convertidos endogenamente em mediadores com atividades pró-inflamatórias (por exemplo, leucotrieno B4 — LTB4) ou anti-inflamatórias/ pró-resolutivas (por exemplo, lipoxina A4 — LXA4 — e resolvina D1 — RvD1). Recentemente, foi relatado um desbalanço nos níveis de LTB4 e LXA4 ao longo da gestação em mulheres que desenvolveram PE. Até o momento, nenhum estudo demonstrou os níveis de RvD1 nesse contexto. Além disso, permanece obscura a produção relativa desses mediadores, bem como o seu papel na resposta inflamatória envolvida na fisiopatologia da PE. Objetivo: Comparar os níveis plasmáticos de LTB4, LXA4 e RvD1, bem como as razões entre os mediadores lipídicos pró-resolutivos (LXA4 e RvD1) e pró-inflamatório (LTB4) em gestantes com fatores de risco estabelecidos para PE que desenvolveram ou não essa condição clínica. Métodos: Os mediadores lipídicos foram dosados no plasma por ensaios imunoenzimáticos em três intervalos gestacionais (12-19, 20-29 e 30-34 semanas) em mulheres que desenvolveram PE (N=11) e que permaneceram normotensas durante a gestação (N=7). Resultados: Houve uma tendência de níveis aumentados de LTB4 ao longo da gestação em mulheres que desenvolveram PE, a qual foi significativa em 30-34 semanas. Os níveis de LXA4 também tenderam a ser maiores nas gestantes que desenvolveram PE, mas não foi detectada diferença significativa entre os grupos de gestantes em nenhum período gestacional avaliado. As grávidas com PE apresentaram níveis menores de RvD1 e menor razão RvD1/LTB4 no período de 30-34 semanas quando comparadas às gestantes normotensas. Por outro lado, os níveis de RvD1 foram maiores no intervalo de 12-19 semanas nas gestantes que desenvolveram PE. Quando ambos os grupos de gestantes foram avaliados em conjunto, observaram-se níveis maiores de LXA4 e RvD1 no período de 30-34 semanas quando comparado ao de 20-29 semanas. Além disso, foi detectada uma interação entre o desfecho gestacional (gravidez com PE ou normotensa) e o período gestacional apenas para a RvD1. Conclusão: O desequilíbrio entre os níveis de LTB4, LXA4 e RvD1 nesse grupo de gestantes que desenvolveram PE é consistente com a inflamação excessiva que está associada à fisiopatologia da doença. Os dados deste estudo destacam o potencial dos mediadores lipídicos avaliados como biomarcadores para o desenvolvimento da PE. No entanto, estudos longitudinais futuros são necessários para confirmar esses achados.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311129
Benefícios provenientes da prática de exercícios físicos durante a gestação e sua repercussão no trabalho de parto normal
Amanda Silva Florentino1, Matheus Silva Neves dos Santos2, Priscilla Rocha Araujo Nader1, Rubens José Loureiro1
1Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória
2Universidade Norte do Paraná
Introdução: O exercício físico é uma atividade regular que melhora a saúde e o condicionamento físico e gera aumento na qualidade de vida. Essa prática é importante para gestantes porque elas estão em uma fase de constantes mudanças físicas e anatômicas. Sendo assim, é recomendada de forma moderada quando não há contraindicações, configurando-se como uma modalidade segura para a mãe e o feto e possibilitando uma série de efeitos positivos. Objetivo: Descrever os principais benefícios provenientes da prática de exercícios físicos durante a gestação e seus efeitos no trabalho de parto normal. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa realizada na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde durante o mês de abril de 2021. Para a busca, utilizaram-se os descritores: “exercício físico” AND “gravidez” AND “trabalho de parto”. Foram selecionados artigos disponibilizados em texto completo e publicados entre dezembro de 2012 e maio de 2018. A princípio, foram identificados 127 trabalhos, e após a aplicação dos critérios de inclusão, restaram 56 artigos, dos quais seis compuseram a amostra final. Resultados e conclusão: Percebe-se que a prática regular de atividades físicas reduz a ocorrência de incontinência urinária, o ganho excessivo de peso materno, a intensidade da lombalgia e os episódios de edema. Outrossim, a adesão ao exercício físico aumenta o índice de líquido amniótico, além de melhorar o crescimento feto-placentário, colaborando para o bem-estar fetal. Na mãe, os efeitos também são positivos no que se refere à diminuição de chances de incidência de diabetes gestacional e hipertensão arterial sistêmica. Além disso, há a redução das chances de parto prematuro e tem-se a possibilidade de fortalecimento da musculatura pélvica e aumento da flexibilidade dos ligamentos do local, que favorecem a dilatação do colo uterino e o menor esforço no momento do parto, assim como a diminuição da dor. Diante dos benefícios procedentes da prática de atividades físicas regulares, mostra-se necessário que os componentes da equipe multidisciplinar promovam ações que incentivem a prática de exercícios de forma moderada durante a gestação, com a finalidade de potencializar a qualidade de vida e o bem-estar. Sendo assim, esses profissionais devem ter uma visão integral das gestantes para promoverem a saúde e prevenirem o surgimento de doenças crônicas como a diabetes gestacional e a hipertensão arterial sistêmica, principalmente nas mulheres portadoras de fatores de risco para o desenvolvimento dessas patologias.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311130
Características das gestantes e puérperas com COVID-19 em um município do Nordeste do Brasil
Ingrid Iana Fernandes Medeiros1, Ricardo Ney Oliveira Cobucci1, Vivianne Fernandes de Medeiros2, David Franciole de Oliveira Silva1, Dominique Pordeus Araújo1, Maria Leticia de Lima Machado1
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2Maternidade Divino Amor
Introdução: O sistema de vigilância de síndromes respiratórias agudas do Ministério da Saúde brasileiro registrou, até junho de 2020, que 978 gestantes e puérperas foram diagnosticadas com COVID-19 e, delas, 124 faleceram. Entretanto, são raros na literatura estudos que apresentam dados sobre essa população no Brasil. Objetivo: Apresentar características demográficas e clínicas de mulheres comprovadamente infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) na gravidez e no puerpério. Metodologia: Estudo transversal realizado na maternidade pública de Parnamirim, Rio Grande do Norte. Por meio dos dados disponíveis no sistema de vigilância epidemiológica e-SUS, identificamos gestantes e puérperas moradoras do município com reação em cadeia da polimerase (PCR) reagente para SARS-CoV-2. As variáveis demográficas coletadas do sistema de notificação disponível no hospital foram idade, paridade e idade gestacional. Além disso, foram recuperados como dados clínicos: temperatura, saturação de oxigênio em ar ambiente, sintomas e comorbidades. A análise estatística descritiva foi realizada no programa PSPP. Resultados e conclusão: Foram incluídas 18 gestantes e duas puérperas, todas com infecção confirmada por PCR. A idade média foi de 28,5 anos, 75% estavam no segundo e terceiro trimestres da gravidez, com idade gestacional média de 20 semanas, 80% tiveram ao menos um parto prévio e os sintomas mais comuns foram febre, tosse e dor de garganta, sem comprometimento da saturação de oxigênio e sem comorbidades associadas na maioria. As características descritas no presente estudo foram similares às encontradas em diferentes cidades pelo mundo, o que confirma que essa população apresenta alta probabilidade de evoluir sem complicações, desde que respeite o isolamento social e receba orientações para tratar apenas os sintomas, como é observado nos estudos com mulheres adultas fora da gravidez e puerpério.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311131
Carcinoma de colo uterino em gestante
Mariana Schmidt Vieira1, Amanda Roepke Tiedje1, Vitor Leonardo Nandi1, Bianca Ruschel Hillmann1, Luiz Fernando Sommacal1, Alberto Trapani Junior1
1Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: A neoplasia de colo uterino (NCU) é uma das neoplasias mais comuns na gestação (0,8-1,5/10.000 nascimentos), e a principal forma de diagnóstico é o rastreamento citológico. A NCU na gestação demanda uma complexa avaliação, que deve considerar idade gestacional (IG), interrupção ou seguimento da gestação, atraso no início do tratamento, via de parto e tipo de tratamento. Descrição do caso: V.S., 32 anos, primigesta, IG de 10 semanas, sem comorbidades prévias, sexarca aos 18 anos, uso de anticoncepcional oral combinado por 10 anos. Realizou colpocitologia oncótica e foi encaminhada ao serviço de patologia cervical após biópsia de colo uterino com resultado de carcinoma de células escamosas microinvasivo. À colposcopia, observou-se zona de transformação anormal grau maior ocupando os quatro quadrantes do colo uterino com atipia vascular discreta, iodo negativo. Ao toque vaginal (TV), útero compatível com 10 semanas de gestação. Ausência de linfonodomegalias. Paciente prosseguiu seguimento no pré-natal e no ambulatório de patologia cervical e realizou cesariana eletiva com 39 semanas. Noventa dias após a cesariana, à colposcopia, observou-se colo uterino com extensa área de epitélio acetobranco denso com atipias vasculares e sangramento de contato, com propagação desse epitélio para o terço superior da vagina, iodo negativo. Ao TV, colo uterino endurecido, 3 cm. Nova biópsia confirmou carcinoma de células escamosas invasivo, moderadamente diferenciado. Foram realizadas tomografias de tórax, abdômen e ressonância da pelve, que mostraram estadiamento IIA. A paciente foi encaminhada ao serviço de oncologia para quimioterapia e radioterapia, onde segue em acompanhamento. Conclusão: A colposcopia é um procedimento que requer habilidade quando executado em gestantes. Lesões precursoras da NCU devem ter manejo conservador durante a gravidez pelo baixo risco de progressão para lesão invasora. O tratamento da NCU invasora depende do estadiamento, da idade gestacional e do desejo da paciente. No 1º trimestre, sendo uma neoplasia operável, pode-se optar pela cirurgia de Wertheim-Meigs com feto
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311132
Cerclagem pré-concepcional: relato de caso
Aline Fernanda Nascimento1, Giani Renata Cantarani1, Eduarda Rodrigues de Toledo1, Ailton Augustinho Marchi1, Rebeca Otani Pereira Resende1
1Hospital Municipal Universitário de Taubaté
Introdução: A incompetência istmocervical (IIC) denota falha no sistema oclusivo do orifício interno cervical, podendo culminar em esvaecimento e cérvico-dilatação precoce, sendo causa de abortamento tardio ou parto pré-termo. O diagnóstico pode ser realizado durante o período gestacional ou não, avaliando-se antecedentes obstétricos como abortamento de repetição, prematuridade e neomortalidade. A importância do diagnóstico da IIC está no estabelecimento do tratamento precoce, que consiste na cerclagem istmocervical a tempo de evitar perdas gestacionais. O caso relatado é de uma paciente com histórico de abortamentos tardios de repetição que foi submetida a tentativa de cerclagem pela técnica de McDonald sem sucesso, de modo que foi proposta a cerclagem pré-concepcional pela ténica de Shirodkar. Relato de caso: Paciente de 28 anos, com histórico de abortamento tardio de repetição. Primeira e segunda gestações resultaram em abortamento com 18 e 22 semanas, respectivamente. Na 2º gestação, realizou-se ultrassonografia que evidenciou sinais de dilatação do orifício interno e protusão de bolsa. Na 3º gestação, a paciente foi submetida à cerclagem de McDonalds, evoluindo após o procedimento com colo pérvio e expulsão fetal com 20 semanas. Na 4º gestação, foi submetida a pessário, evoluindo em seguida com achado ecográfico de IIC. Fez-se nova tentativa de cerclagem ao se retirar o pessário, sem sucesso, com expulsão fetal. Optou-se pela realização de cerclagem pela técnica de Shirodkar, pré-concepcional. Foram realizadas secção em cunha ao nível da transição do colo com a cúpula vaginal posterior, secção em cunha ao nível da transição do colo com a cúpula vaginal anterior. Transfixou-se fita cardíaca com
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311133
Cisto de úraco infectado em puérpera
Vitor Leonardo Nandi1, Amanda Roepke Tiedje1, Mariana Schmidt Vieira1, Gabriela Effting Crema1, Roxana Knobel1, Alberto Trapani Junior1
1Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: O úraco é um remanescente embrionário obliterado, que se estende do ápice vesical à cicatriz umbilical. Cerca de 30% dos adultos possuem úraco com lúmen e, quando alguma extremidade dessa estrutura está obliterada, há acúmulo de fluido capaz de formar cistos, cujo quadro clínico é inespecífico. Neoplasias podem simular esses cistos, motivo pelo qual eles devem ser ressecados. Relato de caso: Puérpera, 21 anos, G4P4, hígida, evoluiu no 3º dia de puerpério com disúria. Procurou a unidade de saúde no 11º dia, onde recebeu cefalexina para tratamento de infecção do trato urinário (ITU), sem melhora. Evoluiu com dor abdominal em hipogástrio, febre e persistência de disúria. Na admissão da emergência obstétrica, apresentou útero involuído, lóquios fisiológicos, ausência de peritonite, sinal de Giordano ausente. Ultrassonografia pélvica mostrou parede vesical posterior espessa e irregular, massa heterogênea acometendo parede anterior e superior da bexiga, com conteúdo líquido complexo, medindo 8 x 7 cm, que sugeria hematoma ou abscesso. Hemograma evidenciou leucocitose sem desvio e anemia. Foram iniciados clindamicina e gentamicina e indicou-se laparotomia exploradora. Na cirurgia, foi identificado abscesso em recesso vesicouterino. Durante ressecção da cápsula, concluiu-se que se tratava de cisto infectado de úraco. Paciente evoluiu com melhora e recebeu alta hospitalar. Laudo anatomopatológico apresentou cisto com parede de tecido conjuntivo, intenso infiltrado inflamatório e ausência de neoplasia. Conclusão: O cisto de úraco geralmente é descoberto ao acaso em exames de imagem de abdômen e pelve por infecções ou tumores, assim como no caso da paciente relatada. A ultrassonografia é citada como importante método diagnóstico em razão do fácil acesso, da ausência de radiação e de grande parte do úraco ser próximo à parede abdominal, facilitando sua visualização. Tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética podem ser úteis. A sintomatologia é inespecífica, com dor periumbilical e/ou hipogástrica, febre, náuseas, ITU e leucocitose. A paciente do caso em questão cursou com dor em hipogástrio e disúria com exame físico abdominal inespecífico, sendo inicialmente tratada para ITU. Oitenta por cento dos cistos são infectados por Staphylococcus aureus e podem cursar com eritema periumbilical e fístulas. O adenocarcinoma de úraco, em 85% das vezes, é do tipo mucinoso e pode facilmente ser confundido com um cisto. Atualmente, recomenda-se a ressecção cirúrgica eletiva de cistos de úraco pelo risco de neoplasia e de infecção.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311134
Cistoadenoma mucinoso de ovário na gestação: relato de caso
Lara de Siquera Rodrigues1, Bianca do Carmo Schorr1, Leandro Teixeira Abreu1, Andre Luiz Clemente Beralto1, Isabella Soares da Costa Dos Santos1
1Hospital da Mulher Heloneida Studart
Introdução: Tumores ovarianos são raros na gestação e geralmente são benignos, encontrados em estádios precoces e assintomáticos. De forma geral, a presença do tumor não afeta o curso da gestação, e o manejo deve ser individualizado, levando em conta fatores obstétricos e clínicos. O diagnóstico costuma ocorrer no primeiro trimestre e considera história clínica, exames de imagem e marcadores tumorais, sendo o diagnóstico definitivo confirmado após estudo histopatológico da peça. Relato de caso: T.C.V.Q., 23 anos, primigesta, hígida, encaminhada ao pré-natal de alto risco com 35 semanas de idade gestacional em decorrência de massa anexial com surgimento e crescimento durante a gestação, causando dor abdominal e dispneia. A ultrassonografia mostrou massa mista multicística medindo 82x45 centímetros (cm), ocupando a cavidade abdominopélvica à direita, de contornos mal definidos, com imagens ecogênicas de aspecto sólido sem fluxo ao
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311135
Comparação dos resultados gestacionais entre pacientes com síndrome antifosfolipídica trombótica e gestantes com trombose arterial sem síndrome antifosfolipídica
Priscila Guyt Rebelo1, Marcela Ignacchiti Lacerda1, Flávia Cunha dos Santos1, Nilson Ramires de Jesús1, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús1
1Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Introdução: Durante a gravidez, as mulheres têm aumentado de quatro a cinco vezes o risco de trombose, em comparação com quando não estão grávidas. Oitenta por cento de tromboses na gravidez ocorrem nas veias e aproximadamente 20% nas artérias, sendo estas incomuns na gravidez, mas passíveis de ter consequências devastadoras. Entre as pacientes que apresentam trombose arterial e/ou venosa recorrentes, recomenda-se a pesquisa de anticorpos antifosfolípides (aPL) como anticorpo anticardiolipina, anticoagulante lúpico, antibeta2-glicoproteína I para o diagnóstico da síndrome antifosfolipídeo (SAF). Objetivo: Comparar os resultados gestacionais de pacientes que apresentaram trombose arterial sem aPL com pacientes com SAF com história de trombose arterial. Materiais e métodos: Estudo de coorte com gestantes acompanhadas em um pré-natal de alto risco que apresentaram trombose arterial. As pacientes foram divididas em dois grupos: o primeiro consistiu em gestantes que apresentaram trombose arterial com pesquisa para SAF negativa; e o segundo em pacientes com SAF. A coleta de dados foi feita nos prontuários, por meio de um questionário redigido pelos próprios autores. Resultados e conclusão: Vinte e nove pacientes com trombose arterial foram incluídas no presente estudo, das quais 15 com história de trombose, 14 com aPL positivo, confirmando o diagnóstico de SAF (grupo 1), e 15 com aPL negativos (grupo 2). O grupo 1 tinha história obstétrica desfavorável em comparação com o grupo 2 (passado de um natimorto e 13 abortos e na gestação atual um óbito fetal
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311136
Coriocarcinoma pós-parto
Maria Eduarda Richa Fonseca1, Fernanda Freitas Oliveira Cardoso1, Vanessa Campos Baptista1, Márcio Bezerra Barcellos1, Joffre Amim Junior1, Antonio Rodrigues Braga Neto1
1Maternidade Escola, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: O coriocarcinoma (CCA) é a forma agressiva da neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) que se origina em 50% das mulheres após uma gravidez molar, podendo advir de qualquer tipo de gestação: termo/pré-termo, abortamento ou prenhez ectópica. A apresentação clínica do coriocarcinoma depende da extensão da doença e da localização das metástases, sendo o sangramento do sítio primário e metastático uma forma de apresentação frequente dessa doença. Apesar de quase 70% das pacientes possuírem metástases, no momento do diagnóstico, apresentam altas taxas de cura com a quimioterapia. Relato de caso: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética — CAAE: 45689121.5.0000.5275). M.J.S., 30 anos, IG IP, apresentou, cerca de dois meses pós-cesariana de termo (1º de maio de 2020), quadro de sangramento transvaginal volumoso. Buscou atendimento em serviço de emergência após ter realizado ultrassonografia transvaginal (US-TV) e dosagem quantitativa de gonadotrofina coriônica humana (hCG). A US-TV evidenciou endométrio espessado e heterogêneo medindo 26 mm, ovários normais e hCG de 38.420 UI/L. Foi submetida a curetagem uterina, sem intercorrências, com resultado histopatológico de coriocarcinoma. Foi encaminhada para o Centro de Referência em Doença Trofoblástica Gestacional da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi atendida em 1º de julho de 2020. Ao exame físico, apresentava útero aumentado de volume e palpável 3 cm abaixo da cicatriz umbilical. Tomografia (TC) de abdômen total e crânio normais. TC de tórax mostrava discretas áreas de espessamento da pleura parietal posterior em terço médio inferior do pulmão esquerdo. Estadiamento anatômico I (FIGO 2018), escore de risco da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia/ Organização Mundial da Saúde (FIGO/OMS) 6 (baixo risco). Iniciou tratamento com metotrexato com resgate do ácido folínico, para o qual desenvolveu quimiorresistência após quatro ciclos. Foi então tratada com quatro ciclos de carboplatina, também com resposta insatisfatória, quando finalmente se curou com quatro ciclos do regime etoposide, metotrexate, actinomicina-D, ciclofosfamida e oncovin (EMA/CO), recebendo ainda mais três ciclos de quimioterapia de consolidação. Conclusão: Habitualmente, 42 dias pós-parto o hCG retorna ao valor normal. Anamnese, exame físico e elevação de hCG são os elementos fundamentais para o diagnóstico precoce do CCA pós-parto. A biópsia, nesses casos, deve ser evitada pelo risco de hemorragia catastrófica e ameaçadora à vida. Apesar de 1/3 das pacientes com CCA desenvolver quimiorresistência ao tratamento inicial, cerca de metade de todos os casos é curada com a quimioterapia. Outras propostas terapêuticas podem ser necessárias, como metastectomia, radioterapia ou histerectomia. As decisões terapêuticas devem ser realizadas por uma experiente equipe multidisciplinar em centro de referência em tratamento de NTG.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311137
Coriocarcinoma tubário: relato de caso
Maria Eduarda Richa Fonseca1, Fernanda Freitas Oliveira Cardoso1, Vanessa Campos Baptista1, Joffre Amim Junior1, Jorge Fonte de Rezende Filho1, Antonio Rodrigues Braga Neto1
1Maternidade Escola, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: O coriocarcinoma gestacional (CCA-G) é neoplasia oriunda do tecido trofoblástico, de natureza anaplásica, altamente vascularizada, invasiva e com potencial metastatizante. Origina-se em 50% das mulheres após a gravidez molar, mas pode decorrer de qualquer tipo de gestação: termo/pré-termo, aborto ou prenhez ectópica. Sua apresentação clínica depende da extensão da doença e da localização das metástases, sendo o sangramento do sítio metastático a forma de apresentação mais frequente. O acometimento vaginal corresponde a cerca de 30% das metástases. Os principais desafios diante do CCA-G metastático são o diagnóstico precoce e a condução das complicações relacionadas à hipervascularização tumoral. Relato de caso: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética — CAAE: 45689121.5.0000.5275). F.L.A.V., 29 anos, IIIG IP IA (cesariana em 2010 e abortamento em 2019), iniciou sangramento transvaginal discreto em março de 2020, com posterior intensificação dos sintomas. No dia 25 de julho de 2020, realizou ultrassonografia que mostrou útero medindo 85x37x48 mm, endométrio de 5,1 mm de espessura, ovário esquerdo normal e direito não visualizado, evidenciando- se massa heterogênea de 89x59 mm e moderada quantidade de líquido livre em região anexial direita. Procurou emergência obstétrica na cidade do Rio de Janeiro, onde foi diagnosticada com gestação tubária rota e submetida a laparotomia com salpingectomia à direita em 26 de julho de 2020. Enviou-se material com fragmentos irregulares de tecidos vinhosos e tuba uterina ao histopatológico, com laudo de coriocarcinoma. A paciente foi encaminhada ao Centro de Referência (CR) de Doença Trofoblástica Gestacional da Maternidade Escola da UFRJ para seguimento, ao qual compareceu em 27 de setembro de 2020. Foram realizadas anticoncepção, ultrassonografia pélvica-transvaginal, dosagem hormonal de gonadotrofina coriônica humana (hCG) e revisão do bloco de parafina (que confirmou coriocarcinoma infiltrando músculo liso, com presença de extensa necrose e êmbolos neoplásicos, e trompa exibindo edema e congestão difusa). Em 30 de setembro de 2020, a paciente foi diagnosticada com neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) estádio I:6 e iniciou tratamento com três ciclos de metotrexato com resgate do ácido folínico entre os dias 7 de outubro e 18 de novembro de 2020. Após diagnosticar-se quimiorresistência, foram empregados quatro ciclos do regime que contempla etoposide, metotrexate, actinomicina-D, ciclofosfamida e oncovin (EMA/CO) entre os dias 30 de novembro de 2020 e 1º de evereiro de 2021, com o qual atingiu a remissão da doença, recebendo ainda mais três ciclos de quimioterapia de consolidação. Conclusão: O tratamento apropriado dos casos de coriocarcinoma é fundamental para evitar-se morte materna. A melhor chance para uma paciente com NTG, nessas condições, alcançar a cura é o acesso a tratamento especializado e precoce em um CR para NTG.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311138
COVID-19 na gestação: caraterísticas das gestantes com infecção por coronavírus em um hospital da região amazônica
Yuramis Montirl Espinosa1, Maria da Conceição Ribeiro Simões2, Atinelle Teles Novais1, Elton Lemos Silva2
1Residência Médica Maternidade Municipal Mãe Esperança
2Centro Universitário Aparício Carvalho
Introdução: Mulheres grávidas são consideradas um grupo de alto risco para o novo coronavírus (COVID-19). A existência de novas cepas na região amazônica em 2021 aumentou rapidamente o número de casos confirmados, elevando a morbimortalidade materna. Diante das preocupações sobre o efeito da COVID-19 durante a gravidez e nos neonatos, a quantificação de seus fatores de risco, resultados maternos e perinatais é essencial para o planejamento de estratégias de combate à atual pandemia. Objetivo: Caracterizar as variáveis associadas, em gestantes, com confirmação de infecção por coronavírus (COVID-19) de um hospital da região amazônica. Métodos: Estudo transversal e retrospectivo que utilizou o banco de dados do hospital. O critério de inclusão foram gestantes com confirmação de COVID-19, admitidas no setor de isolamento do hospital por qualquer motivo no período de fevereiro a março de 2021. Resultados: Foram incluídas 54 mulheres grávidas. Observamos que 34 (62,96%) gestantes se internaram no hospital por COVID-19 com sintomas de moderados a graves e 20 (37,04%) por outras causas; delas, 23 (42,5%) possuíam comorbidades preexistentes, 10 (18,5%) apresentavam hipertensão arterial crônica ou gestacional, oito (14,8%) diabetes
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311139
COVID-19: evolução clínica e desfechos obstétricos em um centro terciário
Mateus Leonardo Sinis1, Ramade Calil Carneiro da Silva1, Marcela Ignacchiti Lacerda Ávila1, Flávia Cunha dos Santos1, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus1, Nilson Ramires de Jesus1
1Hospital Universitário Pedro Ernesto
Introdução: A COVID-19 é causada pelo coronavírus 2 (SARS-CoV-2), um vírus de ácido ribonucleico fita simples que emergiu no final de 2019 em Wuhan, província de Hubei, na China. Pode ter evolução assintomática, apresentando casos leves, que são maioria, ou evolução crítica, que cursa com a síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Segundo o Ministério da Saúde, gestantes e puérperas até o 14º dia de pós-parto devem ser consideradas grupo de risco para COVID-19. No ano de 2020, 10.267 gestantes foram hospitalizadas por SRAG, das quais 4.773 foram confirmadas para COVID-19 e 350 evoluíram para óbito. Objetivo: Avaliar a evolução clínica e os desfechos obstétricos de gestantes e puérperas com COVID-19 acompanhadas no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no período de março de 2020 a abril de 2021. Materiais e Métodos: Estudo de coorte retrospectiva, realizado no HUPE/UERJ. Foram selecionados todos as gestantes e puérperas com COVID-19 que estavam em acompanhamento no pré-natal e ou foram internadas na unidade. As pacientes incluídas tiveram todos os dados de seus prontuários físicos e eletrônicos revisados e preenchidos em um roteiro semiestruturado e em tabela de Excel. Resultados: No total, foram acompanhadas 41 pacientes, 35 gestantes e seis puérperas nas unidades de COVID-19 do HUPE. Apenas 48,6% faziam acompanhamento prévio no pré-natal do Hospital; o restante chegou por meio de transferências de outras unidades. Na análise das 35 gestantes, a mediana de idade foi 29,9 anos (desvio padrão 6,8; mínimo 15 e máximo 42 anos) e 34,3% eram primíparas, com 28 semanas de média de idade gestacional no momento da internação. Com relação a comorbidades prévias, 60% tinham alguma patologia, sendo 20% hipertensão arterial; 17,1% obesidade; 9% diabetes; doenças autoimunes 15,3%, renais 14,3% e pulmonares 11,4% e 8,6% possuíam doenças cardíacas. Os sintomas mais prevalentes nas gestantes foram febre (60%), dispneia (37,1%) e tosse (31,4%.) Internaram-se em unidade de terapia intensiva (UTI) 20%, e 8,6% foram a óbito. Do total analisado, 20% das pacientes tiveram abortos, com a menor idade gestacional de 12 semanas e a maior de 22. Entre as pacientes que evoluíram para parto durante a internação, 68,9% fizeram cesarianas, com 68,9% de partos prematuros. As outras seis pacientes receberam alta como gestantes. Entre as seis puérperas, a mediana de idade foi 30,6 anos (desvio padrão 5,7; 22-38 anos) e apenas uma tinha comorbidades prévias. Todas internaram-se com diagnóstico de COVID-19 até sete dias após o parto. Os sintomas mais comuns no momento da internação foram dispneia (83,4%) e febre (50%). Internaram-se em UTI 50%, e 16,7% foram a óbito. Todas as puérperas internadas tiveram parto cesáreo, e apenas dois deles ocorreram no HUPE. Conclusão: A infecção pelo SARS-CoV-2, nesta coorte, parece ter aumentado as internações e óbitos maternos por causas não obstétricas e teve impacto na taxa de partos cesáreos e nascimentos prematuros. Porém, mais estudos são necessários para compreender o comportamento viral no ciclo gravídico- puerperal.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311140
Degeneração de leiomioma de ligamento largo em puérpera
Isabella Soares da Costa dos Santos1, Leandro Teixeira Abreu1, Deise da Costa Oliveira1, Ligia Cardoso de Oliveira1
1Hospital Da Mulher Heloneida Studart
Introdução: Os leiomiomas uterinos são tumores monoclonais benignos originados das células musculares lisas do miométrio. São considerados os tumores pélvicos mais comuns, acometendo mulheres tipicamente em idade reprodutiva e podendo cursar com efeitos adversos. O leiomioma extrauterino (<1%) é mais frequentemente localizado no ligamento largo do útero, porém a sua incidência real é desconhecida, já que é muito raro. Relato de caso: C.C.D.S., 33 anos, 7° dia pós-cesárea de gemelar, em uso de clexane por suspeita de trombose venosa profunda em membro inferior direito e controle pressórico em razão de hipertensão gestacional, inicia um quadro de sangramento por ferida operatória associado a dor abdominal difusa e parada de eliminação de fezes. Foi submetida a laparatomia, com achado cirúrgico de volumosa tumoração retrouterina, na qual podia evidenciar-se intenso foco de sangramento. A histerorrafia não apresentava foco de sangramento. Realizou-se histerectomia total, com rigorosa revisão da hemostasia. Tumoração de 15 cm de diâmetro, de localização para-anexial esquerda, aderida a planos profundos e infundíbulo pélvico esquerdo, que dificuldava a delimitação do ureter. Optou-se por não proceder à exérese da massa tumoral por causa da aderência. O estudo histopatológico confirmou o diagnóstico de leiomiooma. Conclusão: Nosso caso contempla a rara localização retroperitoneal de um leiomioma, parasitando o ligamento largo. Esses tumores histologicamente benignos são frequentemente muito grandes e podem comprimir uretra, colo vesical e ureter. Enfatizamos a importância do reconhecimento de locais extrauterinos para que medidas diagnósticas e terapêuticas sejam executadas mais brevemente.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311141
Desafios no diagnóstico das síndromes disautonômicas na gestação: relato de caso
Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa1, Paula Faria Campos1, Kelma Luana Abreu de Siqueira1, Lorena da Silva Rosa1, Catharina Maria Facciolli Blum1, Carolina Genaro Pultrin1
1Hospital Materno Infantil de Brasília
Introdução: A gestação é um período singular, no qual alterações fisiológicas podem exacerbar os sintomas das síndromes disautonômicas. A síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS) é uma disautonomia simpática caracterizada pelo aumento de ≥30 batimentos por minuto (bpm) na frequência cardíaca quando em posição ortostática, sem hipotensão, que pode estar associada a cefaleia, vertigem, ansiedade, turvação visual e síncope em pacientes acima de 19 anos. Os sintomas de taquicardia no paciente com a síndrome de POTS podem ser desencadeados por: hipovolemia, quando a diminuição da pré-carga provoca a taquicardia reflexa; disfunção neuroendócrina com estado hiperadrenérgico; e disautonomia do sistema nervoso adrenérgico. Por outro lado, a síncope vasovagal vasoplégica ocorre em consequência de uma hipotensão por bradicardia associada ou não a vasodilatação periférica. Relato de caso: Gestante, 20 anos, primigesta, 33 semanas, com história de transtorno depressivo recorrente, com tentativas de suicídio impulsivas e síncope quando em posição ortostática por mais de 10 min. Ao exame físico, apresenta frequência cardíaca de 108 bpm quando sentada; 118 bpm e tontura leve quando em pé por 3 min; 138 bpm e turvação visual quando em pé por 7 min; e 140 bpm, com piora dos sintomas, quando em pé por 10 min. O
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311142
Descoberta da gravidez após morte cerebral materna: relato de caso
Bianca Marchi1, Phillippi Vinicius do Livramento Pamplona1, Raquel Ronconi Tomaz da Silva1, Arieli Carini Michels1, João Vilson Claudio Teixeira1
1Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí
Introdução: Acidentes vasculares cerebrais podem apresentar lesões irreversíveis em longo prazo, como quadros hemorrágicos cerebrais com evolução para a morte encefálica. Nesse viés, após a morte cerebral, o corpo materno ainda permanece com suas funções fisiológicas, contanto que haja um suporte adequado para suprir as necessidades fetais. Ademais, é necessário ponderar as adversidades encontradas no processo de desenvolvimento do feto nessa circunstância, e se de fato seria viável mantê-lo em condições favoráveis, sem comprometer seu crescimento. Objetivo: Relatar um caso de descoberta da gravidez após um quadro de morte cerebral. Relato de caso: Feminina negra, 37 anos, G8P6C1, com histórico de laqueadura tubária, obesa e hipertensa, sem medicamentos em uso contínuo, residente na região do Alto Vale do Itajaí/SC, Brasil. Após o chamado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em 28 de junho de 2020, verificou-se que a paciente tinha histórico de cefaleia há 15 dias, associada a náuseas e vômitos e dores nos membros inferiores durante o dia. No local, apresentava movimentos clônicos e perda de consciência, com evolução para parada cardiorrespiratória. Realizou-se tomografia computadorizada de crânio, que demonstrou hemorragia subaracnóidea frontoparietal com focos difusos. Ao exame neurológico, apresentava
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311143
Descolamento prematuro de placenta grave em adolescente: relato de caso
Caroline Graça Mota Damasceno1, Bruna Obeica Vasconcellos1, Alberto Alves Borges2, Jacqueline Assumção Silveira Montuori1, Osvaldo Luiz Aranda2, Jorge Fonte de Rezende Filho1
1Fundação Técnico-Educacional Souza Marques
2Hospital Maternidade Carmela Dutra
Introdução: A gestação durante a adolescência está relacionada com mudanças psicossociais, início tardio de pré-natal e também a complicações obstétricas e neonatais, sendo as mais importantes a doença hipertensiva específica da gestação, prematuridade e baixo peso ao nascer. Uma das principais causas de sangramento na segunda metade da gestação é o descolamento prematuro de placenta (DPP), caracterizado pela separação da placenta antes do nascimento do concepto, podendo causar danos severos maternos e fetais dependendo da extensão da área descolada. Relato de caso: L.B.S., 14 anos, branca, do lar, previamente hígida, primigesta sem intercorrência no pré-natal com sete consultas já realizadas, dá entrada em maternidade com quadro de dor abdominal intensa e metrossístoles de início súbito, com idade gestacional de 31 semanas e 2 dias pela primeira ultrassonografia realizada. Ao exame, estava hipocorada (+3/+4), com pressão arterial 131x88 mmHg, frequência cardíaca 110 bpm, saturação de oxigênio 97% e afebril. O tônus uterino encontrava-se aumentado, sem atividade, e o batimento cardíaco fetal inaudível ao sonar. Ao toque, o colo uterino estava fechado, grosso e posterior. A paciente foi encaminhada urgentemente para o centro cirúrgico para a realização de cesariana, com área de descolamento prematuro de placenta de 100% e extração de natimorto do sexo masculino, 1245 g. Após a extração, observou-se atonia uterina e efetuaram-se massagem uterina, aplicação local de ocitocina, misoprostol sublingual e retal, com boa resposta às manobras, não sendo necessária a histerectomia subtotal. No pós-operatório imediato, foi identificada importante anemia, sendo necessária a hemotransfusão de duas bolsas de concentrado de hemácias e duas de plasma fresco, bem como transferência para cuidados intensivos em outra unidade. Após 10 dias, a paciente recebeu alta, com suplementação para anemia. Conclusão: A incidência de DPP varia de 0,3 a 1%, frequência que tem aumentado nos últimos anos, e os casos graves o suficiente para ocasionarem óbito fetal correspondem a 0,12%. Sua etiologia pode ser variada e atualmente a causa principal, quando não há história de trauma, é o aumento dos níveis pressóricos, podendo corresponder a 40% dos casos. O diagnóstico é majoritariamente clínico e a conduta, nos casos agudos, vai depender dos sinais vitais maternos e da viabilidade fetal. Caso ocorra instabilidade hemodinâmica materna, sinais de coagulopatia e distúrbios hidroeletrolíticos, estes devem ser corrigidos simultaneamente à interrupção, que deve ser realizada pela via mais rápida. O caso em discussão, na classificação de Sher 3A, teve desfecho favorável, mesmo com a necessidade de medidas invasivas para seu controle. Assim, a paciente em questão deve ser orientada sobre os sinais e sintomas para evitar quadro tão grave em gestação futura, visto que a taxa de recorrência é de 15 a 20 vezes maior em pacientes que apresentaram DPP em gestação anterior.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311144
Diagnóstico clínico e ultrassonográfico de uma gestação ectópica abdominal: relato de caso
Thyene de Vilhena1, Kamilla Fernanda Babilônia Corrêa1, Alba Larissa dos Santos Esperidiao1, Isabela Furtado Guiotti1, Sabrina Carpanez Veiga1
1Maternidade Odete Valadares
Introdução: Uma gravidez extrauterina é denominada de ectópica. A gestação ectópica abdominal caracteriza-se por uma implantação na cavidade peritoneal. É um evento raro, com incidência de 1,4% das gestações ectópicas e um a cada 10 mil nascimentos. Seus fatores de risco são dano tubário prévio, doença inflamatória pélvica, endometriose, reprodução assistida e multiparidade. A sua compreensão é de grande importância, visto que ela é a principal causa de mortalidade materna no primeiro trimestre, responsável por 4-10% de todas as mortes relacionadas à gravidez. Relato de caso: E.A.L., 36 anos, G2P0E1, com idade gestacional (IG) de nove semanas e seis dias pela data da última menstruação, foi atendida em pronto atendimento no dia 8 de abril de 2021 com queixa de dor em fossa ilíaca esquerda, sem sangramento ou outro sintoma. Relatava passado de gestação ectópica, dois anos antes, de localização em tuba uterina esquerda, quando foi submetida a salpingectomia à esquerda. Em seu primeiro ultrassom, com IG de cinco semanas, não foram revelados sinais de gestação intrauterina. Ao exame físico, a paciente apresentava dor discreta à palpação abdominal de fossa ilíaca esquerda e toque vaginal bimanual não doloroso. Apesar do exame, no momento, não ser rico para gestação ectópica e a dor se localizar no mesmo local da gestação ectópica anterior, optou-se por solicitar um ultrassom endovaginal por causa dos fatores de risco e da não visualização de saco gestacional com IG de cinco semanas. A ultrassonografia mostrou a presença de saco gestacional em hipocôndrio esquerdo, medindo 28,5 mm e contendo embrião de 24,7 mm, com batimentos cardíacos presentes e pequena quantidade de líquido livre na pelve. A paciente manifestou o desejo de procurar outro serviço apesar das orientações dos riscos do deslocamento e da evasão. Foi submetida a laparotomia em 9 de abril de 2021, em outro hospital. Conclusão: Em razão da localização variável no abdômen, a gravidez abdominal está associada a uma ampla gama de sinais e sintomas. Assim, um alto índice de suspeita, considerando-se os fatores de risco de cada paciente, é importante para se fazer o diagnóstico. A clínica de uma gestação ectópica abdominal nem sempre é clássica. O sangramento vaginal, por exemplo, é menos frequente, mas em alguns casos também pode estar presente. Percebe-se que uma avaliação global da paciente se faz necessária. As gravidezes abdominais na maioria dos casos são interrompidas, pois o potencial de parto de um bebê saudável é baixo e o risco de complicações maternas é alto. Diante disso, o diagnóstico precoce reduz complicações e permite o sucesso terapêutico.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311145
Diagnóstico de miomatose uterina durante a gestação: desafios relacionados ao cuidado pré-natal e ao parto
Ana Sanches Prazeres1, Teresa Cristina Tavares Beim Alves1, Bruna Obeica Vasconcellos1, Jacqueline Assumção Silveira Montuori1, Priscila de Almeida Torre1
1Hospital Maternidade Fernando Magalhães
Introdução: O leiomioma uterino é o tumor pélvico benigno mais frequente do aparelho reprodutivo feminino, para o qual se estima a prevalência de 1:5 mulheres em idade reprodutiva. Seu diagnóstico ocorre principalmente em torno da quarta década de vida, e sua incidência em associação à gravidez é crescente, tendo sido relacionada ao aumento da idade da primeira gestação e à influência do estado hormonal gravídico. Paralelamente, a miomatose apresenta-se como fator de risco independente para parto pré-termo e ruptura prematura de membranas, hemorragia pós-parto, desproporção cefalopélvica e baixo peso ao nascer e associa-se à maior proporção de partos cesáreos. Relato de caso: Paciente de 40 anos, GIIIPI, hipertensa e hipotireóidea, iniciou o pré-natal no primeiro trimestre, com medida de fundo uterino de aproximadamente 20 cm. Na primeira consulta, solicitaram-se rotina laboratorial e ultrassonografia obstétrica, a qual diagnosticou múltiplos miomas não mensurados. Durante o pré-natal, o crescimento do fundo de útero foi desproporcional em relação à idade gestacional; próximo ao termo, a paciente apresentava medida de 52 cm, com idade gestacional de 36 semanas e 3 dias. Optou-se por cesárea eletiva com 37 semanas por conta do volume uterino, das queixas álgicas e do desconforto respiratório, e, pelo fato de a paciente apresentar prole constituída, optou-se por histerectomia eletiva concomitante à cesariana. Realizou-se a internação da paciente com reserva de sangue. Os procedimentos foram realizados sem intercorrências, e mãe e filho receberam alta após 48 horas. Conclusão: De acordo com estudos recentes, a miomatose uterina tem prevalência avaliada entre 3 e 10% de todas as gestações e é em muitos casos diagnosticada por ocasião do rastreio ultrassonográfico pré-natal, visto que a grande maioria dos casos é assintomática. Uma vez descoberta, é importante seu acompanhamento para que se esteja alerta para desfechos maternos e fetais desfavoráveis, verificados em aproximadamente 30% dos casos. Há comprovação de variação significativa do tamanho dos miomas no decorrer da gravidez, mais acentuadamente durante o primeiro trimestre e em miomas detectados com mais de 5 cm. Em relação a tamanho e localização, é descrito que miomas grandes e próximos à cérvix uterina estariam mais ligados a hemorragia puerperal intensa e maiores taxas de partos cesáreos, enquanto a presença de múltiplos miomas estaria relacionada a partos pré-termo e apresentações anômalas. A indicação da via de parto deve levar em consideração tanto a saúde materna quanto a vitalidade fetal e ponderar sobre a possibilidade de prematuridade, baixo peso ao nascimento e restrição do crescimento intrauterino. Ainda que a presença de leiomioma uterino não seja indicação formal para a realização de operação cesariana, cada caso deve ser individualizado e levar em consideração os riscos implicados, atentando ao fato de que a miomatose é a principal causa de histerectomia, que é considerada seu tratamento definitivo.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311146
Diagnóstico de rabdomiossarcoma orbital durante a gestação: relato de caso
Mariane Albuquerque Reis1, Pedro Henrique Braga de Avila1, Michelly Nóbrega Monteiro1, Ingrid Iana Fernandes Medeiros1, Marina Beatriz de Carvalho Lima1, Marcela Almeida Brunet de Sá1
1Maternidade Escola Januário Cicco, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Introdução: O rabdomiossarcoma de órbita é uma neoplasia essencialmente de crianças e adultos jovens, que ocorre na maioria dos vezes em pessoas com menos de 15 anos. Há poucos casos descritos na literatura do diagnóstico durante gestação. Relato de caso: Paciente de 16 anos, encaminhada para realizar o pré-natal de alto risco em razão do diagnóstico de rabdomiossarcoma em órbita direita, com metástase para linfonodos e parótida. Foi diagnosticada com 14,2 semanas de gestação no hospital de infectologia, quando foi admitida por lacrimejamento, aumento de volume ocular, dor ocular direita e alteração visual (diminuição da acuidade e diplopia) havia um mês. Prescreveram-se ceftriaxona, oxacilina e dexametasona por sete dias, sem melhora. Realizaram-se tomografia de crânio, que visualizou lesão expansiva em região de órbita direita, com proptose ocular e destruição óssea adjacente, e biópsia com imuno-histoquímica que demonstrou rabdomiossarcoma alveolar. A paciente foi encaminhada para seguimento no serviço de oncologia e obstetrícia de alto risco. Na primeira consulta estava com 22,4 semanas e havia realizado três sessões de quimioterapia semanal com vincristina + carboplatina + doxorrubicina desde 5 de novembro de 2020 em hospital de oncologia, e havia proposta de fazer mais cinco sessões antes da interrupção da gestação, programada inicialmente para 28 semanas pela equipe da oncologia. A paciente realizou ultrassonografia morfológica em 2 de dezembro de 2020, que mostrou morfologia normal e exames laboratoriais sem alterações. Durante o acompanhamento pré-natal, houve crescimento fetal adequado, assim como boa vitalidade fetal em exames clínicos e ultrassonográficos. O último ciclo de quimioterapia deu-se em 25 de janeiro de 2021, e foi programada a interrupção da gravidez para 12 de fevereiro de 2021, quando seriam completadas 34 semanas. Prescreveu-se betametasona para corticoterapia anteparto para amadurecimento pulmonar em 9 de fevereiro de 2021, e a paciente foi internada no dia 10 de fevereiro para a programação de cesárea, que foi efetuada no dia 12, com recém-nascido vivo, do sexo masculino, Apgar 9/9, com cuidados de pediatra imediatos após clampeamento oportuno do cordão umbilical. Apresentou peso de 2150 g, estatura de 44 cm e perímetro cefálico de 31 cm. A paciente evoluiu bem durante puerpério imediato e referia estar emocionalmente estável, com estratégias de enfrentamento adaptativas. Foi contraindicada a amamentação. O recém-nascido estava adequado para a idade gestacional, inicialmente sem alterações ao exame físico, com baixo peso, e apresentou icterícia durante os primeiros dias de vida, necessitando de realização de fototerapia. Realizou teste do coraçãozinho normal em 14 de fevereiro de 2021. Após sete dias mãe e filho receberam alta, com programação de nova sessão de quimioterapia para 22 de fevereiro. Conclusão: A presença de proptose acompanhada de sinais de inflamação de início agudo é comumente causada na infância e adolescência por celulite orbitária, porém deve sempre ser considerada a hipótese diagnóstica de rabdomiossarcoma, haja vista a dificuldade de diferenciar ambos os diagnósticos com base em achados clínicos.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311147
Diagnóstico diferencial entre gestação heterotópica e gestação ectópica com Arias-Stella: relato de caso
Thyene de Vilhena1, Felipe Clemente Colbert Câmara1, Lígia Sant Ana Bonisson1, Talita Alvarenga Petrini Carvalho1, Sabrina Carpanez Veiga1, Silvio Guedes de Assis Martinelli2
1Maternidade Odete Valadares
2Hospital Belo Horizonte
Introdução: A gestação ectópica é caracterizada pela implantação do blastocisto em uma localização diferente da cavidade uterina. A compreensão de sua etiologia, fatores de risco e correto diagnóstico faz-se necessária para reduzir a mortalidade materna nesse período, pois ela ainda é a principal causa de óbito materno no 1º trimestre gestacional. Já a gestação heterotópica corresponde à presença de gestações simultâneas em dois locais de implantação diferentes. É um evento raro, que ocorre em 1:30.000 gestações. O diagnóstico precoce da gravidez heterotópica é difícil. Assim, um alto índice de suspeita é importante. Relato de caso: I.E.S., 37 anos, G4PC3, salpingectomia bilateral há 10 anos, com atraso menstrual de seis semanas e cinco dias e gonadotrofina coriônica humana beta (beta-HCG) de 61,87 em 6 de fevereiro de 2021. Compareceu ao pronto atendimento em 7 de fevereiro de 2021, estável, com queixa de sangramento vaginal em pequena quantidade há uma semana, associado a cólicas. Ao exame, identificou-se dor em anexo direito à palpação bimanual e colo fechado. Solicitou-se novo beta-HCG com valor de 1.021,2. Durante a observação, a paciente evoluiu com expulsão de material amorfo e colo aberto. O material foi enviado para estudo. Apesar de o quadro ser compatível com aborto em evolução, optou-se pela realização do ultrassom transvaginal em razão da salpingectomia prévia: foram identificados material heterogêneo em cavidade uterina compatível com aborto espontâneo e massa heterogênea em região anexial direita compatível com gestação ectópica rota. Aventou-se a hipótese de gestação heterotópica. A paciente foi submetida a laparotomia exploradora, com identificação de gestação ectópica rota em tuba uterina direita. Ao fim, o resultado do exame anatomopatológico identificou uma gestação ectópica em tuba uterina direita e fenômeno de Arias-Stella. Conclusão: Atenção especial deve ser dada às pacientes com fatores de risco para gestação ectópica, como cirurgia tubária prévia, gestação ectópica prévia, tabagismo, infertilidade na vigência de atraso menstrual e sangramento vaginal. O diagnóstico deve ser complementado com exame de imagem, dosagem de beta-HCG e, excepcionalmente, curetagem uterina para identificar a reação de Arias-Stella ou a presença de restos ovulares. Apesar da alta probabilidade de se tratar de uma gestação heterotópica nesse caso, o diagnóstico final é obtido apenas com o laudo anatomopatológico. Destaca-se a necessidade da avaliação global da paciente. Dessa forma, é possível aumentar a precisão diagnóstica, o diagnóstico precoce e a chance de sucesso terapêutico. Por fim, possibilita-se alcançar um dos maiores objetivos da obstetrícia, que é a redução da mortalidade materna.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311148
Dificuldade diagnóstica de embolia pulmonar diante da pandemia de COVID-19
Kiara de Medeiros Braga Cruz1, Fernanda Fernandes Figueira1, Mariana Monteiro Rangel Pacheco1, Polyana de Paula Mendes Machado1, Ianne Montes Duarte1, Consuelo Chicralla Martins2
1Associação Fluminense de Assistência à Mulher, à Criança e ao Idoso
2Hospital Plantadores de Cana
Introdução: Considerada como uma causa importante de morbimortalidade materna, a doença tromboembólica incide em 0,05-0,3% das gestações. Possui como fatores de risco modificações do organismo materno que levam à hipercoagulabilidade, além de fatores intrínsecos da paciente como obesidade, idade, história prévia e familiar de doença tromboembólica, varicosidade, entre outros. Seus sintomas compreendem dispneia, precordialgia e tosse acompanhada de hemoptise. Na conjuntura de pandemia, na qual os sintomas de várias doenças confluem, é de suma importância realizar o diagnóstico diferencial, não abrindo mão de investigar doenças mais incomuns. Objetivo: Relatar o caso de uma paciente com embolia pulmonar durante a gravidez e correlacionar a pandemia de COVID-19 como obstáculo diagnóstico. Métodos: As informações foram obtidas por meio do acompanhamento da paciente, de diagnóstico de imagem, além de revisão de prontuário e pesquisa bibliográfica nas bases de dados:
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311149
Doença hemolítica perinatal em gestação gemelar dicoriônica diamniótica: relato de caso
Maria Eduarda Furtado Fernandes Terra1, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús1, Eduardo Teixeira da Silva Ribeiro1, Fernando Maia Peixoto Filho1
1Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz
Introdução: Apesar da implementação da profilaxia com imunoglobulina antiD, a doença hemolítica perinatal (DHPN) continua a ser importante causa de morbidade perinatal. Casos de DHPN em gestações múltiplas são um desafio à prática clínica, pois há dificuldade técnica tanto para a realização de
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311150
Esteatose hepática aguda da gravidez: fatores de risco, diagnóstico e tratamento
Geovanna Calazans Corrêa1, Isabella Nascentes Tanizaki Coelho2, Márcio Rabelo Mota1
1Instituição de Ensino Superior de Brasília, Centro Universitário de Brasília
2Universidade de Vassouras
Introdução: A esteatose hepática aguda da gravidez (EHAG) é uma emergência obstétrica rara, mas letal, determinada pela insuficiência hepática materna e que pode causar consequências para a mãe e para o feto, até mesmo a morte. A fisiopatologia dessa doença tem sido relacionada a defeitos no metabolismo de ácidos graxos na gravidez, principalmente no contexto de defeitos genéticos fetais na oxidação desses ácidos, que resultam em aumento materno no nível sérico de ácidos graxos durante a gestação. Por sua raridade e letalidade, torna-se crucial abordar a fisiopatologia dessa doença cada vez mais. Objetivo: Analisar os fatores de risco, o diagnóstico e os meios de tratamento da EHAG. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura realizada por meio de busca na base PubMed com os descritores (“acute fatty liver” AND “pregnancy”), na qual foram encontrados 79 artigos dos últimos cinco anos. Como critérios de inclusão: publicações na íntegra e nos idiomas inglês e português. Por fim, foram selecionados os estudos que descreviam minuciosamente a fisiopatologia da EHAG e foram utilizados 13 artigos para a revisão. Resultados e conclusão: A EHAG já foi considerada uma doença extremamente rara na gravidez, mas com o avanço do conhecimento e o diagnóstico precoce os casos mais leves estão sendo reconhecidos. Atualmente, a prevalência estimada é de um a três casos a cada 10 mil gestações. Em uma revisão de literatura do ano de 2019, os fatores de risco associados à EHAG encontrados foram múltiplas gestações, fetos masculinos, distúrbios gordurosos do metabolismo de ácidos graxos no feto e episódios anteriores de EAHG. Um estudo de caso controle realizado entre 2010 e 2019 em um hospital terciário para doenças hepáticas na China considerou os seguintes aspectos clínicos e laboratoriais para o diagnóstico: sintomas de anorexia, náusea, vômito, icterícia, fadiga, preferência por comida fria e função hepática anormal durante o terceiro trimestre da gravidez ou no início do período pós-parto; resultados laboratoriais característicos, incluindo níveis elevados de alanina transaminase, bilirrubina e creatinina sérica, tempo de protrombina prolongado e hipoglicemia; ultrassonografia mostrando fígado gorduroso ou biópsia hepática com alterações patológicas características; além de todas as pacientes exibirem seis ou mais dos critérios de Swansea, o que confirmou objetivamente o diagnóstico de EAHG. Em relação às medidas terapêuticas, assim que houver diagnóstico ou alta suspeita de EAHG, a interrupção imediata da gravidez e o tratamento de suporte são cruciais, uma vez que não há relatos de continuação da gravidez sem aumentar a deterioração da função hepática, o que pode levar, até mesmo, à falência total hepática.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311151
Esteatose hepática aguda na gestação: um relato de caso
Paullini Silva Moreira1, Suelen Peixoto Marinho de Deus1, Claudia Lourdes Soares Laranjeira1, Lorena Ventura Brandão1, Melina Cançado Araújo Faria1
1Hospital Mater Dei
Objetivo: Revisar o diagnóstico e o tratamento da esteatose hepática aguda da gestação (EHAG). Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 30 anos, primigesta na 36ª semana de gestação, pré-natal de risco habitual, foi admitida com relato de icterícia, dor abdominal difusa e náuseas. Negava febre, colúria, acolia fecal ou prurido. Sem alterações no apetite. Movimentação fetal presente. Sem perdas vaginais. Ao exame da admissão, apresentava-se estável hemodinamicamente, normotensa, ictérica 3+/4+ e afebril. Batimentos cadíacos fetais de 145 bpm, dinâmica uterina ausente e tônus uterino normal. Os exames iniciais mostraram alteração na função hepática (FA 560 / GGT 206), hiperbilirrubinemia com predomínio de bilirrubina direta (BD) (bilirrubina total 10 / BD 6,21), RNI 2,13, tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa 52,4 / controle 27) e plaquetas de 135.000. Foi hospitalizada e indicou-se a interrupção da gestação, questionando-se EHAG. O parto não teve intercorrências e o recém-nascido foi encaminhado para o alojamento conjunto. Resultados: A paciente evoluiu com piora dos exames laboratoriais e hipoglicemia e foi encaminhada ao centro de terapia intensiva (CTI), onde permaneceu por quatro dias. Recebeu alta do CTI e manteve boa estabilidade hemodinâmica. A alta hospitalar ocorreu no 8º dia pós-parto e a paciente manteve o acompanhamento ambulatorial com equipe da clínica médica e da obstetrícia. Conclusão: A EHAG é um diagnóstico de exclusão, e sua identificação e tratamento precoces são essenciais para melhorar a sobrevida da paciente e do feto.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311152
Fatores associados ao desenvolvimento da depressão pós- parto
Amanda Silva Florentino1, Priscilla Rocha Araujo Nader1, Rubens José Loureiro1
1Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória
Introdução: O período puerperal envolve muitas transformações ocasionadas pela chegada do novo ser, que demanda responsabilidade, tempo e cuidados. Com isso, podem surgir diversas dúvidas e medos acerca da maternidade que, associadas às mudanças emocionais, físicas e hormonais e aos fatores de risco, podem levar ao desenvolvimento da depressão pós-parto. Esta é um transtorno psiquiátrico de humor que causa efeitos negativos sobre a mãe e a criança e está diretamente relacionada aos aspectos subjetivos de cada mulher. Objetivo: Investigar os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da depressão pós-parto. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa realizada na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde durante o mês de abril de 2021. Para a busca, utilizaram-se os descritores “fatores de risco” AND “depressão pós-parto” AND “gravidez”. Com a finalidade de analisar a literatura nacional, foram selecionados artigos disponibilizados em texto completo na língua portuguesa e publicados entre julho de 2011 e janeiro de 2020, dos quais somente um era de 2011 e os demais dos últimos três anos. A princípio foram identificados 1.528 artigos e, após a aplicação dos critérios de inclusão, restaram 30 artigos, dos quais oito compuseram a amostra final. Resultados e conclusão: O surgimento da depressão pós-parto pode estar associado a diversos fatores psicológicos, sociais, sociodemográficos e hormonais. Acerca dos fatores psicológicos, tem-se histórico de depressão familiar e da própria mulher, seja relacionado ao parto ou não, estresse durante a gestação e insatisfação com a gravidez. A falta de apoio por parte da família e do parceiro durante a gestação e o puerpério, a sobrecarga que pode ser ocasionada pela multiparidade, o uso de tabaco e álcool e a ocorrência de violência contra a gestante e puérpera configuram-se como fatores de risco sociais. Além disso, questões sociodemográficas como ser solteira, mãe jovem, ter perfil socioeconômico baixo e baixa escolaridade também influenciam no surgimento da patologia, assim como a desregulação hormonal. Por ser um problema de saúde pública, essa doença traz prejuízos na interação mãe-bebê, assim como no desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança. Outrossim, pode levar ao suicídio e ao infanticídio. Diante dessa perspectiva, mostra-se necessário conhecer os aspectos preponderantes para o aparecimento da doença, com a finalidade de investir na construção de estratégias de prevenção e diagnóstico precoce, para que puérperas tenham o tratamento adequado e as consequências sejam reduzidas. Dessa forma, a promoção do cuidado integral às mulheres no pós-parto permitirá reduzir as mazelas do modelo biomédico. Por fim, verifica-se que o fomento de políticas de enfrentamento da desigualdade social e a participação de grupos de apoio são boas alternativas, principalmente para as mulheres que não têm apoio dos seus parceiros.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311153
Fatores de risco associados à gravidez ectópica: uma revisão da literatura
Luana Assis Marquez1, Stéfany Vasconcelos Santos1, Sarah Vargas Dias1, Lara Machado de Oliveira1, Rafaela Colodete Mota1, Marcela Lima Souza Paulo1
1Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória
Introdução: A gravidez ectópica (GE) é a emergência ginecológica mais comum no mundo, sendo considerada como a implantação do óvulo em qualquer lugar fora do útero, que, na maioria dos casos (98%), ocorre nas tubas uterinas. Cada vez mais é observado o acréscimo dos diagnósticos de GE no mundo, a qual é responsável por 75% dos óbitos nos primeiros meses de gestação. Portanto é imprescindível a análise das razões de chance, ou fatores de risco, para GE, visto que elas são observadas em conjunto por essa gravidez ser caracterizada por causas multifatoriais. Objetivo: Verificar os fatores de risco para o acontecimento de uma gravidez ectópica. Método: Artigo de revisão realizado de setembro a novembro de 2019 na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando as bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Foram selecionados 236 artigos com o uso das expressões de busca “pregnancy, tubal” OR “pregnancy, ectopic” AND “odds ratio”, definidas pelo Medical Subject Headings (MeSH). Consideraram-se como critérios de inclusão e exclusão o idioma inglês, os limites feminino e gravidez, documentos do tipo artigo, com texto disponível completo e publicados nos últimos cinco anos, selecionados pelo assunto principal: gravidez ectópica. Com base nisso, foram excluídos 211 artigos e restaram 25. Após a leitura dos títulos e resumos, foram escolhidos por fim nove artigos, que correspondiam melhor ao objetivo do estudo. Resultados: Pode- se observar que a história de infertilidade e a salpingectomia em gravidezes ectópicas anteriores são os fatores de risco mais significativos para a recorrência de uma GE. A técnica de fertilização
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311154
Gestação ectópica: dez semanas
Isabella Soares da Costa dos Santos1, Ligia Cardoso de Oliveira1
1Hospital Da Mulher Heloneida Studart
Introdução: O desenvolvimento subsequente e a implantação do embrião fora do revestimento uterino são definidos como gravidez ectópica, que tem uma ampla variedade de apresentações, por exemplo, de hemoperitônio agudo a gravidez ectópica crônica. O caso apresentado é um exemplo incomum de gravidez ectópica com grande hematosalpinge e sintomas clássicos. Relato de caso: Paciente M.D.S.U.F., 39 anos de idade, G4/P3 (2PN+1PC), procurou maternidade em razão de dor abdominal súbita e sinais de instabilidade hemodinâmica. Ao exame físico, abdome distendido, extremamente doloroso, com sinais de peritonite. Trouxe gonadrotofina coriônica humana beta (beta-HCG) qualitativo positivo externo. A idade gestacional pela última menstruação correspondia a 10 semanas e 2 dias. Foi submetida a laparatomia exploratória de urgência, que evidenciou grande quantidade de líquido hemorrágico no abdome, gravidez ectópica à direita com presença de ruptura extensa de trompa direita em sua porção ístmica, com feto de cerca de 10 cm, aparentemente do sexo masculino, e massa placentária aderida a ovário ipsilateral, tuba uterina esquerda dilatada e endurecida, demais estruturas pélvicas sem anormalidade. Após drenagem do líquido hemorrágico, foram realizadas salpingectomia com ooferectomia à direita e retirada de feto e placenta. Foram foi transfundidos 400 mL de concetrado de hemácia, com melhora do sangramento. A placenta foi encaminhada ao histopatológico e a paciente à terapia intensiva. Conclusão: Até 2% das gestações podem ser gravidezes ectópicas. A prevalência desse tipo de gravidez chega a 18% com as mulheres que se apresentam ao pronto-socorro com dor abdominal e sangramento vaginal no primeiro trimestre ou ambos. Apesar das melhorias no diagnóstico e no tratamento, a ruptura da gravidez ectópica continua a ter morbidade e mortalidade significativas. As gravidezes ectópicas rotas, de 2011 a 2013, foram responsáveis por 2,7% de todas as mortes relacionadas à gravidez e, além disso, são a principal causa de mortalidade relacionada à hemorragia. Casos de gestações ectópicas abdominais grandes foram publicados anteriormente. No entanto, a literatura é limitada sobre gestações ectópicas tubárias grandes. A detecção precoce da gravidez ectópica é essencial para a redução da morbimortalidade materna. A ultrassonografia é uma ferramenta crucial, pois pode diminuir o tempo para o diagnóstico e direcionar o atendimento ao paciente, especialmente em condições de risco de vida. Ela pode detectar a ruptura da gravidez ectópica e o sangramento intra-abdominal em curso, o que pode ser um sinal de necessidade de intervenção cirúrgica. Este relato é importante porque não existem muitas publicações detalhando uma gravidez tubária com mais de 10 semanas, como visto aqui. Além disso, a ruptura da gravidez ectópica pode causar sangramento intraperitoneal e choque hemorrágico, sendo necessário detecção precoce da gravidez ectópica para o controle da morbimortalidade materna.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311155
Gestação heterotópica: diagnóstico ultrassonográfico em ectópica não rota
Isabella Soares da Costa dos Santos1, Aline Ramos Teixeira1, Andre Luiz Clemente Beralto1, Lara de Siqueira Rodrigues1
1Hospital Da Mulher Heloneida Studart
Introdução: A gestação heterotópica é uma condição rara em que há uma gestação ectópica simultânea à gestação intrauterina. Na primeira, a localização mais frequente é a tuba uterina, mas ela pode ser também cornual, cervical, ovariana, abdominal e em cicatriz de cesárea. A incidência varia de 1:30.000 gestações, contudo, após reprodução assistida, a frequência dessa complicação foi para 1:100-500 gestações. Os fatores de risco são os mesmos relacionados à gravidez ectópica e são representados, principalmente, pelas desordens mecânicas e/ou funcionais que impedem a passagem do embrião para a cavidade uterina. Entre elas, citam-se doença inflamatória pélvica, malformação uterina, idade avançada, tabagismo, cirurgia pélvica anterior e história de infertilidade pela aplicação da técnica de reprodução assistida. Relato de caso: Paciente N.R.M.D.S., 21 anos, G1P0, procurou serviço de emergência com ultrassonografia externa de rotina que evidenciou útero gravídico contendo dois embriões e dois sacos gestacionais: um tópico, de contornos normais, com diâmetro de 14 mm, com embrião cujo comprimento cabeça-nádega (CCN) era de 3,4 mm e que tinha batimento cardíaco fetal (BCF)=169 bpm, compatível com seis semanas de desenvolvimento. Em anexo esquerdo, observou-se tuba uterina distal, formação em imagem sugerida de embrião e vesícula vitelínica (VV) presente. Embrião com CCN de 16 mm e vesícula vitelínica aumentada, medindo 16 mm, BCF=120 bpm, o que sugeria gestação de oito semanas de desenvolvimento. À repetição da ultrassonografia, viu-se útero de volume aumentado, com saco gestacional normoimplantado, paredes íntegras, 18 mm de diâmetro, presença de embrião com BCF=112 bpm, CCN 7 mm, VV sem alteração; em anexo direito, imagem hipoecogênica regular com fluxo sanguíneo, medindo 24x22 mm, com área cística de 14 mm. Não era possível excluir gravidez ectópica. A paciente, estável, seguiu em acompanhamento e ultrassonografias sequenciais. Conclusão: O diagnóstico precoce é difícil e ocorre em sua maioria após a rotura tubária. Quanto ao tratamento, não há consenso da melhor conduta a ser seguida, que se relaciona ao local da implantação do saco gestacional ectópico e à época do diagnóstico. A abordagem cirúrgica por via laparotômica ou laparoscópica é a escolha quando a ectópica é tubária, como no caso da paciente em questão. A gestação heterotópica, mesmo sendo rara, é um diagnóstico que deve ser bem pesquisado, uma vez que a presença de egstação tópica não exclui uma ectópica concomitante. Para isso, o estudo ultrassonográfico ainda é o método de escolha para avaliação inicial e diagnóstico.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311156
Gestação na adolescência e complicações hipertensivas: relato de caso
Caroline Graça Mota Damasceno1, Alberto Alves Borges2, Bruna Obeica Vasconcellos1, Jacqueline Assumção Silveira Montuori1, Osvaldo Luiz Aranda2, Jorge Fonte de Rezende Filho1
1Fundação Técnico-Educacional Souza Marques
2Hospital Maternidade Carmela Dutra
Introdução: A gestação na adolescência está relacionada com alterações em todos os aspectos da vida da gestante, além dos que já ocorrem em qualquer gravidez. Os distúrbios hipertensivos na gestação podem ser classificados como os exclusivos à gestação e aqueles decorrentes da hipertensão arterial sistêmica crônica e são a principal causa de mortalidade materna no Brasil. A pré-eclâmpsia é definida como o aumento pressórico e de proteinúria após 20 semanas de gestação. Quando ocorrem convulsões e/ou coma, é denominada de eclâmpsia. Os fatores de risco para pré-eclâmpsia são: primigestação, diabetes, colagenose, raça negra, obesidade e trombofilias. Relato de caso: G.K.S.P., 15 anos, parda, estudante, sem história de alergias ou comorbidades. Iniciou o pré-natal com 17 semanas e 4 dias e realizou quatro consultas. Na última, havendo edema de +2/+4, foi iniciado o rastreio para pré-eclâmpsia. Deu entrada na maternidade com quadro de convulsões tônico-clônicas generalizadas com 37 semanas e 4 dias. Ao exame, apresentava-se convulsionando, inconsciente, cianótica, com edema de membros inferiores +3/+4, tônus uterino normal, sem atividade uterina e batimento cardíaco fetal de 80 bpm no sonar. Sinais vitais: pressão arterial 199x110 mmHg, saturação de oxigênio 86%. Ao toque, o colo uterino encontrava-se grosso, fechado e posterior. Foi iniciada a administração de sulfato de magnésio, fenitoína e hidralazina e realizada a intubação orotraqueal (IOT). Após a estabilização materna, realizou-se cesariana pelo sofrimento fetal, com extração de concepto do sexo feminino, com peso de 2600 g, Apgar 2/6/7 e sem alterações aparentes. Os exames laboratoriais coletados na admissão mostraram plaquetas 340.000, ácido úrico 5,9 mg/dL, fosfatase alcalina 910 U/L, lactato desidrogenase 585 U/L, proteína C reativa 16,4 mg/L, proteínas totais 6,6 g/dL. A paciente permaneceu em IOT e foi transferida para a unidade de terapia intensiva, onde foi realizada antibioticoterapia por suspeita de endometrite, porém a paciente foi de alta à revelia. Conclusão: A incidência de eclâmpsia é maior em condições socioeconômicas desfavoráveis, pré-natal deficiente e acompanhamento inadequado da pré-eclâmpsia. É uma doença intercorrente da gestação, grave, que tem sua origem na placentação defeituosa, que leva à pré-eclâmpsia. Os extremos da idade materna constituem importante fator de risco, sendo uma das principais complicações observadas em gestações na adolescência. O prognóstico é pior, podendo resultar em óbito materno e fetal nos casos de eclâmpsia descontrolada e descompensada. A instituição de terapêutica eficaz é indispensável para o melhor desfecho. No caso apresentado, a paciente apresentou eclâmpsia descompensada e a terapêutica eficaz resultou em desfechos materno e fetal favoráveis. O uso de ácido acetilsalicílico desde a 12ª semana de gestação tem mostrado ser positivo para a prevenção de casos graves de pré-eclâmpsia e eclâmpsia e pode ser uma boa opção para a paciente em questão caso engravide de novo.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311157
Gestante com síndrome de Gerbode: primeiro relato na literatura
Dayana da Silva de Araujo1, Luiza Dias Nogueira da Rocha1, Bernardo Jorge da Silva Mendes2, Ricardo Mourilhe-Rocha1, Nilson Ramires de Jesús1
1Hospital Universitário Pedro Ernesto
2Hospital Unimed Rio
Introdução: No Brasil, a incidência de gestantes com cardiopatias é cerca de oito vezes maior do que as estatísticas internacionais. Por ser considerada a maior causa de morte materna indireta no ciclo gravídico-puerperal, identificar e acompanhar essas pacientes ainda no período pré- concepcional é importante para estimar o risco materno e o prognóstico fetal. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de uma gestante com diagnóstico de síndrome de Gerbode (SG). Extremamente raro entre os
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311158
Gestante portadora de síndrome de Marfan: relato de caso
Raissa Gracio Teixeira1, Annita Martins Rocha Torres1, Carolina Carvalho Mocarzel1,
1Hospital Federal Servidores do Estado
Introdução: A síndrome de Marfan (SM) é uma doença genética autossômica dominante, com prevalência de dois a três casos em 10 mil e igual distribuição em ambos os sexos. Acomete tecido conjuntivo, com envolvimento multissistêmico, afetando principalmente os aparelhos cardiovascular, musculoesquelético e ocular, e a dissecção e a rotura da aorta são as principais causas de morbidade e mortalidade. Relato de caso: T.E.C., 20 anos, primigesta, com diagnóstico de SM na infância, sem uso de medicação no período gestacional, foi submetida a procedimento cirúrgico de troca valvar mitral aos 11 anos para correção de comunicação interatrial e insuficiência mitral, além de artroplastia bilateral de quadril. Ecocardiograma realizado no 2º trimestre de gestação mostrava diâmetro da aorta de 34 mm, insuficiência mitral discreta e fração de ejeção de 59%. O irmão faleceu aos 16 anos por complicações da SM. A paciente foi admitida na maternidade, a termo, com sinais de iminência de eclâmpsia. Indicou-se cesariana após estabilização clínica. Houve indicação de profilaxia para endocardite infecciosa. Recém-nascido do sexo feminino, Apgar 8/9, com peso de 3,2 kg. A paciente manteve sulfato de magnésio no pós-parto, com boa evolução clínica. Conclusão: A SM consiste em um defeito no gene FBN1 situado no cromossomo 15, que afeta a produção de fibrilina (especificamente fibrilina-1). Essas moléculas formam as microfibrilas, necessárias para fornecer elasticidade e apoio aos tecidos conjuntivos. As principais manifestações clínicas da SM estão relacionadas aos sistemas esquelético, cardíaco e ocular. Durante a gravidez há aumento de débito cardíaco por conta do aumento do volume sanguíneo e da frequência cardíaca, além de modificações hormonais que contribuem para alterações histológicas na aorta. Em relação ao risco materno, o manejo é individualizado de acordo com os limites de diâmetro dessa artéria. Dilatações inferiores a 40 mm apresentam risco relativamente baixo de dissecção e rotura (1 a 4%). Esse risco aumenta proporcionalmente com o aumento das dimensões. Diâmetros de 41 a 44 mm apresentam risco estimado de 10% e diâmetros superiores a 45 mm apresentam risco superior a 25%. Mulheres com SM devem realizar aconselhamento genético e ser orientadas a evitar a gestação por conta do risco aumentado nesse período de alargamento de aneurismas aórticos e dissecção de aorta, em decorrência das alterações hormonais e metabólicas inerentes ao período gravídico. A partir do momento em que houver gestação e desejo de seguimento dela, o acompanhamento deve ser rigoroso e feito em pré-natal de alto risco, com equipe multidisciplinar, pois essa assistência tende a minimizar desfechos materno-fetais desfavoráveis.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311159
Gravidez e necrólise epidérmica tóxica (NET): um relato de caso
Mariana Fortes Balzana1, Giulia Bastos Buscema1, Beatriz Ramiro Garcia Carneiro1, Annita Martins Rocha Torres1, Anna Terra de Melo1, Carolina Carvalho Mocarzel1
1Hospital Federal dos Servidores do Estado
Introdução: A necrólise epidérmica tóxica (NET) e a síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) são expectros da mesma doença, em que ocorrem reações cutâneas graves, com potencial para morbidade e mortalidade elevadas. Afeta pele e mucosas, caracterizando-se por um exantema eritematoso disseminado, com padrão centrífugo, lesões em alvo e acometimento de mucosa oral, ocular e genital. Relato de caso: Paciente T.V.M.S., 20 anos, parda, 27 semanas de gestação, natural do Rio de Janeiro, portadora de cisto cerebelar diagnosticado aos 12 anos, em uso de fenobarbital (200 mg/dia) e fenitoína (100 mg/dia), que haviam sido interrompidos e reiniciados por conta própria durante a gestação, sem acompanhamento regular com neurologista. Foi admitida na Unidade Materno Fetal do Hospital Federal dos Servidores do Estado (UMF-HFSE) com lesões pruriginosas no tronco e face com início um dia antes, associadas a mal-estar e odinofagia. Ao exame físico, presença de pápulas eritematosas difusas, predominantemente em face, pescoço e tronco, estertores difusos à ausculta pulmonar e hiperemia de orofaringe. Avaliação fetal sem alterações. A paciente foi internada para investigação diagnóstica e colheram-se rastreio infeccioso e
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311160
Gravidez heterotópica: um relato de caso
Laís Gomes Ferreira1, Camila Fleckner Navarro Rodrigues Caldas2, Bruno Almeida C. Soares2, Edna de Jesus Suzano2, Matheus Alves Monteiro de Paula1, Mariana Neves Pimentel1
1Universidade Iguaçu
2Hospital São José do Avaí
Introdução: A gravidez heterotópica é a coexistência entre uma gravidez intrauterina e outra extrauterina. Quando ocorre de forma espontânea, é rara (1:30.000) e geralmente está associada a técnicas de reprodução assistida (1:100-500). Fatores de risco comuns são doença inflamatória pélvica, uso de dispositivo intrauterino e gravidez ectópica prévia. Relato de caso: Mulher, 27 anos, GV PII AII, foi admitida com queixa de dor abdominal difusa, sinais de irritação peritoneal e dor referida no ombro. Trazia ultrassonografia transvaginal (USGTV) que mostrava gestação tópica em idade gestacional compatível com seis semanas e seis dias e imagem ovalar heterogênea em região anexial esquerda medindo 2,8x2,4 cm, com fluxo sanguíneo periférico ao
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311161
Gravidez heterotópica espontânea
Bruna Tifani Bitzcof1, Mariana Espindola Fregulia2, Camila Capelin2, Cely Christina Zimermann3
1Faculdade Meridional
2Universidade Federal da Fronteira Sul
3Hospital de Clínicas de Passo Fundo
Introdução: A gravidez heterotópica é caracterizada por uma gravidez intrauterina associada a uma gravidez em sítio ectópico extrauterino. É atípica, sobretudo quando ocorre de forma espontânea, e tem prevalência estimada em 1:30.000 gestações. O relato em questão aborda um caso atípico de gravidez heterotópica e discute as dificuldades diagnósticas. Relato de caso: Mulher, 24 anos. Histórico de cesárea realizada há seis anos, sem intercorrências. Início gestacional calculado pela data da última menstruação, de seis semanas e cinco dias. Queixa-se de dor lombar irradiada para baixo ventre há três dias, associado a sangramento em pequena quantidade. O exame especular evidenciou sangramento residual em fundo de saco. O hormônio gonadotrofina coriônica (β-HCG), após a primeira avaliação, resultou em 3.495 mUI/mL. A ultrassonografia transvaginal (USGTV) indicou, no fundo da cavidade endometrial, saco gestacional contendo imagem embrionária e movimentos cardíacos ausentes, concomitante à presença de uma massa em região anexial direita. Haja vista o aborto tópico, iniciou-se o preparo do colo uterino com misoprostol 200 mcg para a realização de curetagem uterina. O procedimento não teve intercorrências. Três dias depois, nova USGTV apontou massa na região anexial direita, anterior ao fundo uterino, sugestiva de saco gestacional bem configurado, contendo embrião com atividade cardíaca presente e valor do βHCG de 4.523 mUI/mL. Dessa forma, realizou-se laparostomia com salpingectomia à direita. A paciente manteve-se estável, com boa recuperação e alta hospitalar. Conclusão: A gravidez heterotópica possui sinais e sintomas inespecíficos, que podem ser confundidos com outras causas de dor abdominal, sendo comumente diagnosticada após um quadro de abdome agudo hemorrágico decorrente da ruptura da tuba uterina. Os níveis séricos de βhCG predizem gravidez, mas podem não ser parâmetro para casos de gravidez combinada. A realização da USGTV durante o início gestacional é imprescindível para o diagnóstico precoce, ressaltando a necessidade de avaliação completa tanto uterina quanto das regiões anexiais, já que, muitas vezes, a presença de gravidez tópica pode desviar a atenção do operador do exame. Não há consenso acerca da melhor conduta; no caso em questão, houve aborto da gravidez intrauterina e apenas feto ectópico com atividade cardíaca, o que tornava a gestação inviável. Sendo assim, a curetagem para o aborto tópico é indicada. Quanto ao feto ectópico, realizou-se laparostomia com salpingectomia à direita, em razão do local de implantação do saco gestacional. Quando unilateral, é possível manter a capacidade reprodutiva da paciente. Em suma, mesmo não sendo um diagnóstico simples, todo quadro com βHCG positivo e queixa de dor abdominal deve ser investigado por ultrassonografia das regiões anexiais para descartar a existência de uma gravidez heterotópica, assegurando o diagnóstico precoce e o bom prognóstico das pacientes.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311162
Gravidez na adolescência e o risco de pré-eclâmpsia
Lara Cruz de Senna Fernandes1, Marcia Beatriz Moreira da Cruz de Senna Fernandes2, Vasco Nuno Rodrigues de Senna Fernandes3
1Fundação Técnico Educacional Souza Marques
2Complexo Hospitalar de Niterói
3Hospital Municipal Souza Aguiar
Introdução: A gravidez na adolescência é compreendida como aquela que envolve meninas de 10 a 19 anos e está frequentemente associada ao maior risco de ocorrência de desfechos adversos maternos e neonatais, levando ao aumento da morbimortalidade perinatal. A pré-eclâmpsia é uma das complicações mais comuns da gravidez na adolescência, e é clinicamente definida pela presença de hipertensão arterial sistêmica (pressão arterial sistólica ≥140 mmHg ou diastólica ≥90 mmHg) após a 20ª semana de gestação, acompanhada de proteinúria ou lesão de outros órgãos. Essa patologia está relacionada com a imaturidade biológica uterina, fatores socioeconômicos e condições metabólicas, sendo portanto um problema de saúde pública. Objetivo: Analisar a probabilidade da pré-eclâmpsia na gravidez na adolescência e suas complicações. Métodos: Revisão de literatura por meio do banco de dados PubMed, mediante as palavras-chaves: “pre-eclampsia”, “pregnancy in adolescence”, “risk factors”. Foram encontrados 55 artigos dos últimos 18 anos, e 11 foram selecionados para a elaboração do estudo. Incluíram-se artigos que citavam a pré-eclâmpsia como um dos efeitos adversos possíveis na gestação na adolescência e excluíram-se aqueles que abordavam apenas os efeitos neonatais. Resultados: A gravidez na adolescência frequentemente ocorre de forma não planejada (p<0,001), além de apresentar riscos aumentados para pré-eclâmpsia (p=0,001) e hipertensão gestacional (p<0,001). Também foi observada maior probabilidade de esses eventos ocorrerem em idades mais precoces, isto é, adolescentes menores de 16 anos possuem maiores chances de pré-eclâmpsia, eclâmpsia e gravidez ectópica (
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311163
Hipertensão intracraniana idiopática na gestação: um relato de caso
Paullini Silva Moreira1, Claudia Lourdes Soares Laranjeira1, Lívia Salvador Géo1, Felipe Mendes Ferreira1
1Hospital Mater Dei
Objetivo: Revisar o diagnóstico e o tratamento da hipertensão intracraniana idiopática (HII) na gestação. Relato de caso: Paciente com 20 anos, primigesta, admitida no 2º trimestre de gestação, índice de massa corpórea 31,2 kg/m2, com quadro de cefaleia pulsátil holocraniana associado a náuseas e fotofobia, que evoluiu com diplopia, paresia do reto lateral à esquerda, sensação de turvação visual e
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311164
Histerectomia puerperal como desfecho de gestação gemelar com feto morto
Jefferson Torres Nunes1, Marcilyo Max Bezerra Soares1, Alysson Lima Nunes1, Luana Pereira de Oliveira1
1Universidade Federal do Piauí
Introdução: A hemorragia pós-parto (HPP) é definida como uma perda de 500 mL de sangue ou mais no período de 24 horas após o parto vaginal ou maior que 1.000 ml após parto cesariano. É a principal causa de mortalidade materna em países de baixa renda. A atonia uterina é a causa mais comum de HPP, entretanto há diversas outras causas, como o traumatismo do trato genital, a ruptura uterina, a retenção do tecido placentário ou os distúrbios de coagulação materna. O objetivo é identificar fatores de risco para histerectomia puerperal em um caso clínico. Relato de caso: Tercigesta de 26 anos, com gestação de 34 semanas e 1 dia, dá entrada em serviço de urgência obstétrica em hospital público do interior do Piauí relatando episódios de sangramento transvaginal e perda de líquido amniótico. Ao exame obstétrico, foi identificado colo dilatado em 7 cm e apagado. Batimentos cardíacos fetais (BCF) foram verificados, à ausculta, em apenas um dos fetos. A gestante foi submetida a cesárea de urgência, com desfecho de um feto natimorto e outro com a vitalidade preservada. Após cerca de 1 hora da realização do parto cirúrgico, a paciente evoluiu com HPP. Inicialmente, foram administrados ocitocina e misoprostol, objetivando interromper o sangramento. Entretanto, as medidas farmacológicas foram ineficazes e rapidamente a paciente progrediu para choque hipovolêmico grau III. Diante dessa instabilidade hemodinâmica persistente e com hipótese diagnóstica de atonia uterina, a paciente foi submetida a uma histerectomia subtotal com anexectomia bilateral, sob anestesia geral. Após a cirurgia, necessitou de cuidados em centro de terapia intensiva, onde evoluiu com coagulação intravascular disseminada e necessitou de reabordagem cirúrgica após a estabilização parcial do quadro. Conclusão: O relato de caso proposto apresenta uma HPP decorrente de atonia uterina, associada à sobredistenção uterina em razão de gestação gemelar com feto morto de tempo indeterminado. A grande multiparidade e a gestação múltipla estão associadas ao risco aumentado de HPP, sendo fatores presentes no caso abordado. As condutas nos casos de HPP são a reposição volêmica, a manutenção da oxigenação adequada e a resolução do sangramento, com do uso de fármacos uterotônicos e da massagem compressiva bimanual uterina. Essas medidas iniciais foram implementadas, porém sem resultados satisfatórios. Por outro lado, o balão de tamponamento intrauterino e as técnicas de suturas uterinas compressivas, como a de B-Lynch, podem ser utilizados para conter o sangramento. Em decorrência da rápida evolução para choque hipovolêmico e instabilidade clínica, optou-se por procedimento cirúrgico definitivo, no qual foi inviável a manutenção dos ovários, visto que a histerectomia total ou subtotal é a última opção, reservada aos casos com gravidade acentuada, mas não deve ser postergada caso as medidas conservadoras falhem.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311165
Histerectomia puerperal em suspeição clínica obstétrica de acretismo placentário
Jefferson Torres Nunes1, Edla Camila da Conceição1, Daniel Victor Silva Soares1, Larissa Alves Dos Santos Silva1
1Universidade Federal do Piauí
Introdução: A aderência anormal das vilosidades placentárias à parede uterina, definida como acretismo placentário, é uma complicação associada ao dano ou afinamento endometrial. Essa condição faz parte de uma das causas de morbimortalidade materna relacionadas à hemorragia pós-parto, que, a depender da sua profundidade, pode tornar essa hemorragia profusa e implicar a realização de histerectomias de emergência. Relato de caso: Multípara de 34 anos com histórico obstétrico de dois partos vaginais, um aborto e um parto cesariano, dá entrada em serviço de urgência obstétrico em hospital público do interior do Piauí após parto vaginal domiciliar, há aproximadamente 10 horas, de feto de 33 semanas e 4 dias, com retenção placentária. Apresentava-se clinicamente estável, porém astênica e com palidez acentuada. Foi realizada tentativa de extração manual da placenta, sem sucesso, após raquianestesia. Diante do caso, procedeu-se à realização da histerectomia subtotal com anexectomia bilateral, sem necessidade de transfusão sanguínea ou cuidados de terapia intensiva. Conclusão: Conforme o nível de aderência placentária, pode-se classificar a placenta em increta, percreta e acreta. A etiologia atualmente mais aceita refere-se à presença de um defeito da interface endometrial-miometrial, o que leva a uma decidualização imprópria na área de uma cicatriz uterina, que resulta em vilosidades de ancoragem profunda e infiltração trofoblástica. São altas a morbidade e a mortalidade associadas a essa condição, visto que ela pode resultar em desfechos como quadros hemorrágicos graves. Os fatores de risco para essa patologia incluem cesarianas anteriores ou curetagens uterinas; multiparidade; idade materna superior a 35 anos; tabagismo e leiomiomas submucosos. Por ser uma condição geralmente assintomática, o diagnóstico é baseado na realização de ultrassonografias nas pacientes com fatores de risco, preferivelmente entre a 20º e a 24º semanas de gestação, na busca de achados característicos para que haja planejamento adequado para a resolução da gestação.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311166
Impacto da atividade física nos desfechos adversos perinatais na gestação de primigestas
Carla Christina Renzo1, Antonia Aparecida Deluca de Oliveira2, Rodrigo Ribeiro e Silva1, Tassiana Cristina Martins Grabovski1, Leonardo Souza de Carvalho1, Jean Carl Silva1
1Universidade da Região de Joinville
2Maternidade Darcy Vargas
Introdução: A gestação é um período de muitas transformações para as mulheres, que envolve aspectos fisiológicos e metabólicos bem definidos. Sabe-se que a atividade física regular tem inúmeros benefícios para a saúde materna e fetal; cabe, no entanto, ajustá-la para que as gestantes usufruam desses benefícios. Objetivo: Avaliar o impacto da atividade física nos desfechos adversos perinatais na gestação de primigestas. Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal, realizado no período de agosto a dezembro de 2020. A amostra foi composta de primigestas maiores de 18 anos. No cálculo de razão de chance (RC) ajustado, utilizou-se o intervalo de confiança (IC) de 95%. Os fatores de confusão adotados foram: idade, tabagismo, alcoolismo e outras drogas. Resultados: As pacientes foram divididas em quatro grupos: puérperas sedentárias (n=76/15,4%), pacientes que praticaram atividades leves (152/30,9%), moderadas (202/41,0%) e vigorosas (n=62/12,6%). Quanto às características maternas, houve diferença quanto a idade, classificação do IMC, atividade remunerada, escolaridade e tabagismo. Nas características do recém-nascido, não houve diferença significativa. No cálculo de razão de chance ajustado, adotou-se o grupo de pacientes sedentárias como padrão a fim de analisar os efeitos protetivos da prática de atividade física. Para as pacientes com prática leve, houve proteção para diabetes
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311167
Impacto da pandemia de COVID-19 no pré-natal
Vanessa Philippi Souza1, Rodrigo Dias Nunes1
1Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes
Introdução: Sabe-se que um pré-natal adequado é essencial para o bem-estar materno e fetal. Entretanto, a pandemia de COVID-19 impactou o Sistema Único de Saúde, repercutindo no atendimento ao público obstétrico em virtude de diversas medidas restritivas e limitações impostas às gestantes. Conforme a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, as consultas de pré-natal, mesmo em tempos de pandemia, devem seguir as rotinas habituais, conforme os riscos e a presença de intercorrências ou morbidades, sem no entanto deixarem de seguir as recomendações de segurança. Objetivo: Compreender o impacto da pandemia de COVID-19 sobre a população obstétrica por meio da identificação das possíveis repercussões materno-fetais e comparar os resultados antes da e durante a pandemia. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico de delineamento transversal realizado com 2002 gestantes que tiveram o parto realizado na maternidade do Hospital Regional de São José (HRSJ), nos períodos de agosto a dezembro de 2019 e de agosto a dezembro de 2020, antes da e durante pandemia, respectivamente. Foram coletados dados sociodemográficos e clínico-obstétricos dos livros de registro da enfermagem e dados estatísticos do próprio hospital referentes a desfechos maternos e neonatais. Resultados: Os testes rápidos que foram realizados pela primeira vez na internação foram mais frequentes no período durante a pandemia em comparação ao grupo pré-pandemia, sendo estatisticamente significativos (vírus da imunodeficiência humana — HIV p<0,019; estudo laboratorial de doenças venéreas — VDRL p<0,025; vírus da hepatite C — HCV p<0,013; antígeno s da hepatite B — HbsAg p<0,003). O número de internações por diabetes gestacional no período pré-pandemia foi de 112 (64,7%) e, durante a pandemia, foi de 61 (35,3%). As demais variáveis avaliadas não tiveram diferenças estatisticamente significativas em ambos os períodos: óbito fetal intraútero, parto prematuro, número de consultas pré-natal, macrossomia, Apgar no 5º minuto, via de parto e tempo de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal. Conclusão: Não houve evidências de impacto negativo da pandemia de COVID-19 quando avaliados os resultados maternos e neonatais. Porém, foi preocupante a diminuição da realização de testes rápidos no pré- natal e a provável diminuição do controle da diabetes, refletida na diminuição das internações para perfil glicêmico.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311168
Incidência de parto cesáreo em uma maternidade escola segundo a classificação de Robson
Marina Coelho de Paulo1, João Alfredo Seixas1, Filomena Aste Silveira1, Isadora Faria Silva1, Philippe Godefroy Costa de Souza1
1Centro Universitário de Valença
Introdução: É notória a grande taxa de cesáreas realizadas todos os anos no mundo. Por isso, em 2015, a Organização Mundial da Saúde propôs utilizar a classificação de Robson como padrão global, em mais uma tentativa de monitorar as taxas de cesáreas e avaliar quais são os grupos específicos mais submetidos ao procedimento. Objetivo: Classificar e identificar os grupos que mais impactam as taxas de cesáreas na nossa maternidade, fornecendo dados de quais grupos mais se beneficiariam com a implementação de medidas para orientar os benefícios do parto vaginal. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo de análise de prontuários das gestantes submetidas ao parto cesárea em uma maternidade escola, no período de julho de 2018 a julho de 2020. Foi analisado o total de 728 prontuários, com as gestantes inseridas em um dos 10 grupos da classificação de Robson, que são mutualmente exclusivos e totalmente inclusivos. Resultados e Conclusão: O grupo que representou a grande parcela de cesáreas no período analisado foi o 5 (com 40%), composto de multíparas com pelo menos uma cesárea anterior, com feto único, cefálico e a termo. A segunda maior porcentagem foi o grupo 2 (com 22%), em que estão incluídas nulíparas com feto único, cefálico, a termo, com parto induzido ou que foram submetidas a cesárea antes do início do trabalho de parto. No Brasil, assim como em nossa maternidade, o grupo que mais impactou o número de cesáreas foi o 5. Também chama atenção o aumento em nulíparas, porque, consequentemente, suas gestações posteriores tendem a ter partos cesáreos novamente. A classificação de Robson é a ferramenta que mais traz benefícios atualmente e é utilizada para ciclos de auditoria, otimizando o uso das cesáreas, avaliando a qualidade da assistência e sendo uma possível base para o planejamento operativo e estratégico das equipes, de modo a fornecer melhorias na taxas de cesáreas na nossa instituição.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311169
Incidência relatada por puérperas de diagnóstico ou suspeita de COVID-19 durante a gestação e o puerpério
Vitor Leonardo Nandi1, Margot Marie Martin1, Jéssica Goedert Pereira1, Yasmim Lima Gouveia Arruda2, Mariana Nunes Miranda Carasek da Rocha2, Roxana Knobel2
1Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago
2Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: Durante a pandemia de COVID-19, as gestantes e puérperas são consideradas grupo de risco para uma evolução mais grave. No entanto, os dados de prevalência da doença são mais difíceis de obter. Como a testagem sistemática de toda a população ou apenas da população obstétrica não foi realizada durante o ano de 2020, é difícil estabelecer a incidência da doença nessa população. É importante conhecer a incidência da doença na população obstétrica. Objetivo: O objetivo deste estudo é verificar o número de mulheres em uma amostra que relatam ter tido diagnóstico confirmado ou suspeita de diagnóstico de COVID-19 durante a gestação e puerpério imediato em uma cidade no Sul do Brasil. Métodos: Este estudo apresenta resultados parciais de uma pesquisa denominada de “Complicações obstétricas e puerperais durante a epidemia de COVID-19”, realizada em um hospital universitário do Sul do Brasil. O hospital em que foi feita a coleta de dados não é referência para casos de COVID-19 na gestação. Foram selecionadas para a coleta de dados mulheres que tiveram seus partos ou cesarianas após o início da epidemia de COVID-19. Os sujeitos do estudo foram as puérperas cujos bebês nasceram no hospital estudado. Os dados foram coletados em dois momentos: logo antes da alta hospitalar após o nascimento e entre um a dois meses de puerpério. Em ambos os momentos, os dados foram avaliados por questionários autopreenchidos pela mulher. Na alta hospitalar o questionário foi preenchido manualmente, e o questionário do puerpério mais tardio foi preenchido em plataforma eletrônica. Todas as mulheres participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes do início da pesquisa. Resultados e conclusão: Participaram da pesquisa 257 mulheres. Todas preencheram o questionário na alta após o nascimento do bebê. A amostra considerada nesta pesquisa foi de 206 mulheres, que correspondem às que responderam à variável sobre ter sido diagnosticada ou considerada caso suspeito para COVID-19 na gestação. Foram consideradas casos suspeitos 31 mulheres, ou 15,1% da amostra. Delas, 12 foram tomadas como casos suspeitos por contato, 19 tiveram sintomas gripais, e só nove tiveram diagnóstico laboratorial. As mesmas mulheres foram convidadas a responder a uma entrevista após um a dois meses da alta, e 103 responderam ao questionário eletrônico encaminhado. Apenas duas não responderam à pergunta sobre ter COVID-19 entre a alta e o questionário. Relataram o diagnóstico de COVID-19 11 mulheres (sete com diagnóstico confirmado e quatro consideradas casos suspeitos). Uma relatou que o recém-nascido também teve COVID-19. No puerpério, a porcentagem de mulheres com diagnóstico ou suspeita foi de 10,9%. A incidência de diagnóstico ou suspeita de COVID-19 nesta amostra foi de 0,2% ao se considerarem apenas as que responderam à pergunta de interesse e de 0,16% ao se considerarem as respostas em branco como não tendo tido o diagnóstico.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311170
Informações sobre parto e direitos: empoderando gestantes do Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto
Clarice do Amarante Garritano1
1Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: Este projeto foi concebido com base em reflexões sobre o processo de nascimento e sua inserção na atenção primária à saúde, dada a competência desta em relação à preparação e orientação das mulheres grávidas para o momento do parto durante a assistência ao pré-natal, período em que há muito a ser discutido com as usuárias para além da anamnese e dos exames físicos e complementares. Isso porque a desinformação em nível populacional perpassa aspectos como a cultura cesarista, a violência obstétrica, o machismo, o racismo, bem como lacunas na atuação dos profissionais de saúde. Diante desse panorama, mostra-se fundamental a ampliação do conhecimento sobre os direitos das gestantes no Brasil e a orientação desse grupo quanto às práticas benéficas e maléficas de assistência ao parto. Objetivo: O objetivo visado neste projeto é, em suma, o empoderamento das gestantes do Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto (CMS JBB) para que elas possam ter experiências de parto mais positivas, munindo-as de informações que possam torná-las mais confiantes para a reivindicação desses direitos e favorecendo a luta por uma assistência obstétrica mais digna e segura. Ademais, o presente trabalho pretende incentivar o protagonismo feminino nos processos de gestação, parto e puerpério, bem como na amamentação, e agir em oposição à violência obstétrica, utilizando como base a medicina baseada em evidências e a prevenção quaternária no cuidado à saúde. Métodos: Para a intervenção proposta, foi concebido um documento informativo com orientações às gestantes do CMS JBB, para que elas adquiram maior confiança e autonomia. Tal documento tem como título “O que preciso saber sobre a hora do parto?” e é dividido em três partes, quais sejam: “Conheça seus direitos”, “Prepare-se durante a gestação” e “E lembre-se: o parto é seu!”. Seu conteúdo versa sobre os direitos de licença- maternidade, acompanhante no pré-parto, parto e pós-parto imediato e outros; incentiva a preparação durante a gestação, com atividades físicas e estudos sobre vias de parto e amamentação; e fornece informações sobre o direito à livre movimentação no trabalho de parto, à parição na posição de escolha da mulher, ao direito a negar procedimentos obstétricos sem evidências de benefícios, como a episiotomia, entre outros. Resultados e conclusão: Foram abordadas sete gestantes em pré-natal no CMS JBB, o que resultou em relatos ricos e significativos, assim como no fortalecimento do vínculo delas com a clínica. Com base nessas trocas, viu-se a importância do tema abordado na cartilha e foi reforçada a percepção de como ele é pouco tratado em consultas de pré-natal, sendo um assunto permeado por dúvidas, medos e traumas. Isso porque todas as gestantes relataram que as informações trazidas foram muito relevantes e que nunca tinham sido colocadas em consultas prévias, fosse na atual gestação, fosse em anteriores, além de poderem trazer grandes mudanças para a experiência de gestação e parição dessas mulheres.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311171
Interrupção da gestação em paciente com infecção por SARS-CoV-2: relato de caso
Sarah de Souza Almeida1, Julianne Carvalho Dias Gaudio1, Mônica Gomes de Almeida1, Cristiane Alves de Oliveira1
1Hospital Universitário Antônio Pedro
Introdução: Evidências da doença COVID-19 durante a gestação têm indicado maior risco de hospitalização, necessidade de ventilação mecânica e internação em unidade de terapia intensiva (UTI). Além disso, a COVID-19 parece estar associada a maior risco de pré-eclâmpsia, parto pré- termo e outros desfechos adversos. O melhor momento e via do parto na vigência da doença são questões ainda não completamente elucidadas com as evidências científicas disponíveis. Este artigo traz o relato de uma gestante com infecção por SARS-CoV-2 no terceiro trimestre. Relato de caso: Primigesta de 27 anos, com 37 semanas e 5 dias de idade gestacional, foi internada em enfermaria obstétrica para controle de diabetes
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311172
Laceração de cordão umbilical intraparto
Louise Beni Staudt de Siqueira1, Amanda Roepke Tiedje1, Mariana Schmidt Vieira1, Gabriela Effting Crema1, Bianca Ruschel Hillmann1, Alberto Trapani Junior1
1Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: Anormalidades do cordão umbilical, como inserção velamentosa, prolapso e hematoma, são raras e subnotificadas. No entanto, sabe-se que podem ser responsáveis por 15% das taxas de natimortalidade. Ruptura do cordão umbilical é evento ainda mais raro. Relato de caso: Paciente de 40 anos, G4P1A2, 40 semanas e 3 dias de gestação, em uso de polivitamínicos, com suspeita de schwannoma bilateral descoberto em tomografia de crânio motivada por parestesia em hemicorpo esquerdo, dois meses antes da concepção. Internou-se para indução de trabalho de parto por transtorno depressivo. Após três doses de misoprostol (25 mcg via vaginal), iniciou com contrações ritmadas por volta das 4h30 da manhã. Às 6h30 apresentou rotura espontânea de membranas ovulares, com líquido amniótico meconial fluido e frequência cardíaca fetal de 136 batimentos por minuto após a contração. Instalou-se cardiotocografia às 6h45, a qual demonstrou desacelerações tardias. Nesse momento, a paciente apresentava 5 cm de dilatação ao toque vaginal, e foi então indicada a cesariana por situação fetal não tranquilizadora. Às 7h05, observou-se hemoâmnio à histerotomia. Extraiu-se feto cefálico, vivo, feminino, hipotônico, com duas circulares de cordão, prontamente atendido pelo neonatologista, Apgar 6/8. Foi identificada laceração longitudinal do cordão umbilical a cerca de 20 cm de ambas as inserções. A laceração apresentava aproximadamente 1 cm e acometia a veia umbilical. A placenta não apresentava sinais de descolamento. O laudo anatomopatológico dos anexos confirmou a laceração de veia umbilical e não evidenciou alterações placentárias. Recém-nascido evoluiu bem e recebeu alta hospitalar em 48 horas. Conclusão: Encontrou-se na literatura apenas um caso de laceração de vasos do cordão umbilical semelhante ao apresentado. Em tal relato, houve identificação de bradicardia fetal durante o trabalho de parto e, durante a cesariana, verificou-se laceração de artéria umbilical possivelmente causada pelas unhas do feto. No caso apresentado, supõe-se que a laceração tenha ocorrido pouco após a rotura das membranas e tenha acarretado a situação fetal não tranquilizadora, pois não foram identificados outros motivos para os sinais de hipóxia fetal e não foi identificado hemoâmnio antes da histerotomia. A origem da laceração é desconhecida, mas algumas hipóteses são a lesão causada pelas unhas do feto durante o trabalho de parto e a lesão iatrogênica durante a histerotomia. A identificação ou predição de anormalidades e acidentes de cordão umbilical como vasa prévia, hematomas, nós reais, lacerações e prolapsos é desafiadora e, muitas vezes, impossível. Assim, a monitorização fetal intraparto consiste na melhor alternativa para evitar desfechos fetais desfavoráveis relacionados às complicações de cordão umbilical.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311173
Leptospirose na gestação: um relato de caso
Paullini Silva Moreira1, Claudia Lourdes Soares Laranjeira1, Suelen Peixoto Marinho de Deus1, Gabriela Costa Oliveira1, Larissa Luana de Freitas Moraes1
1Hospital Mater Dei
Objetivo: Revisar o tratamento de gestante com quadro clínico grave e o tratamento da leptospirose na gestação. Relato de caso: Paciente sexo feminino, 30 anos, G1P0A0, idade gestacional 29 semanas e 1 dia, procedente de Catas Altas/ MG. Foi admitida em 10 de outubro de 2019 com quadro de edema importante em membros inferiores, dor articular em ambos os joelhos, pododáctilos e tornozelos, limitando a deambulação. Apresentava também púrpuras em pés, tornozelos e terço inferior de ambas as pernas. Todos os sintomas de surgimento agudo. Ao exame físico da admissão, apresentava-se taquicárdica (frequência cardíaca 106 bpm), normotensa, afebril, hipocorada 2+/4+, com edema em membros inferiores, batimentos cardíacos fetais (BCF) de 144 bpm e insuficiência respiratória aguda. Foi encaminhada ao centro de terapia intensiva (CTI), onde se realizou intubação orotraqueal. Os exames da admissão mostraram alterações nas enzimas hepáticas e canaliculares (fosfatase alcalina — FA 173,04, transaminase pirúvica — TGP 56,3, transaminase oxalacética — TGO 61,7, gama glutamil transferase — GGT 316,65), hiperbilirrubinemia leve às custas de bilirrubina direta (bilirrubina total 1,32, bilirrubina direta 1,03), alargamento do índice internacional normalizado (INR 1,23), anemia normocítica e normocrômica (hemoglobina — Hb 9,2), plaquetas normais, ausência de leucocitose, proteína C reativa 200,5, lactato 1,45, creatinina 0,49 e urinálise normal. Havia epidemiologia positiva para febres hemorrágicas e optou-se pelo tratamento empírico com cloranfenicol. A paciente evoluiu com necessidade de sedação em doses elevadas. Foi mantido o acompanhamento diário do bem-estar fetal (BCF e ultrassom). Em 22 de outubro, foi realizada extubação em razão da melhora dos parâmetros ventilatórios, e a paciente evoluiu com
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311174
André Luiz Clemente Beralto1, Lara de Siqueira Rodrigues1, Isabella Soares da Costa dos Santos1, Leandro Teixeira Abreu1, Flávia Regina Peixoto Pereira1
1Hospital da Mulher Heloneida Studart
Introdução: A ocorrência de malformações congênitas em gestações gemelares é duas vezes maior quando comparada à encontrada em gestações únicas. Os gêmeos monozigóticos frequentemente são discordantes para tais anomalias e a taxa de concordância é baixa (9-18%), uma vez que eles não são necessariamente idênticos geneticamente e o ambiente intrauterino não é uniforme.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311175
Métodos de vigilância fetal intraparto: uma revisão da literatura
Bárbara Vilhena Montenegro1, Lorena Souza dos Santos Lima1, Marcelo Gaudêncio Ponce leon1
1Centro Universitário de João Pessoa
Introdução: A avaliação fetal intraparto tem grande impacto na detecção de hipóxia fetal, que consiste em uma das principais causas de morbidade e mortalidade perinatal evitável. O método mais utilizado com essa finalidade é a monitorização eletrônica fetal contínua (MEFC). Em decorrência da sua baixa especificidade, são necessárias técnicas adicionais, como ausculta intermitente, estimulação digital no escalpe, oximetria de pulso, eletrocardiograma e amostras de sangue do couro cabeludo fetal. Objetivo: Analisar métodos de vigilância fetal intraparto para auxiliar na identificação dos fetos em estado de hipóxia, permitindo que medidas sejam tomadas para evitar complicações perinatais graves. Métodos: Revisão da literatura com base em pesquisa nas bases de dados
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311176
Fernanda Guimarães de Sousa1, Ana Beatriz Cordeiro Prates1, Sara de Pinho Cunha Paiva1
1Universidade Federal de Minas Gerais
Introdução: De acordo com o
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311177
Miocardiopatia periparto durante cesariana
Amanda Roepke Tiedje1, Mariana Schmidt Vieira1, Vitor Leonardo Nandi1, Louise Beni Staudt de Siqueira1, Bianca Ruschel Hillmann1, Alberto Trapani Junior1
1Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: A miocardiopatia periparto (MCPP) é rara (1:4.000 partos nos EUA), afeta mulheres no final da gestação ou puerpério e tem alta mortalidade (de 10 a 32%). Pode cursar com fadiga, dispneia e edema como na gestação, dificultando seu diagnóstico. Relata-se o caso de MCPP em primigesta, hígida, durante a realização da cesariana. Relato de caso: Gestante, 20 anos, primigesta, idade gestacional de 39 semanas, hígida, admitida em trabalho de parto e submetida a cesariana por situação fetal não tranquilizadora. Após raquianestesia, cursou com hipotensão severa, taquicardia, arritmia cardíaca do tipo bigeminismo, dispneia, saturação de oxigênio de 84-86%, ausculta pulmonar com roncos e estertores bilaterais e expectoração rósea espumosa compatível com quadro de edema agudo de pulmão. Apresentou melhora após furosemida endovenosa. A cesárea transcorreu sem intercorrências, recém-nascido com Apgar 9/9. Na recuperação pós-anestésica, manteve a estabilidade hemodinâmica. Radiografia de tórax com infiltrado bilateral e aumento do índice cardiotorácico. Eletrocardiograma normal e elevação das enzimas cardíacas (troponina 720, creatina quinase MB 192). Ecocardiograma com hipocinesia difusa do ventrículo esquerdo (VE), disfunção sistólica moderada, acentuada disfunção diastólica e fração de ejeção (FE) de 35% compatíveis com MCPP. O tratamento foi carvedilol, enalapril, espironolactona e furosemida. A paciente apresentou boa evolução puerperal e encontra-se em seguimento com a equipe da cardiologia. Conclusão: A MCPP é caracterizada por insuficiência cardíaca (IC) no último mês da gestação até o quinto mês pós-parto na ausência de cardiopatia prévia e disfunção do VE com alterações ecocardiográficas (FE <45%, fração de encurtamento <30% ou ambos e dimensão diastólica final >2,7 cm/m² de superfície corporal). A paciente do caso não possuía nenhum dos fatores de risco: idade acima de 35 anos, raça negra, pré-eclâmpsia, gestações múltiplas nem uso de tocolíticos. A etiopatogênese pode ser em razão de miocardite viral, causa genética, imunológica, resposta inadequada ao estresse hemodinâmico da gestação, ativação de citoquinas inflamatórias e tocólise prolongada. É importante o alto nível de suspeição para o diagnóstico, pois os sintomas são semelhantes aos da gravidez. Neste caso, os sintomas foram súbitos, o que é incomum, de forma que as primeiras hipóteses foram complicações da anestesia e embolia. O tratamento é o preconizado para IC. Nos casos mais graves, considerar o uso de marca-passo. Entre 23% e 32% das pacientes evoluem para a recuperação completa da função ventricular nos primeiros seis meses. Em gestações posteriores, a disfunção ventricular pode ocorrer em 21% das pacientes que a normalizaram. Nas que permaneceram com disfunção residual à deterioração clínica, ela pode ocorrer em até 44% e o óbito dá-se em 7%. Sendo assim, o planejamento familiar é fundamental nessas pacientes.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311178
Modelo experimental de baixo custo para ensino de técnica cirúrgica em obstetrícia
Ana Clara Machado Pinheiro Lima1, Giovana Medeiros Lucena de Sousa1
1Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A educação baseada em simulação é uma estratégia muito utilizada para a aquisição de competências no ensino médico e possibilita o preparo do aprendiz para situações reais de forma interativa. Em contrapartida, atualmente, o alto custo dos materiais necessários para esse tipo de treinamento destaca-se como um importante fator limitante para sua difusão. Dessa forma, a construção de modelos de baixo custo faz-se necessária como uma alternativa. Objetivo: Confecção de um modelo de baixo custo e fácil manuseio para treinamento de técnica cirúrgica do parto cesáreo, destinado a ser utilizado por acadêmicos de Medicina e residentes de Obstetrícia. Métodos: Para a confecção do modelo, foi utilizado um manequim de plástico, que representa o corpo da gestante. Dentro dele, na topografia do abdome inferior e pelve, folhas em EVA e uma folha de plástico-bolha foram acopladas como correspondentes das estruturas anatômicas acessadas durante a cesariana. As camadas de EVA tiveram cores dispostas na seguinte sequência (anteroposterior): rosa, amarelo, branco e vermelho, seguidas de uma camada de plástico-bolha, objetivando representar, respectivamente, a pele, o tecido subcutâneo, a aponeurose, a musculatura abdominopélvica e o peritônio. Por fim, uma boneca (simulando o feto) foi colocada dentro de um balão grande — correspondente ao útero, que pode ser preenchido com água para simbolizar a presença do líquido amniótico. Resultados: O modelo confeccionado simula de modo simplificado as referências anatômicas para o treinamento da técnica cirúrgica da cesariana, mesmo possuindo limitações, como a diferente consistência e espessura dos materiais utilizados em relação aos tecidos reais. O método tem boa aceitação pelos aprendizes e representa um passo inicial no processo de familiarização com a técnica. O ambiente controlado da simulação oportuniza um momento para reflexão de cada indivíduo e da equipe envolvida, o que também funciona como ferramenta de ensino-aprendizagem. A eficácia dessa metodologia é corroborada por dados científicos, como em pesquisa realizada por Vellanki (2010), na qual foi feito um comparativo do conhecimento da técnica cirúrgica da cesariana entre estudantes do Departamento de Obstetrícia. O primeiro grupo teve acesso a treinamento com manequim antes de auxiliar o procedimento; o segundo grupo, não. Um questionário pré-validado foi aplicado. O grupo 1 foi mais habilitado em relação ao grupo 2 para definir os passos da cesariana (91% contra 61,5%) e também se sentiu mais confortável ao auxiliar a cirurgia (100% contra 46,15%). Conclusão: A construção do modelo proposto é um instrumento promissor para facilitar a educação médica em obstetrícia, apresentando como vantagens o baixo custo e a fácil replicabilidade. Essa metodologia é eficaz ao abordar capacidades cognitivas, psicomotoras e interpessoais, não substituindo a prática clínica, mas servindo como um substrato para os cenários aos quais os estudantes possam ser expostos no futuro.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311179
Mortalidade materna por eclâmpsia no Brasil
Marcelle Pinho Conceição1, Amanda Maués Ramos2, Daniele Socorro de Brito Souza Paiva1, Bruna Silva de Melo2, Victória Moreira Gomes1
1Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
2Universidade Federal do Pará
Introdução: A morte materna é considerada um grande problema de saúde pública, chegando a ser evitável em 90% dos casos e constituindo uma preocupante violação dos direitos reprodutivos — por consequência, dos direitos humanos. No Brasil, a hipertensão arterial na gravidez constitui a primeira causa de mortalidade materna, representando 25% dos óbitos maternos investigados. A eclâmpsia é a manifestação convulsiva ou comatosa da pré-eclâmpsia, sendo uma intercorrência emergencial, com complicações obstétricas importantes e incidência crescente, apesar das tentativas e modificações estabelecidas para seu controle. Objetivo: Avaliar a mortalidade por eclâmpsia no Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico com dados referentes à morte materna obtidos das Informações de Saúde do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (TABNET/DATASUS) entre os anos de 2010 a 2019. Resultados e conclusão: Os óbitos maternos no período em estudo totalizaram 16.697. A eclâmpsia foi a causa mais frequente em todos os anos, sendo responsável por 1.576 mortes (9,4%). A menor taxa de óbito materno por eclâmpsia foi em 2014, com 8,0%, enquanto as maiores taxas foram em 2013 (10,4%) e 2019 (10,1%). Observou-se uma diferença de sua frequência de acordo com as regiões do Brasil. Ela foi responsável por 14,0% dos óbitos maternos na Região Norte, por 11,4% na Região Nordeste, 8,6% na Centro-Oeste, 6,9% na Sudeste e 6,5% na Sul. Detalhando a mortalidade materna por idade, identificamos as seguintes faixas etárias: de 10 a 19 anos (18,3%), de 20 a 29 anos (36,6%), de 30 a 39 anos (37,5%) e de 40 a 49 anos (7,3%). Em relação à cor/raça, 56,8% eram pardas, 25,6% eram brancas e 10,6% pretas. Sobre o grau de escolaridade, observaram-se as seguintes frequências: nenhum grau (3,1%), de um a três anos (10,4%), de quatro a sete anos (26,4%), de oito a 11 anos (34,1%) e de 12 anos para mais (8,4%). Acerca do momento de ocorrência do óbito, constatamos que 55,3% ocorreram no decurso do puerpério e 29,0% durante a gravidez. Dessa forma, a eclâmpsia foi a principal causa de morte materna e foi mais prevalente nas pacientes com faixa etária de 20 a 39 anos, pardas, com escolaridade de 8 a 11 anos, e com grande ocorrência do evento no puerpério. Em síntese, a prevenção da eclâmpsia poderá ser alcançada mediante uma efetiva assistência pré-natal na atenção primária, complementada pela atenção secundária aos grupos de risco, para assim se chegar a um ciclo grávido-puerperal seguro para as mulheres.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311180
Mortalidade materna por síndromes hipertensivas específicas da gestação na adolescência no Brasil nos últimos cinco anos
Amanda Maués Ramos1, Daniele Socorro de Brito Souza Paiva2, Bruna Silva de Melo1, Marcelle Pinho Conceição2, Victória Moreira Gomes2
1Universidade Federal do Pará
2Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
Introdução: Mortalidade materna é aquela que ocorre durante a gestação ou em 42 dias pós- parto por qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez. Entre as adolescentes, a gravidez é considerada um problema de saúde pública, pois relaciona-se, entre outras causas, ao índice de desenvolvimento humano (IDH) do país, às lacunas dos programas de educação em saúde, prevenção e planejamento familiar. Entre as consequências da gestação na adolescência, cita-se o risco aumentado de desenvolver síndrome hipertensiva específica da gestação (SHEG), uma das causas principais de óbito materno. Os eventos patológicos da SHEG podem acometer a mulher no ciclo gravídico-puerperal, desenvolvendo-se da 20ª semana de gestação em diante ou no puerpério imediato. É caracterizada por hipertensão acompanhada de proteinúria e/ou edema. É uma doença multissistêmica, uma vez que causa repercussões em diversos órgãos. Objetivo: Avaliar a mortalidade das síndromes hipertensivas específicas da gestação no Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico com dados referentes a óbitos maternos de adolescentes entre os anos de 2015 e 2019, obtidos nas Informações de Saúde do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (TABNET/DATASUS). Resultados e conclusão: Os óbitos maternos no período em estudo foram 8.360, sendo 2.295 em menores de 20 anos. A SHEG foi responsável por 8,5% do total de óbitos, dos quais 11,2% foram em adolescentes, totalizando 80, sendo 92,5% na faixa etária de 15 a 19 anos. Caracterizando as síndromes hipertensivas específicas da gestação entre as adolescentes, 16,2% foram por hipertensão gestacional sem proteinúria, 70% por hipertensão gestacional com proteinúria e 11,2% por hipertensão materna não especificada. Nesse sentido, a maior mortalidade por síndromes hipertensivas específicas das gestações em adolescentes ocorre por hipertensão gestacional com proteinúria. Em suma, a gestação na adolescência diz respeito à assistência básica, hospitalar e educacional no país, e é necessário o pré-natal adequado, capaz de detectar sintomas predisponentes à SHEG, bem como investigar laboratorialmente a proteinúria para combatê-la por meio de intervenções que possibilitem às adolescentes uma gravidez e um puerpério mais seguros.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311181
Neoplasia trofoblástica gestacional de ultra-risco — coriocarcinoma gestacional vaginal metastático: relato de caso
Maria Eduarda Richa Fonseca1, Renata Lopes de Oliveira1, Fernanda Freitas Oliveira Cardoso1, Vanessa Campos Baptista1, Jorge Fonte de Rezende Filho1, Antonio Rodrigues Braga Neto1
1Maternidade Escola, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: O coriocarcinoma gestacional (CCA-G) é neoplasia trofoblástica gestacional (NTG), altamente vascularizado, invasivo e com potencial metastatizante. Origina-se em 50% das mulheres após a gravidez molar, mas pode decorrer de qualquer tipo de gestação: termo/pretermo, aborto ou prenhez ectópica. Sua apresentação clínica depende da extensão da doença e da localização das metástases, sendo o sangramento do sítio metastático a forma de apresentação frequente. O acometimento vaginal corresponde a cerca de 30% das metástases. Os principais desafios diante do CCA-G metastático são o diagnóstico precoce e a condução das complicações relacionadas à hipervascularização tumoral. Relato de caso: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética — CAAE: 45689121.5.0000.5275). C.C.P., 24 anos, IVG IIP IIA, gestação molar em 2015 e cesariana a termo em 2017. Apresentou atraso menstrual e dosagem qualitativa de gonadotrofina coriônica humana (hCG) positiva em março de 2020. Em maio de 2020 observou nódulo vaginal, de crescimento acelerado e intensa dor local, quando também apresentou sangramento transvaginal aumentado e persistente, com eliminação de vesículas. Compareceu à maternidade, onde permaneceu internada com diagnóstico de abscesso vaginal, evadindo-se após curta internação. Em outubro de 2020, buscou maternidade em município vizinho com sangramento transvaginal de grande monta e lesão vaginal vinhosa, friável, estendendo-se da parede vaginal lateral direita ao colo uterino. Foi internada para estabilização hemodinâmica. Dosagem de hCG qualitativa positiva. Diante da suspeita clínica de NTG, a paciente foi encaminhada ao centro de referência (CR) em doença trofoblástica gestacional da Maternidade Escola da UFRJ, sendo atendida em 14 de outubro de 2020. Ao exame especular, observou-se lesão vaginal ulcerada (7x4x3 cm) com sangramento ativo de moderada intensidade. Ao toque vaginal, evidenciou-se lesão multilobulada, infiltrada e endurecida. Nesse dia, a dosagem de hCG foi 557.412 UI/L e a ultrassonografia transvaginal evidenciou, em topografia de colo uterino, imagem heterogênea, irregular, de limites mal definidos, intensamente vascularizada, medindo 71x68x65 mm, e ovário de volume aumentado às custas de múltiplas imagens císticas. Diante do diagnóstico de NTG com metástase vaginal, com doença em estádio (FIGO 2002) II e escore de risco da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia/ Organização Mundial da Saúde (FIGO/OMS) 13. Realizou radioterapia anti-hemorrágica, dois ciclos de etoposido e cisplatina (EP)-baixa dose, com hCG subsequente de 765 UI/L, e oito ciclos de etoposido, metotrexato/leucovorina e actinomicina-D (EMA-CO), com remissão, seguidos por quatro de quimioterapia de consolidação. Durante o seguimento, da lesão vaginal, evoluiu com fístula parauretral direita (5 mm). Conclusão: O tratamento apropriado dos casos de NTG de ultra-alto risco é particularmente crítico pelo elevado risco tanásico, particularmente quando há diagnóstico de CCA e presença de doença metastática. A melhor chance para uma paciente com NTG, nessas condições, alcançar a cura é o acesso a tratamento especializado e precoce em um CR para NTG.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311182
O aumento da taxa de fecundidade em mulheres com 35 anos ou mais entre 1995 e 2018
Julie Teixeira da Costa1, Célia Regina da Silva1, Isabel Maria Santos Lacerda1, Nathalia Fonseca de Farias Rosa1, Mateus Benac Cavalcante1
1Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Introdução: A gravidez com idade de 35 anos ou mais é considerada gravidez tardia, com riscos para o binômio materno-fetal. Objetivo: Analisar a taxa de fecundidade por idade específica (TFIE) por região brasileira, o estado conjugal e a escolaridade das mães ≥35 anos nos períodos 1995-2000 e 2013-2018. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Estudaram-se as gestantes das faixas etárias 35-39, 40-44 e ≥45 anos que tiveram filhos nesse período. Foram excluídas as informações dos registros do SINASC com idade gestacional <22 semanas e com idade ignorada, e calcularam-se as frequências de estado civil e escolaridade em cada grupo etário. Resultados: A TFIE de 35-39 anos nos períodos 1995-2000 e 2013-2018 no Brasil mostrou aumento de 13,7% (de 33,9 para 38,5%), com crescimento em todas as regiões brasileiras, exceto no Nordeste. Na Região Norte, aumentou de 31,7 para 33,3% (4,9%), no Centro-Oeste de 24,8 para 36,9% (48,9%), no Sudeste de 32,8 para 41,6% (26,7%) e no Sul de 40,5 para 43,1% (6,4%). Entre 40-44 anos, houve redução no Norte, Nordeste e Sul (-19,6, -28,7 e -12,2%, respectivamente) e elevação no Centro-Oeste de 6,9 para 9,1% (32,1%) e no Sudeste de 9 para 10,8% (20,1%). A gravidez com 45 anos ou mais reduziu em todas as regiões brasileiras no período estudado. Em relação ao estado civil, nota-se que, no período de 1995-2000, a gravidez tardia ocorreu com mais frequência na população casada (74,6%), aparecendo em maior proporção entre 35-39 anos (78,6%) e na região Sudeste (46,2%). O mesmo ocorreu no período de 2013-2018 (68%), sendo mais comum na população casada com idade de 35-39 (80,8%) e com maior proporção na região Sudeste (46,7%). Já comparando a escolaridade, no período de 1995-2000, a quantidade de mulheres com ≥8 anos de estudo que engravidaram foi maior em todas as regiões, exceto Norte e Nordeste. No período de 2013-2018, observa-se que esse grupo de mulheres foi maior em todas as regiões. O Sudeste teve maior número de mulheres grávidas com ≥8 anos de estudo nos dois períodos (1995-2000 e 2013-2018), sendo, respectivamente, 58 e 49,7%. Conclusão: Esses resultados mostram correlação direta com o índice de desenvolvimento humano (IDH), pois regiões com >IDH apresentam > taxa de gestação tardia. A tendência de adiamento da gravidez encontra-se relacionada à maior escolaridade e ao casamento, provavelmente pela participação feminina no mercado de trabalho, que leva à postergação da gravidez em busca de melhores oportunidades profissionais e financeiras.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311183
O uso de mio-inositol para a prevenção de diabetes gestacional
Davi Rogienfisz Mendes1, Ana Luiza Vargas Espadim1, Raíssa Maria Duarte Moreira1
1Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos
Introdução: O inositol é um componente natural das vias metabólicas, que possui diversos isômeros, sendo o mio-inositol um deles. Esse composto está presente em diversos alimentos, como cereais e legumes, além de ser sintetizado pelo próprio organismo, principalmente no fígado. Por sua vez, a diabetes gestacional é entendida como a resistência à insulina presente na mulher grávida sem diagnóstico prévio da doença. Objetivo: Compreender se há relação entre a suplementação de mio-inositol e a prevenção do diabetes gestacional. Métodos: Foram realizadas pesquisas nas bases de dados PubMed e Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando-se dos descritores “myo-inositol” e “gestational diabetes”. Foram selecionados artigos na língua inglesa. Resultados e conclusão: Em um primeiro estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego, realizado em 2013, 35 mulheres receberam a suplementação de mio-inositol e ácido fólico durante toda a gravidez, enquanto 38 mulheres, do grupo placebo, receberam apenas ácido fólico pela mesma duração de tempo. Nesse estudo, foi observado que o grupo que utilizou mio-inositol apresentou uma diminuição na incidência de diabetes gestacional quando comparado ao grupo controle (6
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311184
Os efeitos positivos da prática da ioga supervisionada durante a gestação
Amanda Silva Florentino1, Matheus Silva Neves dos Santos2, Priscilla Rocha Araujo Nader1, Rubens José Loureiro1
1Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória
2Universidade Norte do Paraná
Introdução: A ioga é uma prática terapêutica que promove o bem-estar físico e mental por envolver técnicas de respiração associadas a meditação e posturas corporais. A gravidez é um processo em que ocorrem diversas mudanças fisiológicas e psicológicas que podem ocasionar desconfortos, como dor, fadiga e o aumento da ansiedade em função da espera pelo bebê, assim como os níveis de estresse. Nesse sentido, a ioga pode ser implementada como uma prática pré-natal complementar durante a gravidez, sendo mediada de forma supervisionada e moderada quando não houver contraindicações. Objetivo: Analisar os benefícios proporcionados pela ioga supervisionada durante a gestação. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa realizada na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde durante o mês de abril de 2021. Para a busca, utilizaram-se os descritores: “ioga” AND “gravidez” AND “pomoção da saúde”. Foram selecionados artigos disponibilizados em texto completo publicados entre agosto de 2015 e julho de 2020. A princípio foram identificados 15 artigos e, após a aplicação dos critérios de inclusão, restaram 14 artigos, dos quais cinco compuseram a amostra final. Resultados e conclusão: Verifica-se que o exercício dessa terapia complementar pode melhorar a diabetes gestacional e a hipertensão desenvolvida na gravidez, os sintomas de ansiedade e depressão, a qualidade do sono e a lombalgia. Ademais, também reduz o estresse e as chances de parto prematuro. Outrossim, por proporcionar o fortalecimento dos músculos do abdômen, pelve e costas, ela facilita o parto normal, uma vez que essas musculaturas são utilizadas no trabalho de parto. Além do mais, as técnicas de respiração aprendidas durante os momentos de ioga podem ser eficazes para o relaxamento durante as contrações. Diante dos benefícios apresentados, constata-se que a prática de ioga supervisionada precisa ser democratizada para que as gestantes possam desfrutar dos efeitos positivos durante a gravidez e no momento do parto. De mais a mais, os componentes da equipe multidisciplinar devem exercer a prática adaptada às necessidades e condições de cada gestante, com a finalidade de promover a saúde numa visão holística. Por fim, ressalta-se que os estudos sobre os efeitos da ioga em mulheres grávidas ainda são escassos, sendo essa uma área potencial para estudos futuros.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311185
Pancreatite biliar na gestação
Vanessa Frajblat1, Maria Eduarda Ragghiante Ferreira1, João Carlos Ribeiro Ferreira1
1Universidade do Grande Rio
Introdução: A pancreatite aguda (PA) durante a gestação é uma condição rara, com incidência de 1/1.000-10.000 gestações e altas taxas de mortalidade materno-fetal, mas, com o diagnóstico precoce e o cuidado intensivo, a taxa de mortalidade é de 0 a 3%. Relato do caso: G.D.S.P., 21 anos, G4P1A2, com idade gestacional (IG) de 38 semanas e 3 dias, foi à maternidade com queixa de lombalgia intensa que irradiava para a região epigástrica associada a dor em baixo ventre. Já havia procurado o serviço antes com as mesmas queixas, porém foi tratada como se fossem dores normais da gestação. Ao exame, apresentava-se taquicárdica, com abdome doloroso a palpação em região epigástrica. Durante a internação, observa-se amilase de 579, lipase de 1.750 e cardiotocografia categoria 1, portanto, foi iniciado o tratamento de pancreatite aguda. A ultrassonografia abdominal evidenciou uma oligodramnia acentuada com um índice do líquido amniótico < 3 cm3 e a ausência de litíase biliar. Realizou-se parto por via alta e a paciente foi mantida em dieta zero até a melhora laboratorial. Recebeu alta três dias após o parto, com melhora clínica significativa. Quatro dias depois da alta, voltou com a mesma queixa, no momento associada a episódios de vômitos. Os exames mostraram a recorrência da pancreatite e a presença de vesícula biliar distendida com paredes espessadas, apresentando diminutos cálculos livres. O pâncreas foi parcialmente visualizado, sem anormalidades. Realizou-se tratamento clínico de suporte e, após oito dias da melhora clínica, a paciente foi submetida a uma colecistectomia videolaparoscópica (CVL) com colangiografia. Conclusão: A paciente apresenta características que são frequentes em pacientes com PA na gestação, como a multiparidade, a ocorrência no 3º trimestre e a alta recorrência. Sabe-se que a alteração na motilidade da vesícula pode persistir por até um ano após o parto, tornando a frequência de gestações e a multiparidade os maiores fatores de risco para a formação de cálculos biliares em gestantes. A dor inicialmente foi confundida com uma queixa álgica fisiológica da gravidez, o que pode ser tolerado, uma vez que a paciente apresentava dores em locais típicos de uma gestante no 3º trimestre. Todavia, é importante a reflexão sobre outras etiologias com quadros repetitivos que levam a várias idas à maternidade, por mais comuns que os sintomas sejam. A paciente apresentou recorrência do quadro da pancreatite, e seguiu-se o tratamento que se tem como consenso para quadros de PA no 3º trimestre da gestação, ou seja, tratamento conservador ou realização da colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com esfincterotomia endoscópica biliar e CVL no pós-parto. Essa segunda alternativa de tratamento não se encaixava no relato, pois inicialmente não foi visualizada nenhuma alteração biliar. Adotou-se conduta conservadora de acordo com as informações obtidas até aquele momento e, após a recorrência do quadro no pós-parto, foi realizada uma CVL com colangiografia.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311186
Pentalogia de Cantrell: um relato de caso
Julia Goes Guimarães1, Kelvin Cleyton Ribeuro1, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús1, Ana Elisa Rodrigues Baião1, Fernando Maia Peixoto Filho1
1Instituto Federal Fluminense
Introdução: A pentalogia de Cantrell (PC) é uma forma rara de defeito da parede abdominal que consiste na associação de cinco malformações maiores: anormalidade na linha média da parede abdominal superior, defeito esternal, defeito diafragmático, defeito pericárdico e anomalias congênitas do coração. Entre elas, os achados mais comuns são onfalocele e defeito do septo atrioventricular. Sua incidência varia de 1:65.000 a 1:200.000, porém sua etiologia é incerta. A teoria mais aceita é uma alteração no desenvolvimento fetal 18-21 dias após a concepção, quando há alteração na migração das estruturas mesodérmicas primordiais da linha média. Relato de caso: A.L.S.R., 18 anos, GIPI, sem comorbidades, foi admitida no setor de medicina fetal de um centro terciário, em 22 de fevereiro de 2021, com 24 semanas, em razão de defeito de fechamento tóraco-abdominal. A ultrassonografia (USG) identificou
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311187
Perfil epidemiológico da sífilis em gestantes no Brasil
Victória Moreira Gomes1, Daniele Socorro de Brito Souza Paiva1, Bruna Silva de Melo1, Amanda Maués Ramos1, Marcelle Pinho Conceição1
1Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
Introdução: A sífilis é uma infecção bacteriana de caráter sistêmico, curável e exclusiva do ser humano. A infectividade da sífilis por transmissão sexual é maior nos estágios iniciais (primária, secundária e latente recente), diminuindo gradualmente com o passar do tempo (latente tardia e terciária). A sífilis é transmitida predominantemente por via sexual e vertical. A transmissão vertical acontece mais frequentemente intraútero, embora também possa ocorrer durante a passagem do feto pelo canal do parto. A infecção prévia não confere imunidade protetora, portanto, a pessoa pode se reinfectar a cada vez que for exposta, o que justifica o rastreio mais frequente durante a gestação. A ocorrência de sífilis em gestantes no Brasil vem apresentando aumento significativo, sendo tratada como problema de saúde pública nacional. Ela resulta em graves efeitos adversos para o concepto, desde abortos e óbitos fetais até recém-nascidos vivos com sequelas diversas da doença, que poderão se manifestar tardiamente. Objetivo: Avaliar dados epidemiológicos nacionais sobre a sífilis gestacional. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, de série histórica, sobre sífilis em gestantes no Brasil, com dados obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no período de 2010 a 2020. Foram analisadas as seguintes variáveis: taxa nacional, faixa etária, idade gestacional e classificação clínica. Os dados foram apresentados em forma de gráficos de distribuição de frequências. Resultados e conclusão: Ao avaliar os dados obtidos, constatou-se que a taxa de detecção de sífilis nas gestantes do Brasil por ano apresenta números crescentes, com leve declínio no ano de 2019. Em 2010, representava 3,5 (n: 10.070) casos a cada mil nascidos vivos e, em 2019, alcançou 20,8 (n: 61.127). Em relação à idade gestacional, o diagnóstico precoce no 1º trimestre vem apresentando aumento significativo em comparação com os demais períodos, compondo 42,9% dos casos no ano de 2020, diferentemente do ano de 2010 em que predominava o diagnóstico no 3º trimestre com 37,9%. Já em relação à idade dessas gestantes, a faixa etária de 20 a 29 anos foi mais prevalente em todos os anos, com média de 53% dos episódios. Da amostra analisada, vemos que há aumento no diagnóstico em fase latente, que representa no último ano o total de 38,6% dos casos e a diminuição dos quadros identificados na fase primária com o passar dos anos, totalizando 25,5% no ano de 2020. Dessa forma, conclui-se que a sífilis é um grave problema de saúde pública por sua alta prevalência e sua repercussão materno-fetal. Assim, é fundamental a captação precoce das gestantes para que o diagnóstico e o tratamento ocorram o quanto antes.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311188
Perfil epidemiológico dos casos de sífilis em gestantes no estado do Piauí
Silmara Ferreira de Olivera1, Beatriz Sousa Santos1, Ariela Karollyny Santos Silva1, Odilea Ribeiro Sanção1, Nilsa Araújo Tajra1, Joao de Deus Valadares Neto1
1Centro Universitário Uninovafapi
Introdução: A sífilis na gestação (SG) constitui um grave problema de saúde pública no Brasil, responsável por altos índices de morbimortalidade intrauterina. Objetivo: Este estudo objetivou determinar o perfil epidemiológico dos casos de SG notificados no estado do Piauí no período de 2005 a 2020. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, de abordagem quantitativa. Para isso, utilizou-se o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram verificadas as seguintes variáveis: casos por ano, idade gestacional, faixa etária, escolaridade, cor ou raça, esquema de tratamento e classificação clínica. Resultados e conclusão: Entre 2005 e 2020, foram notificados 3.885 casos de SG no estado do Piauí, com prevalência no ano de 2018 de 746 casos (19,2%) e no ano de 2019 de 788 (20,3%). Os demais períodos demonstraram homogeneidade, variando de 85 a 448 casos por ano. A idade gestacional no momento do diagnóstico foi, majoritariamente, o 3º trimestre de gestação, com 1.556 casos (40,0%), seguido do 2º trimestre, com 1.272 (32,7%), e apenas 848 (21,8%) no 1º trimestre. Quanto à faixa etária, a maioria dos casos concentrou-se na faixa de 20 a 29 anos, com 2.003 (51,5%), seguida das faixa entre 15 e 19 anos, com 992 (25,5%). Chama atenção a presença de SG na faixa etária de 10 a 14 anos, com 73 casos (1,8%), que somados à faixa etária de 15 a 19 correspondem a 1.065 gestantes (27,4%). Boa parte dos casos concentrou-se entre gestantes com escolaridade de 5ª a 8ª série incompleta, somando 924 casos (23,7%); 53 gestantes (1,3%) tinham curso superior completo e 48 (1,2%) eram analfabetas. Quase a totalidade dos casos (2.771, ou 71,3%) esteve em gestantes de cor parda. Quanto ao esquema de tratamento, a penicilina foi escolhida em 2.098 (91,2%) dos 2.298 casos notificados. A classificação clínica demonstrou sífilis latente em 1.201 casos (30,9%), seguida de sífilis primária em 1.062 (27,3%). Conclui-se que o perfil epidemiológico da SG no estado do Piauí engloba mulheres adolescentes e adultas jovens, com baixa escolaridade e cor parda, semelhante ao de outros estudos na Região Nordeste e também no Brasil. A homogeneidade de casos e o período tardio de diagnóstico, no 3º trimestre, demonstra o difícil controle da doença. A forma latente foi prevalente, o que reforça a importância da realização do exame em todas as gestantes. Além disso, a droga de escolha é a penicilina, que atravessa a barreira transplacentária e é mais efetiva na prevenção e tratamento da infecção no feto. Não houve registro da evolução dos casos, variável que poderia contribuir ao demonstrar a efetividade do tratamento, bem como possíveis reinfecções. Assim, os dados deste estudo contribuem para o diagnóstico situacional e podem auxiliar os gestores da saúde no planejamento e na reformulação de estratégias de prevenção e controle da SG.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311189
Perfil socioeconômico de pacientes em um hospital materno-infantil no Sul do Brasil durante a pandemia de COVID-19
Adriani Oliveira Galão1, Aline Petracco Petzold2, Fernanda Dias Silva3, Marcelle Martinez Loureiro3, Fernanda Paixão Etchepare4, Deise Maria Ramos Cunha4
1Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Hospital de Clínicas de Porto Alegre
2Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Hospital Materno Infantil Presidente Vargas
3Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Hospital Materno Infantil Presidente Vargas
4Hospital Materno Infantil Presidente Vargas
Introdução e Objetivo: Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 na situação socioeconômica e na assistência pré-natal das puérperas atendidas no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV). Métodos: Foram entrevistadas 811 puérperas de setembro de 2020 a janeiro de 2021. Avaliou-se a situação socioeconômica delas e o acesso ao pré-natal nesse período. O questionário era dividido em três etapas. Pacientes que chegassem à terceira eram consideradas em situação de vulnerabilidade social e selecionadas para recebimento de doações. Resultados: Do total da amostra, 69,2% mulheres referiram que a sua situação econômica sofreu o impacto da pandemia. Delas, 51,8% referiram nenhuma ou pouca dificuldade para adquirir alimentos básicos; 35,6% constataram média dificuldade; e 12,6% referiram muita ou extrema dificuldade. Na segunda etapa, avaliaram-se 387 pacientes com média de 1,2 pessoas empregadas e apenas 0,6 trabalhando com carteira assinada. Nesse grupo vulnerável, 68,8% recebiam auxílio financeiro do governo, cujo valor médio era de R$ 433,34. A renda mensal média entre elas era de R$ 1.671,13. Na terceira etapa do questionário, avaliaram-se 290 puérperas. Constatou-se que 85,9% fizeram acompanhamento pré-natal adequado pela rede pública de saúde (média de oito consultas). Nesse grupo mais vulnerável, a idade média foi de 26,5 anos e a formação era de 97,9% de brasileiras, sendo 46% brancas, 29% pretas, 23% pardas e 2% indígenas. Delas, 71% já tinham outro filho (média de 1,5 filhos, intervalo de 1-14). Somente 3,9% das pacientes possuíam ensino superior, ainda que incompleto, 24,2% ensino médio completo, 29,1% médio incompleto, 18,9% ensino fundamental completo e 23,9% não haviam completado sequer o fundamental. Na entrevista, 76,9% informaram estarem desempregadas e 75,4% delas relataram possuir companheiros (20,7% deles estavam desempregados, 55% eram autônomos e 24,3% trabalhavam com carteira assinada). Conclusão: Grande parte das puérperas refere prejuízo socioeconômico em função da pandemia de COVID-19 e quase metade delas afirmou estar passando por dificuldades importantes para adquirir alimentos básicos. Entre as pacientes mais vulneráveis, poucas eram escolarizadas e a maioria encontrava-se desempregada, dependendo inteiramente do companheiro, de familiares e/ou de auxílio do governo, disponível somente a 69% desse grupo. Felizmente, mesmo em virtude da pandemia, a grande maioria realizou adequado acompanhamento pré-natal e teve alta hospitalar com excelentes taxas de amamentação (87%), importantíssima, especialmente para essa população.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311190
Placenta prévia com acretismo e invasão para colo em gestante positiva para o vírus da imunodeficiência humana: relato de caso
Mariana Fortes Balzana1, Flávia Durães Gonçalves1, Giulia Bastos Buscema1, Carolina Horstmann de Carvalho1, Beatriz Ramiro Garcia Carneiro1, Carolina Carvalho Mocarzel1
1Hospital Federal dos Servidores do Estado
Introdução: Placenta acreta é uma condição patológica de placentação associada a alto risco de hemorragia maciça durante o parto. A placenta prévia (PP) é definida quando seu desenvolvimento ocorre no segmento uterino inferior e é classificada conforme sua relação com o colo uterino. Gestantes com PP têm risco progressivo de acretismo placentário (AP), conforme o crescente número de cesarianas realizadas. Mulheres com associação de AP com PP costumam ter internação eletiva precoce (entre 32 e 34 semanas) para proximidade com o centro cirúrgico caso precisem de abordagem de urgência. Relato de caso: V.L.A., 36 anos, parda, residente do Rio de Janeiro, com diagnóstico de vírus da imunodeficiência humana (HIV), com carga viral indetectável, G7P2(PC)A4, com idade gestacional de 29 semanas e 1 dia. Foi admitida na Unidade Materno Feral do Hospital Federal dos Servidores do Estado (UMF-HFSE) com queixa de dor abdominal leve e sangramento vaginal intermitente de pequeno volume. A ultrassonografia (USG) realizada na unidade apresentou diagnóstico de PP total, colo uterino medindo 12 mm com afunilamento e aumento da vascularização cervical. Paciente estável hemodinamicamente, tônus uterino normal, ausência de metrossístoles, colo fechado, de coloração arroxeada e ausência de sangramento vaginal ativo. Durante a internação, realizou-se o diagnóstico de diabetes gestacional e foi iniciada a insulinoterapia. Prescreveu-se progesterona vaginal 200 mg/dia desde a internação e repouso relativo. A ressonância magnética confirmou o diagnóstico de AP. Pelos riscos da gestação e a condição social da paciente, optou-se pela manutenção da internação até o parto. Planejou-se o parto para 36 semanas com equipe multidisciplinar, realização de visita pré-anestésica, reserva de hemocomponentes, corticoterapia para maturação pulmonar fetal, programação da passagem de cateter duplo J com equipe da urologia e reserva de vaga em unidade de terapia intensiva (UTI). O parto foi realizado sob anestesia geral, cesariana com histerectomia total e rafia vesical, com choque hipovolêmico durante ato cirúrgico. A paciente foi mantida em UTI após o parto e retornou à enfermaria dois dias depois com realização de mais dois choques hipovolêmicos, recebendo alta hospitalar em bom estado geral. Conclusão: Pacientes com PP têm 11% de risco de AP após a segunda cesariana, como é o caso da paciente em questão, e 90% dos casos de AP ocorrem em gestantes com PP e cesárea anterior. Mulheres com cesárea prévia que apresentam PP complicada por AP de gravidez em curso são o grupo obstétrico com maior chance de complicação no parto. Há significativo aumento da morbimortalidade materna, proporcional à quantidade de cesarianas, sendo o AP e a necessidade de histerectomia intraparto as consequências mais impactantes. Serviços com equipe cirúrgica multidisciplinar, setor de hemoterapia e UTI estão associados à redução da morbidade materna em cinco vezes, ao menor índice de transfusão sanguínea e à necessidade de reabordagem em sete dias. Dessa forma, uma vez que o diagnóstico de AP é suspeitado, o plano de cuidado com uma equipe multidisciplinar é indispensável.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311191
Mariana Vanon Moreira1, Júlia Abrahão Lopes1, Aline Batista Brighenti dos Santos1, Cecília Barra de Oliveira Hespanhol2
1Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora
2Universidade Federal de Juiz de Fora
Introdução: A gestação é considerada diabetogênica por se caracterizar pelo aumento da resistência à insulina, associado à elevação dos níveis séricos de outros hormônios, que visa manter constante o suprimento de glicose para o feto. Em gestações normais, isso é compensado pelo aumento da secreção pancreática de insulina. Porém, em pacientes com diabetes
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311192
Preditores para histerectomia puerperal em um hospital público: análise de um ano
Jefferson Torres Nunes1, Alysson Castilho dos Santos1, Daniel Victor Silva Soares1, Edla Camila da Conceição1, Erivelton Lima Santos1, Marcilyo Max Bezerra Soares1
1Universidade Federal do Piauí
Introdução: A histerectomia pós-parto de emergência ou histerectomia puerperal é um procedimento operatório que consiste na retirada do útero por via abdominal, realizada após um parto cesariano ou vaginal. É considerada uma cirurgia de grande porte, reservada a situações de ineficácia dos métodos conservadores para controle de hemorragia uterina. Objetivo: Determinar dados sobre a prevalência, fatores de risco, principais indicações da histerectomia pós-parto e desfechos em um hospital publico do Piauí. Métodos: Estudo transversal prospectivo com abordagem quantitaiva de casos de mulheres submetidas à histerectomia pós-parto entre março de 2020 a março de 2021 no Hospital Regional Justino Luz em Picos, Piauí. Foram analisados, após autorização da comissão ética da instituição, idade materna, paridade, idade gestacional, tipo de parto, indicações para a histerectomia e seu desfecho. Resultados: Ocorreram no período de tempo estudado cinco histerectomias pós-parto, duas após cesariana e três após parto vaginal. De antecedentes obstétricos, identificou-se polidrâmnio, gestação gemelar com um feto morto, placenta acreta e indução de trabalho de parto. A idade gestacional variou de 33 a 41 semanas. A idade média das mulheres foi 32 anos, todas apresentavam mais de dois partos anteriores e estavam no puerpério imediato com atonia uterina como indicação da cirurgia, três necessitaram de cuidados em centro de terapia intensiva, quatro precisaram de hemotransfusão e uma evoluiu com coagulação intravascular disseminada. O intervalo de tempo entre o diagnóstico da hemorragia puerperal e o procedimento cirúrgico variou de uma a quatro horas, e em todos os casos foi feita profilaxia para hemorragia pós-parto com ocitocina. Adotou-se como técnica cirúrgica histerectomia subtotal e não houve óbitos maternos. Conclusão: Houve mais histerectomia após parto vaginal em mulheres jovens, com gestação a termo, porém com fatores de risco. A indicação principal da cirurgia foi atonia uterina e a principal complicação foi a hemotransfusão.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311193
Prevalência de sífilis gestacional na Região Norte entre os anos de 2015 e 2019
Bianca Rodrigues do Nascimento1, Lucas Aguiar de Sousa1, Ana Emília Gomes Macedo1
1Universidade do Estado do Pará
Introdução: A sífilis é uma doença contagiosa venérea causada pela espiroqueta Treponema pallidum. Entre suas categorias, encontra-se a sífilis gestacional, caracterizada por uma modalidade de transmissão vertical, ou seja, da mãe para o feto, para a qual se configura uma classificação de alta taxa de infecção — em torno de 70%. Nesse sentido, considerando-se que a Região Norte é o local de menor cobertura de testagem para sífilis, evidencia-se a necessidade de uma análise minuciosa dos casos notificados. Objetivo: Descrever a prevalência dos casos de sífilis gestacional na Região Norte do Brasil. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo quantitativo, feito com base nos dados recolhidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) — Ministério da Saúde, nos períodos de 2015 a 2019 na Região Norte do país, os quais foram dispostos e analisados no programa Microsoft Office Excel 2016. Resultados e Conclusão: Nos períodos analisados, foram notificados 26.139 casos de sífilis gestacional na Região Norte, sendo 80,2% compostos de pacientes pardas, como um reflexo do perfil populacional da localidade. Observou-se aumento progressivo das notificações ao longo dos anos investigados, sendo registrados 3.270 casos em 2015 e 6.026 em 2019. Constatou-se ainda que a maior parte das ocorrências foram registradas no terceiro trimestre da gravidez (37,72%). O diagnóstico prévio da sífilis gestacional valida a terapêutica precoce e precisa. Além disso, dos casos notificados, 1.890 ocorrências não apresentaram a idade gestacional das pacientes, dificultando a estratégia de combate à patologia. Ressalta-se também que 22,9% das notificações analisadas de sífilis gestacional se encontram na fase escolar de 5ª a 8ª série incompleta, destacando a relação intrínseca entre as incidências de sífilis na gestação e o grau de escolaridade. Colocam, assim, a escola como um importante expoente referente à educação para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, fortalecendo o Programa Saúde na Escola (PSE). Conclusão: A pesquisa realizada ressalta a necessidade de buscas ativas, acesso precoce a exames de testagem rápida, abordagem assistencial de qualidade às gestantes inscritas no programa Rede Cegonha da rede de atenção básica da Região Norte do país e, por fim, notificação e investigação dos casos identificados.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311194
Reincidência de gravidez na adolescência entre 2015 e 2019
Mateus Benac Cavalcante1,2, Denise Leite Maia Monteiro1, Fatima Regina Dias De Miranda1, Isabel Maria Santos Lacerda1, Daniela Fortunato Auar1, José Augusto Sapienza Ramos1
1Pontifícia Universidade Católica do Paraná
2Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Introdução: A reincidência da gravidez na adolescência é caracterizada como uma nova gestação na mesma faixa etária e tem-se tornado fator preocupante pelo impacto na vida das adolescentes, com sobrecarga psicológica, financeira e emocional. Objetivo: Descrever os fatores associados à reincidência da gravidez em relação à idade materna. Método: Estudo epidemiológico, descritivo, com desenho transversal, realizado por busca no banco de dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), utilizando informações do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). O estudo incluiu todas as gestantes entre 10 e 19 anos que tiveram nascidos vivos (NV) nos anos de 2015 a 2019 (n=2.221.773). As gestantes que reengravidaram foram separadas em: grupo 1, de 10 a 14 anos (n=5.123), e grupo 2, de 15 a 19 anos (n=586.966). A análise foi feita pelo programa Epi-Info 3.5.4. Resultados: A reincidência global manteve-se estável ao longo dos anos (aproximadamente 30%), estando entre 4,3 e 4,8% no grupo 1 e entre 25 e 26% no grupo 2. Neste, a repetição da gravidez por duas ou mais vezes foi de 5%, e naquele foi mais rara. No grupo 1, 79,6% das primigestas eram solteiras, 19,1% eram casadas ou em união consensual e 63,6% apresentavam escolaridade menor do que oito anos. Entre as secundigestas, 66,9% eram solteiras, 31,1% casadas e 73,3% tinham menos de oito anos de escolaridade. No grupo 2, das primigestas, 67,3% eram solteiras, 31,6% casadas ou em união consensual e 22,7% estudaram por menos de oito anos. Já nas secundigestas, 60,1% eram solteiras e 38,4% casadas ou unidas. Nestas, a escolaridade baixa fez-se presente em 38,0% dos casos. Ser casada aumentou em 96% a chance de a gravidez reincidir no grupo 1 (p<0,001;
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311195
Relato de caso: leiomioma subseroso extenso e gestação
Georgia Guedes Cruz1, Lívia Aniz Vieira1, Vinícius dos Santos Conejo1, Marla Spilki1, Cibele Borges Mendonça1
1Hospital Municipal de Canoas
Introdução: Leiomiomas são patologias benignas comuns do útero que acometem cerca de 40% das mulheres em idade fértil. Durante a gestação pode ocorrer um crescimento mais rápido dos miomas uterinos preexistentes em decorrência da hipertrofia miometrial, das alterações hormonais e da maior vascularização. Relato do caso: Paciente do sexo feminino, 29 anos, primigesta, com idade gestacional de 29 semanas e 2 dias, hipertensa prévia e diabética gestacional, foi encaminha do pré-natal ao pronto atendimento obstétrico do hospital por modificação de colo uterino. Os exames prévios foram revisados e foi constatado que na primeira ecografia obstétrica, feita com nove semanas e quatro dias, evidenciava-se um mioma subseroso com 15x12,2x12,6 cm. Ao exame físico, a paciente apresentava sinais vitais estáveis, tônus uterino normal e batimentos cardiofetais normais, palpava-se uma grande massa no fundo uterino, a dinâmica uterina era ausente e, ao toque vaginal, o útero estava com colo 50% apagado, posterior, com 2 cm de dilatação. A paciente foi internada, recebeu corticoide pra maturação pulmonar e realizou exames, incluindo uma ecografia abdominal que mostrou hidronefrose bilateral, maior à esquerda, e um mioma subseroso em fundo uterino medindo 18x16x16,3 cm e com volume de 2.476 cm3. Como não houve alteração da função renal, a equipe da urologia não achou necessário intervir. Durante a internação, a paciente permaneceu sem dinâmica e sem nova modificação de colo, mantendo sinais estáveis e boa avaliação de bem-estar fetal e teve alta após seis dias. Com 37 semanas e 5 dias, a paciente reinternou-se para desfecho gestacional em função das comorbidades e optou-se por via alta (opção da paciente e comum acordo com a equipe obstétrica). Nessa segunda internação, a paciente queixava-se de cólicas intensas e dificuldade para realizar as atividades cotidianas. O recém-nascido teve Apgar 8/8 e peso 2920 g. A cesárea foi de difícil execução em função do sangramento aumentado da histerorrafia, que dificultou a obtenção de uma boa hemostasia e aumentou o tempo cirúrgico. Levando isso em conta, a miomectomia não foi realizada durante esse procedimento e foi programada pra um segundo momento. A paciente recebeu alta 48 horas após o nascimento. Conclusão: A miomatose uterina pode desencadear possíveis complicações durante a gestação e o parto e aumentar a taxa de histerectomia puerperal. Ainda não há consenso sobre a realização de miomectomia no momento da cesárea e devem-se considerar questões como localização, tamanho, quantidade e proximidade de grandes vasos. De acordo com alguns estudos publicados, a realização da miomectomia durante a cesariana não apresentou diferença significativa em relação a sangramento, tempo de internação, morbidade e tempo cirúrgico quando comparada à cesárea isolada. No entanto, estudos maiores são necessários para planejarmos com mais segurança a abordagem cirúrgica dessas pacientes.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311196
Relato de caso de porfiria intermitente aguda na gestação: impacto do diagnóstico na abordagem e seguimento
Paula Faria Campos1, Kelma Luana Abreu de Siqueira1, Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa1, Carolina Genaro Pultrin1, Lorena da Silva Rosa1, Catharina Maria Facciolli Blum1
1Hospital Materno Infantil de Brasília
Introdução: As porfirias constituem um grupo doenças genéticas ou adquiridas decorrentes de deficiências enzimáticas na via de biossíntese do heme, que causam acúmulo de precursores metabólicos tóxicos. As porfirias agudas são doenças autossômicas dominantes, desencadeadas por fatores ambientais (medicações, estresse, hormônios esteroides, alterações nutricionais, aumento de progesterona na fase lútea). A porfiria aguda intermitente (PAI) é causada pelo
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311197
Relato de caso de tuberculoma cerebral no ciclo gravídico-puerperal
Marina Silva Guinda Ribeiro1, Maria Clara Artiaga1, Márcia Maria Auxiliadora de Aquino1, Corintio Mariani Neto1, Marcos Antonio Nogueira dos Santos1
1Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros
Introdução: O tuberculoma cerebral origina-se da coalescência de focos tuberculosos durante o período de bacilemia na infecção primária ou reativação da tuberculose (TB). A neurotuberculose (NTB) tem alta prevalência em países subdesenvolvidos e mais comumente atinge crianças e adultos jovens. O sistema nervoso central é acometido em 1 a 5% dos pacientes com TB, sendo a forma mais grave da doença em relação à morbimortalidade. Relato do caso: Relata-se o caso de puérpera boliviana de 21 anos no quinto dia pós-parto normal, com história de crises convulsivas de início no quarto mês de gestação sem investigação ou tratamento. Dois dias após a alta hospitalar, apresentou episódio de crise convulsiva tônico-clônica, seguida de pós-ictal com paresia e parestesia em membro inferior esquerdo. Foi encaminhada à unidade de terapia intensiva para controle do quadro. Durante a internação, apresentou tosse seca com evolução para produtiva. Foi realizada radiografia de tórax, que mostrou imagem sugestiva de cavitação em ápice esquerdo. Para melhor elucidação do caso, solicitou-se exame de reação em cadeia da polimerase para COVID-19 — negativo, pesquisa de bacilo álcool-ácido resistente em escarro — duas amostras negativas - e tomografias computadorizadas (TC) de tórax e cérebro. A de tórax exibiu micronódulos centrolobulares esparsos em ambos os pulmões, principalmente nos lobos superiores, e presença de consolidação escavada em ápice pulmonar esquerdo de 3,7 cm. Já a TC cerebral evidenciou lesão nodular com centro liquefeito nos giros frontais médio e superior direito, medindo 3x3x2,2 cm, associada a edema perilesional de efeito expansivo e pequena herniação subfalcina. A principal hipótese diagnóstica aventada foi tuberculoma cerebral concomitante à TB pulmonar em função da imagem de cavitação em TC de tórax e da história de exposição à TB — marido com diagnóstico e tratamento em 2019. Descartaram-se outras hipóteses por meio de sorologias — para vírus da imunodeficiência humana (HIV), toxoplasmose, citomegalovírus e outras com resultados negativos. Em razão da presença de herniação em TC cerebral, ficou impossibilitada a punção lombar para a coleta de líquor para a confirmação diagnóstica. A terapia instituída foi a associação de fenitoína 300 mg/dia ao esquema específico (rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol), além de dexametasona 24 mg/dia por conta do edema perilesional. A paciente apresentou boa evolução, sem episódios convulsivos nem outros sintomas. Permaneceu em leito de isolamento por 14 dias, fez TC de controle sem novos achados, recebeu alta após um mês e foi encaminhada para seguimento ambulatorial de neurologia e infectologia em outro serviço. Conclusão: É importante incluir o diagnóstico diferencial de NTB em casos de pacientes, incluindo gestantes e puérperas, com fatores clínicos e epidemiológicos e achados sugestivos em exames de imagem, principalmente se evidenciado acometimento extraneural, visto que quando instituído o tratamento precoce geralmente se tem bom prognóstico e regressão com o uso de terapia antituberculosa.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311198
Relato de caso: gravidez ectópica em cicatriz de cesárea com desfecho favorável
Marjori Dayane Pelinson Lyra1, Daiana Barbosa Dias Melo1, Ana Paula Lago1
1Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Introdução: A gravidez em cicatriz cesariana é considerada um tipo de gravidez ectópica, raro e de elevada morbimortalidade, que tem por principais complicações ruptura uterina, hemorragia volumosa, histerectomia, invasão de bexiga e comprometimento do futuro reprodutivo. A expansão do número de casos ao longo dos anos está relacionada ao aumento de cesáreas em todo o mundo. Destacam-se como fatores de risco idade materna avançada, paridade, número de abortos induzidos, número de cesarianas prévias, intervalo interpartal menor que cinco anos, principalmente menor que dois e história de cesárea realizada em hospital rural e defeitos na cicatriz pós-cesariana, gerando retroposição do útero. A literatura apresenta número escasso de casos com desfecho favorável. Desde o advento da ultrassonografia, a possibilidade do diagnóstico precoce tem propiciado várias formas de tratamento com interrupção precoce da gestação. Relato de Caso: Mulher, 33 anos, com antecedente obstétrico de duas cesarianas, a última 36 meses antes, e diagnóstico ecográfico de implantação do saco gestacional em topografia de cicatriz de cesariana prévia, com nove semanas de idade gestacional. Optou por dar continuidade à gestação, ciente dos riscos materno e fetal. Durante a evolução da gestação, a ultrassonografia evidenciou sinais de invasão placentária em bexiga (placenta percreta), confirmada via ressonância magnética de pelve. Com 32 semanas, evoluiu com quadro de sangramento vaginal importante e realizou parto cesárea de urgência com equipe multidisciplinar (vascular-rrologia-neonatologia-obstetrícia). No procedimento, fez-se passagem de cateter duplo J bilateral e cistorrafia pela equipe da urologia, balonamento de artérias ilíacas internas bilaterais pela equipe da cirurgia vascular, e houve necessidade de histerectomia total e salpingectomia bilateral. O recém-nascido pesou 1850 g, Apgar 8/9, e teve boa evolução clínica em cuidados neonatais intensivos. A paciente permaneceu por quatro dias em unidade de terapia intensiva,com boa evolução clínica, e segue em acompanhamento com urologia e obstetrícia. Conclusão: Existem dois tipos de gravidez em cicatriz cesariana: com progressão para o espaço cérvico-ístmico ou cavidade uterina (tipo I, tipo endogênico) ou com invasão profunda no defeito cicatricial, com progressão para a bexiga e cavidade abdominal (tipo II, modelo exogênico). Em relação à fisiopatologia, a teoria mais usada para explicar esse tipo de gravidez ectópica é a penetração do blastocisto no miométrio através de uma microscópica deiscência na cicatriz, causada por incisão cesariana segmentar prévia. Nesses casos, aconselha-se o diagnóstico precoce e o acompanhamento multidisciplinar na tentativa de evitar
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311199
Relato de caso: óbito de gestante com síndrome de HELLP e COVID-19
Vinícius dos Santos Conejo1, Guilhermina Modesto Jaco1, Georgia Guedes Cruz1, Lívia Aniz Vieira1
1Hospital Municipal de Canoas
Introdução: Com o avanço da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), diversas manifestações da doença estão sendo descobertas a cada dia. Na obstetrícia ainda há muito o que se descobrir sobre os reais efeitos do vírus tanto na gestante quanto no concepto. No caso relatado, trazemos uma gestante que, após contrair a COVID-19 e apresentar degradação da função respiratória, evoluiu para um quadro de síndrome de HELLP com desfecho ruim. Relato de caso: Paciente gestante, de 37 anos, sem comorbidades, com idade gestacional de 28 semanas, interna na enfermaria por piora da função respiratória em 5º dia de sintomas de COVID-19, com necessidade de oxigenioterapia. Durante a internação, apresentou um pico hipertensivo e foi diagnosticada com pré-eclâmpsia, com provas de gravidade normais. No 10º dia de internação, a paciente evoluiu com piora da disfunção respiratória e foi transferida pra unidade de terapia intensiva (UTI), onde foi colocada sob ventilação mecânica. Nesse momento, observou-se piora dos exames laboratoriais (plaquetas 72.000, desidrogenase láctica — DHL 1380, transaminase oxalacética — TGO 54, leucograma normal, tempo de protrombina — TP 12,3, relação normatizada internacional — RNI 1,18, tempo de tromboplastina parcial ativada — KTTP 25) e piora dos picos hipertensivos, caracterizando uma síndrome de HELLP. Optou-se por desfecho gestacional por via alta, não houve intercorrências cirúrgicas ou sangramento aumentado. No pós-operatório, a paciente permaneceu com útero bem contraído e sem picos hipertensivos, mas com dificuldade de melhora da disfunção respiratória. Novos laboratoriais coletados 6 horas após a cesariana apontaram piora principalmente do coagulograma e da função hepática, com plaquetas 78.000, ácido úrico 9,3, creatinina 2,09, leucograma normal, DHL 2232, TGO 789, TP 18,8, RNI 1,8 e KTTP 36,1. Como as plaquetas estavam se mantendo acima de 50.000 e a paciente nesse momento não tinha sangramento aumentado, não houve necessidade de transfusão. Dezesseis horas após a cesariana, a paciente evoluiu com parada cardiorrespiratória e foram iniciados os protocolos de ressuscitação, sem sucesso, sendo declarado o óbito. Durante a parada, ela apresentou sangramento vaginal aumentado e sangramento volumoso pelo tubo orotraqueal, suspeitando-se de coagulação intravascular disseminada (CIVD). O anatomopatológico placentário mostrou a presença de infartos isquêmicos e corioamnionite aguda. Conclusão: No caso relatado observamos a rápida piora de um quadro de síndrome de HELLP em uma paciente sem comorbidades que, até o momento da internação por COVID-19, apresentava-se normotensa e com exames normais. A relação entre a infecção pelo novo coronavírus e a síndrome de HELLP tem-se tornado mais evidente e sido relatada em alguns estudos. As alterações laboratoriais típicas da síndrome de HELLP também são percebidas em paciente não gestantes com quadro graves de COVID-19, incluindo plaquetopenia e piora da função hepática. O quadro de CIVD pode ser uma complicação grave de ambas as patologias. Portanto, em pacientes como esta, o somatório das duas patologias pode contribuir para a degradação mais rápida do quadro e a piora do desfecho clínico e obstétrico.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311200
Relato de caso: rotura hepática espontânea associada à síndrome HELLP
Antonio Paulo Lafayette Stockler da Cruz Nunes1, Ivan Penaloza Toledano1, Tais Vieira Ribeiro1, Priscilla Gilvaz Pontes1, Luciana Lizak Bestle Pereira1, Helder Dotta da Gama1
1Clínica da Saúde da Mulher
Introdução: A pré-eclâmpsia ocorre em cerca de 10% de todas as gestações. É doença complexa, que pode ocasionar disfunção de órgãos e grande severidade. A síndrome HELLP pode complicar 10-20% dos casos de pré-eclâmpsia e é caraterizada pelo aumento de transaminases, plaquetopenia e hemólise. A taxa de mortalidade varia de 2 a 3%, porém pode chegar a 59-62% quando associada a rotura hepática, e geralmente ocorre no terceiro trimestre de gestação. A rotura hepática é rara e sua incidência na literatura varia entre 1:45.000 e 1:225.000 partos. Decorre da lesão endotelial grave e da vasoconstrição típicas da pré-eclâmpsia, que provocam depósitos de fibrina no interior dos vasos periportais, culminando com congestão hepática massiva, necrose e hematomas subcapsulares. Relato do caso: Paciente P.S.O.A., 36 anos, GIV PII CII, com passado de pré-eclâmpsia grave precoce em duas gestações, com parto prematuro com 30 semanas com iminência de eclâmpsia e neomorto por prematuridade extrema em parto com 24 semanas, com crescimento intrauterino restrito e oligo severa. A investigação de trombofilia evidenciou deficiência de proteína S funcional. A paciente iniciou o pré-natal com o uso de AAS e enoxaparina. Os exames laboratoriais seriados no pré-natal não evidenciaram pré-eclâmpsia ou alterações fetais. Com 36 semanas, apresentou epigastralgia, cefaleia e pressão arterial de 160x100 mmHg, e a avaliação fetal de emergência não mostrou alterações ao
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311201
Relato de caso: síndrome da encefalopatia posterior reversível em gestante
Rebeca Rodrigues e Rodrigues1, Lívia Aniz Vieira1, Gessica Haubert1, Mariane Faccin Beust1
1Hospital Municipal de Canoas
Introdução: A síndrome da encefalopatia posterior reversível (PRES) pode acometer pacientes gestantes com hipertensão arterial aguda, pré-eclâmpsia ou eclâmpsia. É caracterizada por distúrbios visuais, cefaleia, convulsões e encefalopatia que decorrem da presença de edema cerebral vasogênico reversível, especialmente no lobo occipital. Os sintomas aparecem na ausência de pródromos e progridem rapidamente. A identificação precoce da PRES é fundamental para o desfecho favorável do quadro clínico. Relato de caso: Paciente de 38 anos, gestante, com idade gestacional de 29 semanas e 6 dias, sem comorbidades, chega à emergência obstétrica do hospital trazida pelo serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU). De acordo com a equipe do SAMU, tinha sido encontrada caída no chão, sonolenta e envolta em vômito. Ao exame físico, encontrava-se torporosa (grau 13 na escala de coma de Glasgow), hipertensa (com pressão arterial aferida de 170/120 mmHg), com vitalidade fetal preservada e sem alterações ao exame físico obstétrico. Foram coletados exames, realizou-se a estabilização da pressão arterial com anti- hipertensivos e iniciou-se infusão de sulfato de magnésio por suspeita de pré-eclâmpsia. Os resultados dos exames confirmaram essa suspeita. A paciente foi submetida a ressonância magnética (RM) de crânio, que revelou áreas córtico-subcorticais de hipersinal T2 e FLAIR nos lobos occipital e parietal bilateralmente, bem como na região nucleocapsular esquerda, compatíveis com zona de edemas vasogênicos causados por PRES. A gestante foi submetida à cesariana no mesmo dia e o procedimento não teve intercorrências. O recém-nascido precisou de cuidados na unidade de terapia intensiva. A paciente permaneceu 15 dias internada realizando ajustes da medicação anti-hipertensiva e recebeu alta em boas condições clínicas, com melhora do quadro neurológico, lúcida e orientada no tempo e no espaço e com controle pressórico adequado. Conclusão: O PRES é uma síndrome rara, que pode não ser diagnosticada rapidamente. A fisiopatologia da PRES tem sido estudada extensivamente, e entre as teorias que mais se destacam estão a vasogênica e a citotóxica. A avaliação clínica, somada aos achados radiológicos, é a chave para o diagnóstico. Pacientes com fatores predisponentes e alterações agudas do nível de consciência, convulsões ou alterações visuais devem ser submetidos à RM de crânio. As lesões associadas a essa síndrome são tipicamente hiperintensas nas imagens ponderadas em T2 e isointensas à substância cinzenta normal em imagens isotrópicas de DW, indicando a presença de edema vasogênico. Contudo, na maioria dos casos a PRES não está associada a espasmo de grandes vasos. O tratamento é baseado na retirada ou controle do fator causal. O caso descrito teve como fator desencadeante o aumento súbito da pressão arterial causado pela pré-eclâmpsia grave. Após a resolução da gestação e o controle pressórico, a paciente teve boa evolução e recebeu alta recuperada.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311202
Relato de caso: aborto espontâneo com placenta retida e suspeita de acretismo placentário
Bruna Brandão de Oliveira1, Bianca do Carmo Schorr1
1Hospital da Mulher Heloneida Studart
S.N.S., 28 anos, G8P2A5, idade gestacional 19 semanas, foi atendida na emergência do Hospital da Mulher Heloneida Studart em 7 de abril de 2021 queixando-se de sangramento vaginal com quadro de abortamento em curso. Expeliu feto masculino com 250 g de peso e 23 cm de comprimento e teve a placenta retida. Foi submetida a curagem e wintercuretagem (WC), com placenta sem plano de clivagem e difícil extração, sendo questionado acretismo placentário. Após vigilância clínica, em bom estado geral e diminuto sangramento vaginal, a paciente recebeu alta em 8 de abril de 2021 e retornou um dia após com queixa de febre. Na reinternação, realizou ultrassonografia transvaginal que evidenciou endométrio espessado compatível com restos ovulares e endometrite. Foi iniciada clindamicina associada a gentamicina e realizou-se nova WC, sem intercorrências. Nos dias subsequentes foram realizadas novas ultrassonografias. Uma sugeriu restos ovulares e outra revelou material de cavidade uterina compatível com doença trofoblástica gestacional. Solicitou-se gonadotrofina coriônica humana beta (beta-HCG) e propôs-se vídeo-histeroscopia diagnóstica, que foi adiada pela possibilidade de infecção intrauterina. Na véspera do procedimento, a paciente evoluiu com choque hemorrágico e foi submetida a histerectomia abdominal total, sendo o útero enviado para anatomia patológica. Na peça cirúrgica, visualizou-se característica compatível com placenta acreta (resultado do histopatológico previsto para 19 de maio de 2021).
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311203
Resgate do ácido folínico durante tratamento de neoplasia trofoblástica gestacional de baixo risco com metotrexato: qual a dosagem ideal?
Juliana Gomes Poli1, Antonio Rodrigues Braga Neto2, Gabriela Paiva2, Jorge Fonte Rezende Filho2, Joffre Amim Junior2, Fernanda Freitas2
1Universidade Federal Fluminense
2Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) é um tumor singular, pois surge do tecido gestacional, e é altamente curável na maioria das pacientes utilizando-se apenas quimioterapia (QT). A QT por agente único, capaz de curar 80% das pacientes com NTG e a mais utilizada no Brasil, é o esquema de oito8 dias, sendo o metotrexato (MTX) administrado nos dias 1, 3, 5 e 7 e o ácido folínico (AF) nos dias 2, 4, 6 e 8. O uso do AF visa diminuir os efeitos colaterais do MTX. Entre os protocolos que utilizam oito dias de MTX para o tratamento de NTG, temos dois esquemas de AF mais utilizados no Brasil: a dose de 0,1 mg/kg (habitualmente feita via intramuscular ou fracionando-se os comprimidos) e a dose fixa de 15 mg (utilizando-se a apresentação comercial brasileira nessa posologia, sem necessidade de ajuste). Contudo, há preocupação sobre se maiores doses de AF diminuem o efeito do tratamento com MTX, podendo diminuir a taxa de remissão ou aumentar a ocorrência de recidiva. O presente estudo descreve os resultados de paciente brasileiras com NTG de baixo risco tratadas com esquema de MTX em oito dias e os dois esquemas de AF. Objetivo: Comparar os desfechos das pacientes com NTG de baixo risco tratadas com esquema de MTX em oito dias, com dois regimes de resgate com AF. Pacientes e métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva de pacientes atendidas no Centro de Referência em NTG da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2000 e dezembro de 2019, com diagnóstico de NTG de baixo risco e tratadas com MTX no esquema de oito dias e AF nas duas doses: 0,1 mg/kg e dose fixa de 15 mg. Resultados: Das 667 pacientes com NTG de baixo risco incluídas no estudo, 323 foram tratadas com AF na dose de 0,1 mg/kg e 142 com AF na dose fixa de 15 mg. Ambos os grupos foram comparáveis no perfil clínico, porém diferiram nos níveis de gonadotrofina coriônica humana (hCG) pré-tratamento e no escore de risco da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). Apesar disso, não houve diferença na taxa de remissão, embora a dose de AF de 0,1 mg/kg tenha apresentado maior número de ciclos de QT para remissão, maior necessidade de atrasar a QT em razão da toxicidade e maior tempo para remissão. Apesar de a regressão logística ter mostrado que as duas doses de AF não foram fatores preditivos para a remissão, a regressão multivariada de Cox mostrou que o AF na dose de 0,1 mg/kg esteve significativamente associado com maior tempo para a remissão. Conclusão: O uso da dose fixa de AF não modificou a taxa de remissão primária, recidiva ou morte das pacientes com NTG de baixo risco. O uso da dose fixa é prático (não sendo necessário fracionar o comprimido), reduz as idas à unidade de saúde (pois dispensa a aplicação intramuscular), pode ser feito em casa, é igualmente seguro e pode ser o regime de escolha no esquema de tratamento da NTG de baixo risco com MTX.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311204
Resultados perinatais nos extremos de idade reprodutiva
Isabel Maria Santos Lacerda1, Lia Keiko Sousa Shimamura1, Célia Regina da Silva1, Julie Teixeira da Costa1, Nathalia Fonseca de Farias Rosa1, Denise Leite Maia Monteiro1
1Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Introdução: A prematuridade é um desafio para a sociedade, com maior frequência nos extremos da idade reprodutiva. Encontra-se relacionada com diferentes fatores, especialmente com o baixo peso ao nascer (BPN). Essas condições perinatais estão diretamente envolvidas em questões socioculturais e de saúde pública e implicam riscos de vida para as mães e seus bebês. Objetivo: Análise da taxa de prematuridade e BPN entre mães adolescentes e mães ≥35 anos no ano de 2018. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes das faixas etárias 10-14, 15-19, 35-39, 40-44 e ≥45 anos foram comparadas com mães entre 20 e 34 anos (grupo controle). Excluíram-se as informações dos registros do SINASC relativas a idade gestacional inferior a 22 semanas e idade ignorada e calculou-se a frequência de prematuridade em cada grupo etário. Resultados: O total de nascidos vivos (NV) em 2018 foi 2.944.932, sendo a frequência de NV de 15,5% em mães adolescentes (10-19 anos) e igual em mães com gravidezes tardias (≥35 anos). A prevalência de partos prematuros nos grupos de 10- 14 anos foi 17,7%, de 15-19 anos (12,3%), 20-34 anos (10,3%), 35-39 anos (12,9%), 40-44 anos (15%) e ≥40 anos (19,7%). A prevalência de BPN nesses mesmos grupos etários foi de 13,3; 9,4; 7,9; 10,3; 9,8; 11,7; 18,3%, respectivamente, em 2018. Ao se comparar a chance de prematuridade, meninas de 10-14 anos têm 88% a mais de chance de bebês prematuros que o grupo controle e aquelas de 15-19 anos apresentam chance 22% maior . No grupo de 35-39 anos, a chance de prematuridade foi 29% maior . No de 40-44 anos, foi 54% maior , enquanto gestantes ≥45 anos apresentam 114% a mais de chance de prematuridade . No que se refere ao BPN, meninas de 10-14 anos têm chance 81% maior do que o grupo controle e as de 15-19 anos têm chance 22% maior . No grupo de 35-39 anos a chance de BPN foi 28% maior , no de 40-44 anos o aumento de chance foi de 56% e o grupo com idade ≥45 teve chance de BPN 139% maior . Conclusão: A frequência de gravidez tardia é crescente e, no ano de 2018, igualou-se percentualmente à frequência de gravidez na adolescência. A prematuridade e o BPN relacionam-se, com maior chance de ocorrência desses eventos entre mães de 10-14 anos, número este que é ultrapassado quando a idade materna é de 45 anos ou mais.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311205
Sífilis e gestação: um desafio ainda nos dias atuais
Mariana Pessanha Wagner de Azevedo1, Luiz Alberto Martins de Castro2, Sarah Almeida Rifan2, Bruno de Almeida Castro Soares2, Camila Fleckner Navarro Rodrigues Caldas2, Paula Loureiro Meireles Ávila de Morais2
1Universidade Iguaçu
2Hospital São José do Avaí
Introdução: A sífilis é uma patologia cujo agente etiológico é o Treponema pallidum, que tem entre suas formas de transmissão a vertical. Trata-se de uma patologia com tratamento acessível, efetivo e eficaz, mas que ainda representa um desafio para a saúde pública. Relato de caso: Paciente primigesta, com idade gestacional de 35 semanas e 2 dias (calculada por meio de ultrassom tardio), chega à maternidade relatando fortes dores em baixo ventre e refere não perceber movimentação fetal há dois dias. Também diz ter realizado um ultrassom há três dias, sem alterações. Nega comorbidades ou qualquer uso de medicação. Ao ser analisado o cartão do pré-natal, constatou-se tipo sanguíneo e fator Rh O+, apenas duas consultas de pré-natal, com uma rotina incompleta, e testes rápidos para sífilis e vírus da imunodeficiência humana (HIV) negativos. Ao exame físico não demonstrava alterações. Atividade uterina: uma contração, de duração de 20 segundos, em 10 minutos de exame. Tônus uterino normal. Fundo uterino de 31 cm, batimentos cardíacos fetais (BCF) não auscultados ao exame e movimentação fetal não percebida. Ao toque vaginal: colo mediocentralizado, dilatado 2 a 3 cm, apagado em cerca de 80%, feto cefálico, -2 De Lee. Foi solicitado um ultrassom obstétrico, que evidenciou ausência de BCF e índice de líquido amniótico normal, com idade gestacional de 34 semanas e 2 dias. A plantonista solicitou teste rápido para sífilis e um estudo laboratorial de doenças venéreas (VDRL). Após a realização do teste rápido, foi evidenciado um resultado positivo no teste rápido de sífilis. Após aproximadamente 10 horas de trabalho de parto, houve a expulsão fetal, com posterior dequitação espontânea. O ato ocorreu sem intercorrências. O resultado do VDRL mostrou a proporção de 1:4.096, e prescreveu-se para essa paciente penicilina benzatina, três doses. A paciente, após três dias da expulsão fetal, recebeu alta. Conclusão: É possível observar a importância de um pré-natal bem realizado, com a devida realização dos exames, para o diagnóstico e o tratamento precoce. A sífilis é uma patologia de etiologia conhecida e amplamente estudada, atualmente de fácil diagnóstico e tratamento bem estabelecido, mas que ainda nos dias atuais é um desafio de saúde pública no país em que vivemos. É de extrema relevância o adequado rastreio dessa patologia para a prevenção de desfechos maternos e fetais negativos.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311206
Síndrome da transfusão feto-fetal — diagnóstico, tratamento e complicações: relato de caso
Marcos Vinícius Freitas de Souza1, Sabrina Carpanez Veiga1, Ana Claudia de Assis Capanema Braga1
1Maternidade Odete Valadares
Introdução: As anastomoses vasculares placentárias que conectam as circulações fetais estão presentes nas gestações monocoriônicas e podem levar ao desenvolvimento de complicações graves, como a síndrome de transfusão feto-fetal (STFF). O tratamento objetiva separar as duas circulações, e o mais realizado é a coagulação a
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311207
Gabriela Effting Crema1, Amanda Roepke Tiedje1, Mariana Schmidt Vieira1, Bianca Ruschel Hillmann1, Erica Elaine Traebert Simezo1, Alberto Trapani Junior1
1Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: Algumas mulheres podem apresentar secreção mamilar sanguinolenta durante os primeiros dias de lactação. A Síndrome de
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311208
Síndrome de Wolff-Parkinson-White e gestação: um relato de caso
Jefferson Torres Nunes1, Joao Rafael Coelho Marques1, Daniel Victor Silva Soares1, Alysson Castilho dos Santos1
1Universidade Federal do Piauí
Introdução: A síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) incide em aproximadamente uma a cada 2 mil pessoas. Na fisiologia normal do coração, o estimulo sinusal é transmitido ao nó atrioventricular por vias intermodais, no feixe de His ocorre um atraso na transmissão do sinal para as fibras de Purkinje, para que o ventrículo contraia após o átrio. Na WPW a fisiopatologia recai sobre a condução do ritmo sinusal por uma via acessória (VA) que conduz o sinal mais rapidamente que o feixe de His e as fibras de Purkinje, entretanto essa VA pode não produzir a transmissão do sinal e o paciente pode apresentar WPW oculta. O portador dessa síndrome pode ser assintomático ou estar sujeito a taquiarritmia supraventricular paroxística (TSVP), taquiarritmia ventricular, fibrilação atrial, sinais de desequilíbrio hemodinâmico e óbito. No caso de uma gestação, a mulher encontra-se em um estado de modificações cardiovasculares e de alterações hormonais significativas. Relato de caso: Gestante de 26 anos, caucasiana, em união estável, portadora da WPW, com história de recorrentes atendimentos em urgência em decorrência de instabilidade hemodinâmica, com muitas internações em centro de terapia intensiva, apresenta-se em urgência obstétrica de um hospital público com orientação cardiológica para a interrupção da gestação em 37 semanas com o objetivo de preservar a paciente após adequada avaliação de vitalidade fetal. A conduta foi resolutiva, com um parto cesáreo seguido de laqueadura tubária, sob raquianestesia e sem intercorrências. Conclusão: Gestantes portadoras de síndrome WPW, com sintomatologia recorrente, sujeitas a complicações durante a gravidez e parto, apontam para a importância da interrupção a termo. As doses anestésicas foram reduzidas para a redução do risco de taquiarritmias e não foi utilizada morfina. Houve também a preparação de toda a equipe médica e a disposição de material adequado, como cardioversor, embora não tenha havido necessidade de seu uso. O procedimento foi realizado o mais brevemente possível, sem prejuízo à técnica operatória. A laqueadura tubária foi realizada logo após a rafia do útero, seguindo as exigências da Lei 9.263/1996.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311209
Síndrome em espelho associada a síndrome de Beckwith-Wiedemann fetal: um relato de caso
Maria Eduarda Araújo Machado da Rocha1, Andrey Luis de Oliveira Gonçalves Dias1, Nilson Ramirez de Jesus1
1Hospital Universitário Pedro Ernesto, Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Introdução: A síndrome em espelho (SE) é uma condição materna rara, definida pela tríade hidropsia fetal, hidropsia placentária e edema materno generalizado. Neste relato, descrevemos um caso de SE associada à síndrome de Beckwith-Wiedemann (SBW), uma anomalia congênita rara. Foi atribuída a expressão “síndrome em espelho” pelo fato de o edema materno refletir o edema fetal. Pode ocorrer em qualquer período da gravidez, mas é mais comum no final do segundo e no início do terceiro trimestre. Está associada a elevada morbimortalidade materna e perinatal. Sua etiopatogenia é variada, e a maioria dos casos é atribuída a malformações fetais, tumores placentários e fetais. Outras etiologias são: isoimunização, síndrome de transfusão feto-fetal e infecções virais, como citomegalovírus e parvovírus B19. Relato: Gestante, 23 anos, G2 PN1, sem comorbidades, com 18 semanas e 5 dias, referia edema de membros inferiores, aumento do volume abdominal, dispneia aos médios esforços de início nas duas semanas anteriores e elevação da pressão arterial. A primeira ultrassonografia (USG) obstétrica, com 13 semanas e 2 dias, mostrou translucência nucal de 5 mm. USG externa realizada na semana anterior à internação evidenciava hidropsia feto-placentária associada a sinais de ascite materna. A paciente chega ao serviço em regular estado geral, em anasarca, apresentando edema de membros inferiores bilateral 3+/4+, ascite e pressão arterial de 150x90 mmHg. Proteína urinária de 1.201 mg em 24 horas. Grupo sanguíneo B Rh+. Pelo alto risco de morbimortalidade materna, optou-se pela interrupção terapêutica da gestação. O abortamento foi induzido com misoprostol e ocorreu expulsão de feto morto empelicado e placenta apresentando numerosas vesículas, que foram enviados à anatomia patológica. A paciente recebeu alta, assintomática, após sete dias. Laudo histopatológico: displasia mesenquimal placentária, feto hidrópico do sexo feminino exibindo fenótipo compatível com SBW com hérnia umbilical, rim direito pélvico, hepatomegalia acentuada, útero bicorno e intestino curto. Conclusão: A SE configura entidade de difícil diagnóstico e alta mortalidade materno-fetal. O diagnóstico precoce faz-se importante visando identificar causas reversíveis que, adequadamente tratadas, podem evoluir para a melhora do quadro materno-fetal, com manutenção da gravidez. No caso apresentado, o tratamento empregado foi a interrupção terapêutica da gestação, por se tratar de etiologia fetal irreversível com sinais de gravidade maternos. A associação da SBW com SE materna é extremamente rara. A SBW é uma condição congênita rara, com incidência aproximada de um caso para 13.500 nascidos vivos. O diagnóstico, em geral, é realizado no período pós-natal, por meio dos seguintes achados: macroglossia, gigantismo, onfalocele, visceromegalia, entre outros. A SBW é causada pela desregulação em genes do
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311210
Tradição finlandesa como modelo de contribuição da sociedade civil para o binômio mãe-bebê no Sul do país durante a pandemia
Adriani Oliveira Galão1,2, Fernanda Dias Silva2,3, Aline Petracco Petzold3,4, Marcelle Martinez Loureiro2,3, Fernanda Paixão Etchepare3, Deise Maria Ramos Cunha3
1Hospital de Clínicas de Porto Alegre
2Universidade Federal do Rio Grande do Sul
3Hospital Materno Infantil Presidente Vargas
4Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Introdução: Na década de 1930 a Finlândia tinha elevada mortalidade infantil. Para melhorar a saúde materna e infantil e proporcionar a todas as crianças um começo de vida igual, independente de classe social, o governo do país adotou na sua política a distribuição, para as puérperas, de caixas de papelão com itens básicos para a saúde materno-infantil, como roupas, lençóis e itens de higiene. Estas caixas também serviam de berço nos primeiros meses de vida do bebê. O governo, acreditando na importância do acompanhamento médico nesse período, vinculou o recebimento da caixa ao compromisso de revisitar a equipe de saúde. Após a introdução da caixa do bebê com esses itens de proteção, a realidade da saúde finlandesa mudou — a taxa de mortalidade infantil e a mortalidade materna diminuíram consideravelmente. Assim, a Associação de Amigos do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (AHMI) adotou a ideia finlandesa como forma de proteção para a saúde materno infantil durante a pandemia da COVID-19. Objetivo: Identificar as puérperas em situações de vulnerabilidade social e prestar assistência às suas famílias, com a entrega de caixas de papelão com inúmeros insumos como forma de assistência e de incentivo ao acompanhamento dos bebês no hospital. Materiais e métodos: Desde setembro de 2020, aplica-se um questionário a todas as puérperas do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. Discriminam-se as pacientes mais vulneráveis, aptas a receber as caixas de maternidade que complementam as necessidades familiares. A análise estendeu-se até janeiro de 2021. Resultados: Foram entrevistadas 811 pacientes, das quais 290 foram consideradas vulneráveis e encaminhadas para o recebimento da caixa maternidade com produtos de higiene para mãe e bebê, roupas e fraldas. Foram distribuídas 259 caixas maternidade e 430 cestas básicas de alimentação. Apesar do convite para retirarem as doações, 10,6% das pacientes não compareceram. As pacientes atendidas pelo projeto já saem com a consulta de retorno para o bebê marcada na alta hospitalar. Mediante o retorno com carteira de vacinação da criança em dia, faz-se a entrega de mais produtos como forma de incentivo ao cuidado com a saúde. O retorno para a consulta de 30 dias do bebê foi somente de 41,6%. Conclusão: A replicação desse modelo possibilitou uma forma concreta e importante de contribuição da sociedade civil às famílias mais vulneráveis na pandemia. Este projeto poderá ser ampliado e servir de exemplo para a política de saúde pública. Mesmo com a proposta de nova doação, os retornos dos bebês para um atendimento no hospital ficaram muito abaixo do esperado, o que demonstra um grande espaço para melhorias nesse cuidado após o nascimento. É um momento oportuno de orientações de saúde a essas famílias, que poderá futuramente impactar a morbimortalidade infantil e as taxas de vacinação da cidade.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311211
Tratamento da gravidez molar pela técnica de aspiração manual intrauterina: aspectos técnicos e táticos
Lilian Padrón, Gabriela Paiva1, Marcio Barcellos1, Joffre Amim Junior1, Jorge Fonte de Rezende Filho1, Antonio Braga1
1Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A gestação molar representa o espectro benigno da doença trofoblástica gestacional (DTG), gravidez anormal caracterizada pela fertilização anômala do oócito. O tratamento da gestação molar é o esvaziamento uterino por aspiração a vácuo elétrica ou manual. A aspiração elétrica não tem sido amplamente utilizada em muitos países, nem no Brasil, pois inúmeras condições de ordem legal, religiosa e econômica impedem o acesso ao equipamento de aspiração elétrica. No Brasil, a maioria dos centros de referência em DTG não realiza vácuo-aspiração elétrica, sendo a gestação molar tratada com aspiração manual intrauterina (AMIU) em cerca de 70% dos casos. O objetivo deste relato é apresentar os pormenores da AMIU para o tratamento da gravidez molar de forma segura e exitosa. Relato do caso: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (número: 4.555.188). Paciente de 28 anos, IIG IP, com 12 semanas de gestação, que apresentava sangramento transvaginal, útero aumentado para idade gestacional, gonadotrofina coriônica humana (hCG) de 178.678 UI/L e ultrassonografia transvaginal sugestiva de gestação molar, foi encaminhada ao Centro de Referência de DTG da UFRJ. No tratamento da gravidez molar pela AMIU, recomendam-se duas estratégias importantes: ter duas seringas de aspiração, o que torna o procedimento mais rápido, e realizar a dilatação cervical com as próprias cânulas plásticas, minimizando o risco de perfuração. A orientação por ultrassonografia durante o procedimento auxilia no monitoramento do esvaziamento uterino, evitando a perfuração uterina e garantindo o completo esvaziamento. A dilatação cervical deve começar com uma cânula número 4 e prosseguir para a cânula número 7 para úteros menores que 12 centímetros, deixando cânulas 8 (ou excepcionalmente 10) para úteros maiores que a idade gestacional. Uma vez que a seringa é preenchida, ela deve ser removida do útero, entregue ao assistente, que retorna uma nova seringa a vácuo vazia ao cirurgião. Quando o conteúdo coletado na seringa se torna rosa e bolhoso, é sinal de que a cavidade uterina está vazia. É recomendada curetagem cuidadosa para remover qualquer remanescente trofoblástico aderido e evitar a necessidade de um segundo esvaziamento. No caso relatado, a cavidade uterina foi ainda avaliada por histeroscopia para atestar seu completo esvaziamento pela técnica de AMIU. O material molar aspirado deve ser lavado com soro fisiológico, removendo-se os coágulos sanguíneos. O tecido deve ser colocado em formaldeído tamponado a 10%. Conclusão: Este relato mostra que a técnica de AMIU é equivalente à aspiração elétrica para o esvaziamento molar e pode ser empregada com segurança em locais onde o equipamento elétrico não está disponível. É método simples, eficaz e de baixo custo que pode ser uma alternativa segura para o tratamento da gravidez molar.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311212
Tratamento medicamentoso para gestantes com hipertensão arterial crônica: uma revisão sistemática
Mariana Vanon Moreira1, Júlia Abrahão Lopes1, Cecília Barra de Oliveira Hespanhol2, Aline Batista Brighenti dos Santos1
1Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora
2Universidade Federal de Juiz de Fora
Introdução: A hipertensão arterial crônica é associada com o aumento de complicações na gravidez em comparação à gestação sem essa comorbidade, destacando-se os riscos de pré-eclâmpsia (PE), restrição do crescimento fetal e parto prematuro. O tratamento farmacológico com anti-hipertensivos deve ser avaliado para controlar a doença, diminuindo a mortalidade da mãe e do bebê. Dessa maneira, é importante investigar o melhor tratamento a ser utilizado, lançando atenção à vida da gestante e do feto. Objetivo: Analisar o tratamento farmacológico direcionado às gestantes portadoras de hipertensão arterial crônica. Métodos: Em abril de 2021, foi realizada uma revisão sistemática na base de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), utilizando os descritores: “pregnancy”, “hypertension”, “antihypertensive agents” e suas variações, obtidas do Medical Subject Headings (MeSH). Foram incluídos ensaios clínicos controlados e randomizados (ECCR) publicados nos últimos cinco anos e na língua inglesa. Resultados: Encontraram-se 31 artigos e cinco deles foram utilizados para a confecção deste trabalho. Dois ECCR avaliaram os efeitos de fármacos no tratamento da hipertensão na gestação, levando em consideração a etnia. Envolveram 602 mulheres, utilizaram labetalol, nifedipina e metildopa em grupos separados como intervenção e um controle sem medicamento. O grupo controle demonstrou propensão a desenvolver hipertensão severa, PE, disfunção renal, alterações no ECG, descolamento de placenta e nova hospitalização (p<0,001) quando comparado aos grupos intervenção. Os neonatos do grupo controle estavam mais propensos à prematuridade e à admissão na unidade de terapia intensiva (p<0,001). Os três fármacos demonstraram capacidade de diminuir a pressão arterial (PA) nas gestantes, tendo o labetalol maior diminuição da PA diastólica nas mulheres não negras em comparação à nifedipina. Outro ECCR dividiu 987 gestantes em dois grupos, o “rigoroso”, que buscou manter a pressão diastólica em 85 mmHg, e o “menos rigoroso”, em 100 mmHg. Com base nos resultados, analisou-se o melhor direcionamento do tratamento e a influência da idade gestacional no início da terapia, e o labetalol foi o fármaco de referência. O tratamento “menos rigoroso” apresentou PA maior que a do outro grupo (p<0,001), maior chance de desenvolver hipertensão severa antes de 28 semanas de gestação e maior custo em cuidados ao neonato. O tratamento iniciado em 24 semanas teve menos bebês com peso ao nascimento inferior ao saudável (p<0,005), porém mais nascimentos prematuros (p<0,04), quando comparado o tratamento “menos rigoroso” ao “rigoroso”. Conclusão: O tratamento farmacológico é recomendado para grávidas com hipertensão arterial crônica, buscando diminuir as complicações para a gestante e para o neonato. Portanto, pode-se destacar o uso de metildopa, nifedipina e labetalol, buscando a PA mais próxima aos padrões de referência e com as prescrições dependentes da idade gestacional, etnia e necessidades da gestante.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311213
Tromboflebite pélvica séptica pós-abortamento — relato de caso
Lara de Siqueira Rodrigues1, Mariana Brandão Streit2, Bianca Carmo Schorr1, Leandro Teixeira Abreu1, Isabella Soares da Costa dos Santos1, André Luiz Clemente Beralto1
1Hospital da Mulher Heloneida Studart
2Instituto Fernandes Figueira
Introdução: A trombose de veia ovariana é um evento raro, que pode acontecer no puerpério, pós-abortamento, cirurgias pélvicas, entre outros. A apresentação clínica é bastante inespecífica, podendo manifestar-se com dor abdominal difusa e mal localizada e febre, portanto, pode entrar como diagnóstico de exclusão entre as causas de abdome agudo e infecção puerperal. Para a elucidação diagnóstica é importante a realização de exames de imagem, como ultrassonografia com
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311214
Tumor trofoblástico de sítio placentário associado a ruptura uterina: relato de caso
Daniela Angerame Yela1, Karin Anspach Hoch1, Cristina Laguna Benetti-Pinto1
1Universidade Estadual de Campinas
Introdução: O tumor trofoblástico de sítio placentário (TTSP), modalidade rara e maligna de doença trofoblástica gestacional (DTG), acomete 1/50.000-100.000 gestações e totaliza apenas 725 casos conhecidos no mundo todo. Não tem aspecto ultrassonográfico nem características clínicas patognomônicas, o que torna o diagnóstico de certeza dependente de análise patológica. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Relato do caso: Mulher de 20 anos com história de amenorreia de 17 semanas e 2 dias e exame de gonadotrofina coriônica humana (HCG) positivo. Antecedente obstétrico de dois abortos (último seis meses antes). Não apresentava alterações ao exame físico e ginecológico. O ultrassom mostrou área nodular, sólida na parede posterior do útero e o HCG era de 337 mU/mL. Assim, a paciente foi submetida a histeroscopia para exérese da área suspeita de restos ovulares. Cinquenta dias após o procedimento, retornou ao serviço com abdome agudo e choque hemorrágico. Foi submetida a laparotomia exploratória, que evidenciou rotura uterina, depois a histerectomia total e salpingectomia bilateral. O anatomopatológico identificou o TTSP. A paciente evoluiu sem intercorrências e teve alta hospitalar após cinco dias. Não se evidenciaram metástases a distância e a paciente encontrava-se clinicamente bem e com HCG negativo há 12 meses. Conclusão: O TTSP é um tumor raro e de difícil diagnóstico. O diagnóstico tardio, por sua vez, pode levar as mulheres a evoluírem para quadros com alta morbimortalidade, além de implicar piora do prognóstico. Assim, mediante a identificação de lesões intrauterinas associadas a baixos níveis de HCG, é crucial aventar a hipótese de tratar-se de uma forma rara de DTG, como o TTSP.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311215
Um olhar sobre a saúde materna no município do Rio de Janeiro: perspectivas de raça/cor
Maria Clara da Cunha Ribeiro1, Marina Andrade Chavarri Gomes1, Júlia Freire Carvalho1, Maria de Nazareth Smith Pereira da Silva1, Luciana Freire de Carvalho1
1Universidade Estácio de Sá
Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS) deve estar orientado e capacitado para a atenção integral à saúde da mulher, contemplando promoção da saúde, necessidades de saúde, controle de doenças e agravos e garantia do direito à saúde. As análises de situação de saúde são úteis para identificar desigualdades e tendências que subsidiem o planejamento, a gestão e a avaliação de políticas públicas. Objetivo: Descrever indicadores de saúde materna no município do Rio de Janeiro (MRJ) entre 1998 e 2018, sob a perspectiva de raça/cor. Método: Estudo descritivo sobre o perfil da saúde materna de residentes no MRJ entre 1998 e 2018. Com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, Sistema de Informação sobre Mortalidade e Sistema de Informação de Agravos de Notificação, analisaram-se a razão de mortalidade materna (RMM), a taxa de incidência de sífilis em gestantes, a cobertura de consultas de pré-natal e a proporção de partos cesáreos. Para a estratificação foi utilizada a variável raça/ cor, agregando as categorias pretos e pardos a fim de formar a categoria negros. A construção dos indicadores foi realizada com auxílio do
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311216
Uso de terapias complementares para alívio da dor no trabalho de parto em uma maternidade pública: um estudo descritivo
Mariana Quintela Rodrigues Pereira1, Beatriz Gonçalves Rodrigues1, Eduardo Oliveira Figueiredo1, João Pedro Moreira Gonzalez Silva1, Amanda Damian Marques1, Helton José Bastos Setta1
1Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Introdução: A analgesia de parto é um direito de toda mulher e oferecê-la é essencial conforme as boas práticas médicas na assistência ao parto. Há evidências de que a redução da dor impede o aumento exagerado da frequência cardíaca e da pressão arterial maternas. Sob esse panorama, as terapias complementares para alívio da dor (TCAD) no parto, como deambulação, cromoterapia, banho de aspersão, massagem, musicoterapia, bola suíça e aromaterapia, recebem destaque na assistência obstétrica humanizada. Alternativamente aos métodos farmacológicos, as TCAD apresentam a vantagem de não oferecerem tantos efeitos adversos e contraindicações. Além disso, essas técnicas permitem maior autonomia e postura ativa da mulher, elencando seu protagonismo no trabalho de parto. Objetivo: Avaliar o uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto em uma maternidade. Métodos: Trata-se de estudo descritivo transversal, em que foram incluídas 96 parturientes de uma maternidade pública do Rio de Janeiro, realizado no período de agosto a novembro de 2019. As variáveis analisadas foram o uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e o tipo de método adotado. Foram utilizados, para tabulação de dados e análises estatísticas, os programas Microsoft Office Excel e R, respectivamente. Resultados e conclusão: Observou-se que em 85% (n=82) dos partos houve uso das TCAD, enquanto em 15% não houve (n=14). As três TCAD mais utilizadas, em ordem de frequência, foram: banho de aspersão (70,45%), deambulação (67,04%) e técnicas de respiração (46,6%), seguidas de massagem (10%), penumbra (8%), musicoterapia (7%), bola suíça (5%) e cromoterapia (5%). A média de TCAD utilizadas por parturiente foi de 4,3. O percentual de mulheres que utilizaram de uma a três TCAD em seu parto foi de 33,38% (n=33), de quatro a seis foi de 33,33% (n=32) e de sete a 10 foi de 17,71% (n=17). Também foi realizada uma análise referente à mediana do tempo de parto, que avaliou partos que utilizaram TCAD e partos que não as utilizaram e não apresentou resultado estatisticamente relevante (valor p=0,12). Observou-se que as TCAD foram amplamente utilizadas nos partos vaginais da maternidade em questão, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a assistência respeitosa ao parto. A realização de estudos posteriores que descrevam condutas durante a assistência ao parto vaginal e seus benefícios para o trabalho de parto e para a experiência materna pode ser interessante para estimular a implementação dessas práticas em outros serviços de obstetrícia.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311217
Vídeo-histeroscopia no diagnóstico da gestação molar: mola hidatiforme completa com gonadotrofina coriônica humana normal
Lilian Padrón1, Gabriela Paiva1, Marcio Barcellos1, Joffre Amim Junior1, Jorge Fonte de Rezende Filho1, Antonio Braga1
1Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A mola hidatiforme (MH) é a forma clínica mais comum da doença trofoblástica gestacional e apresenta duas formas clínico-histopatológicas distintas: mola hidatiforme parcial (MHP) ou mola hidatiforme completa (MHC). A MHC caracteriza-se por hidropsia difusa e hiperplasia trofoblástica da superfície da vilosidade coriônica. Na maioria das vezes ocorre fertilização do oócito desprovido de material genético por um espermatozoide haploide (23X ou 23Y) que duplica seus cromossomos, resultando em diploidia androgenética. O diagnóstico da MHC é comumente feito pela ultrassonografia transvaginal e dosagem sérica de gonadotrofina coriônica humana (hCG). Relato de caso: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética — CAAE: 35790620.4.0000.5275). Paciente de 50 anos, IIG IP, com sangramento uterino anormal, realizou ultrassonografia transvaginal que mostrou cavidade uterina com conteúdo heterogêneo em seu interior. Dosagem sérica de hCG normal. Indicou-se histeroscopia diagnóstica, que visualizou cavidade uterina aumentada de tamanho, com coágulos em seu interior, e endométrio de aspecto decidualizado. Em parede lateral direita, presença de formação ovalada de coloração arroxeada com cerca de 2 cm. Ausência de material trofoblástico livre em cavidade uterina. À medida que o histeroscópio avançou pela fina parede dessa estrutura ovalada, foi observado abundante conteúdo, formado de múltiplas vesículas hidatiformes, alongadas e translúcidas e ausência de estruturas embrionárias, sugerindo MHC. Com base nos achados histeroscópicos, a paciente foi submetida a aspiração a vácuo para remoção do tecido molar. Após o esvaziamento uterino, nova avaliação histeroscópica foi realizada para garantir a completa remoção do tecido trofoblástico e evitar o risco de 15% de retenção desse tecido, causando mais sangramento e a necessidade de aspiração uterina adicional durante o acompanhamento pós-molar. Diante da suspeita clínica de MHC, realizou-se nova dosagem de hCG, com diluição da amostra sérica, com resultado de 2.240.000 UI/L — o resultado anterior normal deveu-se ao efeito Hook. O diagnóstico histopatológico/imuno-histoquímico confirmou MHC e a paciente foi encaminhada para seguimento pós-molar. Conclusão: A MH pode ser um achado incidental durante a histeroscopia para sangramento uterino anormal, principalmente nos extremos da vida reprodutiva. O conhecimento de sua morfologia durante a histeroscopia auxilia no diagnóstico e correto tratamento dessa situação clínica incomum. Neste caso, foi possível avaliar a MHC, ainda intacta, em útero não previamente manipulado. A histeroscopia, como ferramenta diagnóstica auxiliar, pode trazer benefício significativo em cenários clínicos desafiadores e diagnósticos como a MH, que devem ser prontamente reconhecidos pelo histeroscopista.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311218
Vídeo-histeroscopia no diagnóstico da gestação molar: mola hidatiforme parcial em idade gestacional precoce
Lilian Padrón1, Gabriela Paiva1, Marcio Barcellos1, Joffre Amim Junior1, Jorge Fonte de Rezende Filho1,Antonio Braga1
1Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A mola hidatiforme (MH) é caracterizada por fertilização anormal e pode resultar em duas síndromes clínico-patológicas distintas: mola hidatiforme completa (MHC) ou mola hidatiforme parcial (MHP). A MHP ocorre quando um oócito haploide (23X) é fertilizado por dois espermatozoides, resultando em uma triploidia diândrica. O embrião/feto apresenta desenvolvimento anormal, com múltiplas malformações e restrição de crescimento intrauterino. A MHP apresenta sintomatologia que se confunde com o abortamento incompleto ou retido, estando o sangramento transvaginal presente em cerca de 50% dos casos. O diagnóstico é comumente feito por ultrassonografia transvaginal e dosagem sérica de gonadotrofina coriônica humana (hCG); porém, em situações especiais, a histeroscopia poderá auxiliar na diferenciação diagnóstica. Relato de caso: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética — CAAE: 35790620.4.0000.5275). Paciente com 18 anos, IIG IP, foi submetida à histeroscopia para avaliação da cavidade endometrial por aborto retido com sete semanas de gestação. A histeroscopia foi indicada porquanto, na vigência da conduta conservadora de aborto retido, observou-se elevação do nível de hCG, que passou de 25.000 para 58.000 UI/L em quatro semanas. À avaliação histeroscópica, o embrião, o cordão umbilical e o saco gestacional onde o embrião estava confinado foram facilmente visualizados, não deixando dúvidas sobre a presença das estruturas extraembrionárias. Contudo, observou-se aparente anomalia esquelética em membros inferiores, sugestiva de triploidia (posteriormente confirmada pela avaliação do cariótipo). Avançando o histeroscópio em direção ao córion frondoso, foi possível a visualização de múltiplas vesículas hidatiformes, de diminuto diâmetro, sugestivas de MH. A paciente foi então submetida a esvaziamento uterino por vácuo-aspiração, e o material foi enviado para patologia. Após análise histopatológica/ imuno-histoquímica/ citogenética, confirmou-se o diagnóstico de MHP e a causa da morte embrionária, mercê de sua triploidia. Conclusão: Pacientes com MHP e idade gestacional precoce são tipicamente assintomáticas, o que dificulta o diagnóstico, muitas vezes confundido com aborto retido. O monitoramento cuidadoso dos níveis de hCG nas pacientes submetidas à conduta expectante para o aborto retido é importante para excluir caso de MHP, pois o aumento dos níveis séricos de hCG vão sugerir a ocorrência de MH. Neste caso, embora a ultrassonografia não tenha sido altamente suspeita para gravidez molar, a histeroscopia mostrou a presença de vesículas hidatiformes e orientou a estratégia cirúrgica para o esvaziamento uterino por vácuo-aspiração. A gravidez molar pode ser um achado durante a vídeo-histeroscopia. Conhecer sua morfologia vídeo-histeroscópica é útil para o correto diagnóstico e manejo dessa situação clínica incomum.
Palavras-chave:
https://doi.org/10.5327/JBG-0368-1416-20211311219
Violência obstétrica: onde as instituições erram?
Maria Clara da Cunha Ribeiro1, Maria de Nazareth Smith Pereira da Silva1, Júlia Freire Carvalho1, Isabella Guimarães Costa1, Luciana Freire de Carvalho1, Luciana Maria Borges da Matta Souza1
1Universidade Estácio de Sá
Introdução: Uma em cada quatro mulheres sofre alguma forma de violência durante o parto. São relatadas manobras dispensáveis, procedimentos dolorosos sem consentimento, falta de analgesia ou negligência e descaso. Esses atos conceituam-se como violência obstétrica, entendida como qualquer intervenção desnecessária dirigida à parturiente ou ao neonato, praticada sem o consentimento da mulher e/ou em desrespeito à sua autonomia e integridade física ou psicológica. Objetivo: Conhecer a literatura relacionada à violência obstétrica, conceituando os tipos de violências obstétricas institucionais. Metodologia: Revisão de literatura sobre a violência obstétrica. As bases utilizadas foram: Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). As buscas foram realizadas com os descritores: “violência obstétrica”, “violência no parto”, “complicações obstétricas”, “parto vaginal”, “episiotomia”, “manobra de Kristeller”. Foram selecionados 24 artigos de língua portuguesa, inglesa e espanhola de 2014 a 2019, de acordo com a relevância. Resultados: As principais situações institucionais vinculadas à violência obstétrica são: violência institucional nas relações de poder, com o corpo feminino, na forma de serviço e como violação de direitos. A violência institucional nas relações de poder diz respeito à submissão, passividade e obediência da mulher diante do poder histórico e cultural dos profissionais de saúde; relação de poder nas práticas discriminatórias de gênero, classe social e raça/etnia. A violência institucional com o corpo feminino mostra-se em: cesáreas eletivas e histerectomias não terapêuticas; utilização de procedimentos desnecessários como enema, tricotomia, episiotomia de rotina, posição supina na hora do parto, uso abusivo de ocitócico, manobra de Kristeller e imobilização no leito; realização de toques vaginais sem autorização e explicação prévia; desrespeito à privacidade; desrespeito à dor física e à liberdade de escolha, banalização do sofrimento; imposição, força e brutalidade na realização de procedimentos e não utilização de analgesia. A violência institucional na forma de serviço está: na burocratização do acesso aos serviços; na ausência de acolhimento; na incapacidade de atender às necessidades de forma resolutiva; na demora no atendimento; na negligência intencional da assistência; na ausência de profissionais, nas condições precárias de trabalho; e nas diferenças no atendimento do serviço privado e público. Por fim, a violência institucional como violação de direitos é vista na ausência do acompanhante e no impedimento do contato precoce entre mãe e bebê sem clínica justificável. Conclusão: A violência obstétrica é intrínseca à esfera social. Nota-se que a causa da violência advém principalmente da formação dos profissionais e da organização dos serviços de saúde. Observa-se a necessidade de investimento na formação desses profissionais para estimular a informação e a autonomia das mulheres.
Palavras-chave: